Numa época de muitos protestos em diversos países, nada mais correto — se você participa de alguma dessas manifestações — do que se preocupar com a privacidade alheia e tentar, na medida do possível, preservar a identidade daqueles que estão ao seu redor. Foi pensando nisso que a startup inglesa Playground criou e lançou o app Anonymous Camera.
Usando e abusando de aprendizado de máquina, o app anonimiza fotos e vídeos, removendo informações que poderiam ser usadas de forma bem simples para reconhecer pessoas. A criação do aplicativo contou com a ajuda de jornalistas investigativos, que sempre estão em busca de uma maneira fácil de gravar imagens anônimas.
Jornalistas do The Verge testaram o app em protestos recentes (#BlackLivesMatter
) e disseram que, apesar de estar longe da perfeição, o Anonymous Camera “oferece os recursos mais abrangentes e fáceis de se usar em um aplicativo do tipo”.
Além de preservar os rostos em fotos e vídeos (desfocando, pixelando ou até mesmo bloqueando totalmente rostos/corpos inteiros — afinal, muita gente pode ser identificada por tatuagens, roupas ou coisas do tipo), o app também pode distorcer vozes em vídeos e retirar metadados incorporados automaticamente nos arquivos criados elas câmeras de telefones (incluindo a hora em que a foto ou o vídeo foi feito e, dependendo das configurações de privacidade, o local exato).
Outro diferencial importante é que o app processa todo o conteúdo em tempo real no próprio dispositivo, sem precisar utilizar servidores na nuvem (algo que poderia comprometer seu conteúdo). Além disso, o conteúdo das fotos e vídeos em seu estado original ficam muito pouco tempo disponíveis do aparelho, sendo rapidamente substituídos pelas versões anonimizadas — importante caso o smartphone seja confiscado, por exemplo.
O Anonymous Camera é grátis na App Store, mas é preciso pagar R$8 (compra única) para ter acesso à versão Pro, que faz vídeos sem marcas d’água. A Playground afirmou que todas as receitas do primeiro mês de vendas serão doadas à Black Visions Collective (ONG com sede em Minnesota) e ao coletivo de mídia Unicorn Riot (também sem fins lucrativos).