Já tratamos superficialmente desse assunto no nosso segundo compilado de novidades não comentadas pela Apple no evento de ontem, mas vale trazê-lo aos holofotes para aprofundar a situação: sim, o Force Touch morrerá no watchOS 7.
Depois de matar o 3D Touch dos iPhones, a Apple resolveu seguir o mesmo caminho com seus relógios. Uma orientação nas Diretrizes de Interface Humana do watchOS 7 deixa bem claro que a interação por toques pressionados não será mais suportada no Apple Watch:
Toque firme e toque longo. Em versões do watchOS antes do watchOS 7, as pessoas podiam tocar e pressionar a tela para realizar ações como mudar o mostrador do relógio ou revelar um menu oculto, chamado de Menu Force Touch. No watchOS 7 e posteriores, aplicativos do sistema colocarão itens de menu previamente ocultos em uma tela relacionada ou uma aba de configurações. Se seu app traz um gesto de tocar e segurar para abrir um menu oculto, considere realocar os itens deste menu para algum outro lugar.
A mudança já gerou algumas alterações em determinadas áreas do watchOS 7: o botão para limpar todas as notificações, por exemplo, agora surge no topo da lista; não é mais possível pressionar a tela para fazer a opção aparecer, como antes.
Nosso leitor Bruno Nascimento nos explicou que, em alguns casos, a Apple fez a mesma implementação do iOS, substituído o Force Touch por um toque longo na tela (é o que contece quando você quer personalizar um mostrador, por exemplo). O retorno tátil ainda existe, mas temos aquele delay maior.
Já ao visualizar os apps instalados no relógio, o toque longo não faz absolutamente nada quando a visualização está em lista; quando está em grade, os apps entram em estado de “edição” e podem ser apagados (mesmo comportamento do toque longo no watchOS 6).
Claro que ainda estamos na primeira versão beta do watchOS 7 e muita coisa poderá mudar, mas o Bruno comentou que em muitos apps não há ações disponíveis com o toque longo, e que a Apple simplesmente colocou botões/opções na parte inferior ou superior do app, indicando a ação antes realizada pelo Force Touch — quem sabe num movimento de tornar essas ações mais conhecidas, já que o Force Touch basicamente ativa um recurso escondido na interface.
Confira abaixo alguns exemplos, compartilhados pelo Bruno, que mostram novos botões indicando ações antes realizadas pelo Force Touch:
Com efeito, usuários que atualizarem para o watchOS 7 perderão totalmente o suporte ao Force Touch em seus relógios — caminho parecido ao que a Apple fez com os iPhones a partir do iOS 13.
A diferença, claro, é que o Force Touch sempre foi um elemento muito mais crucial para o Apple Watch do que o 3D Touch era no iPhone: em uma tela tão pequena como a dos relógios, ter uma camada extra de interação é um elemento importante para expandir as possibilidades da interface — e trocá-la pelo toque longo, como no iOS, pode não ser uma substituição ideal, assim como colocar mais botões.
A razão específica para a retirada ainda não está clara: nos iPhones, o 3D Touch foi retirado (presumivelmente) para tirar alguns milímetros dos aparelhos e porque o recurso não era muito utilizado, duas razões que certamente não se aplicam ao Apple Watch — ou não, já que a Maçã poderá implementar, quem sabe, uma bateria maior por conta disso.
O fato é que a tecnologia está morta e, portanto, seu hardware naturalmente não deverá estar presente no futuro “Apple Watch Series 6”. Há quem cite que a Maçã está trabalhando num leitor de digitais embutido na tela dos relógios (que conflitaria com o Force Touch), mas esses são, por ora, apenas rumores.
E os Macs?
Com a morte do 3D Touch e do Force Touch, apenas uma linha de produtos da Apple continua com alguma tecnologia sensível à pressão do toque: o Mac — ou, mais precisamente, os trackpads dos MacBooks Air e Pro.
Seguindo uma lógica básica, alguém poderia apostar que a Maçã eliminará também a tecnologia dos MacBooks em um futuro próximo. Isso, entretanto, é altamente improvável: nos seus portáteis, a sensibilidade à pressão é importantíssima para simular os cliques no trackpad — um elemento de interação que está presente desde a invenção do mouse, basicamente, e que não deverá ser substituído tão cedo.
Claro, a Apple poderia simplesmente voltar a empregar trackpads mecânicos nos seus MacBooks — o (recém-lançado) Magic Keyboard para iPad Pro tem um, e ele é ótimo. Essa hipótese, entretanto, me soaria como um passo para trás: os trackpads atuais dos MacBooks são basicamente perfeitos do jeito que são, e essa opinião parece ser compartilhada por basicamente todo o mundo tecnológico.
O que vocês acham?
via MacRumors