Ontem, como informamos, Apple e Google se uniram numa iniciativa inédita no combate ao Coronavírus (COVID-19).
Nestas próximas semanas, o iOS e o Android serão atualizados com novos frameworks designados para apps de saúde pública que permitirão a usuários saberem se estabeleceram contato recente com alguém que já foi infectado pelo vírus. Mas como isso acontecerá na prática? Nós, é claro, explicaremos tudo abaixo.
Tanto a Apple quanto o Google compartilharam informações técnicas sobre como esse monitoramento funcionará. Nem todo mundo, é claro, precisa saber de todos esses detalhes. Mas como essas coisas envolvem privacidade, é bom que vocês fiquem por dentro dos principais aspectos — nem que seja algo um pouco mais “macro”.
Pense no seguinte cenário: duas pessoas ficam muito próximas por alguns minutos, seja na rua, num mercado ou numa farmácia. Os seus telefones (independentemente de rodar iOS ou Android) trocam então identificadores anônimos (que mudam frequentemente), utilizando a tecnologia Bluetooth.
Alguns dias depois, uma dessas pessoas é diagnosticada com a COVID-19 e compartilha tal resultado com um app criado pela autoridade de saúde do seu país (no nosso caso, o Coronavírus – SUS).
Com o consentimento dela, o iPhone ou o Android faz upload para a nuvem dos identificadores utilizados pelo telefone nos últimos 14 dias.
A aparelho da outra pessoa da história faz download regularmente das informações (daqueles identificadores) de quem testou positivo para a COVID-19 na sua região. Nesse momento, o aparelho identifica se ela teve contato com alguma dessas pessoas nos últimos dias — tudo de forma anônima, segundo ambas Apple e Google.
Essa pessoa, então, recebe uma notificação no seu aparelho informando que ela teve contato com um alguém infectado, e depois recebe mais informações do que ela deve fazer em seguida. Legal, não? Obviamente, se tudo funcionar da maneira como as empresas explicaram.
De acordo com o episódio #94 do podcast Foro de Teresina, algo similar (não necessariamente seguindo as mesmas diretrizes de privacidade, por motivos óbvios) já foi desenvolvido na China, onde o governo monitora as pessoas utilizando o app WeChat.
Por lá, as pessoas são identificadas por cores: verde para quem não tem o vírus; amarelo para quem precisa se resguardar (ficar em casa por um período determinado); e vermelho para quem possivelmente está infectado e precisa ir ao hospital. Assim, se uma pessoa verde entra em contato com uma vermelha em algum lugar (mercado, por exemplo), ela automaticamente fica amarela e precisa enfrentar uma quarentena de 14 dias.
A iniciativa depende do cruzamento com dados médicos com a a lista de todos os casos notificados.
— Bruno Natal (@URBe) April 10, 2020
Como no Brasil o protocolo oficial é não notificar todos os casos (gerando subnotificação), a funcionalidade funcionará muito pouco por aqui. https://t.co/bgrct5iBLA
No mais, a observação do jornalista Bruno Natal é bastante relevante, uma vez que essa ferramenta só faz sentido se o país em questão estiver testando sua população num ritmo satisfatório — o que ainda está bem longe de acontecer no Brasil.