Entre as (poucas) novidades trazidas pelos novos iPads Pro, seu novo sistema de câmeras traseiras foi amplamente divulgado como um dos carros-chefes — especialmente o scanner LiDAR presente no módulo, responsável por capturar informações 3D do ambiente para melhorar aplicações em realidade aumentada (e outros propósitos).
O fato é que até agora, tirando suas informações básicas de funcionamento, não sabemos muito sobre o tal do scanner LiDAR. Pois é exatamente para isso que chegou Sebastiaan de With, membro da equipe de desenvolvimento do célebre aplicativo de câmera Halide — e que já compartilhou várias outras análises aprofundadas de elementos de hardware e software da Apple.
O artigo conta com uma análise completa do sistema de câmeras dos novos iPads Pro, incluindo uma boa olhada nas lentes “comuns” (a grande-angular e a ultra-angular) dos tablets — essas, entretanto, nós já conhecemos bem dos iPhones 11 e 11 Pro [Max]. O ponto de maior interesse aqui é o scanner LiDAR, e de With descobriu alguns detalhes deveras interessantes em relação a ele.
Para início de conversa, sim, o scanner baseia-se numa tecnologia que, no papel, é bem parecida com a que a Apple utiliza nas suas câmeras frontais TrueDepth (as responsáveis pelo Face ID e pelo Modo Retrato frontal): um componente emite pontos de luz infravermelha (portanto, invisível) e mede o tempo que esses feixes levam para chegar ao seu destino, realizando um mapa tridimensional dos seus arredores.
Há, entretanto, uma diferença fundamental entre o scanner LiDAR e a câmera TrueDepth: o primeiro é pensado para escanear cômodos inteiros, com um alcance muito maior dos feixes de luz, enquanto o segundo, embora com um nível de detalhe muito maior, é capaz de capturar informações a apenas algumas dezenas de centímetros.
A iFixit fez um experimento para comparar as duas tecnologias. Vejam como os pontos de luz do sensor LiDAR são muito mais espaçados que os do Face ID:
É por isso que, ao contrário de algumas expectativas, as câmeras traseiras do iPad Pro não suportam o Modo Retrato ou Iluminação de Retrato: simplesmente não há resolução suficiente nelas para fazer o mapeamento de um rosto ou de um objeto próximo para isso. Por outro lado, segundo de With, a Apple poderia implementar o modo na câmera traseira do novo iPad Pro simplesmente comparando as informações espaciais capturadas nas suas lentes comuns.
O desenvolvedor compartilhou uma prova-de-conceito na qual sua equipe está trabalhando: um novo aplicativo chamado Esper, que faz capturas de ambientes inteiros para reproduzi-los posteriormente em 3D:
O que ainda não está evidente é de que forma a Apple tirará proveito do scanner LiDAR. Já temos boas utilizações no aplicativo Medida, do iOS — mas nada, até o momento, que deixe as pessoas boquiabertas ou mostre o real valor da ferramenta. Será que ela virá? Para isso, teremos de esperar mais um pouco.
via 9to5Mac