Após meses tramitando em “silêncio”, o imbróglio envolvendo o nível de radiação emitido por iPhones voltou a perturbar o setor jurídico da gigante de Cupertino. Desta vez, o juiz William Alsup ordenou que a Apple entregue seus testes enviados à Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos (Federal Communications Commission, ou FCC) para provar aos consumidores que esses limites estão dentro da lei.
De acordo com uma reportagem do Law3601Matéria fechada para assinantes., os demandantes (isto é, os próprios consumidores) solicitaram que o caso vá a júri, alegando que a Apple “desafiou uma decisão judicial” ao não entregar um documento fornecido à FCC antes de a agência concluir que os iPhones não representavam risco quanto à emissão de radiação.
O RF Exposure Lab, na Califórnia, testou o iPhone 11 Pro e descobriu que o gadget expõe usuários a uma Taxa de Absorção Específica (Specific Absorption Rate, ou SAR) de 3,8W/kg, sendo que o limite definido pela FCC é de 1,6W/kg. Os testes foram realizados usando as diretrizes da agência, com o telefone a 5mm de distância de um manequim projetado para simular tecido humano — caso o dispositivo esteja mais próximo, como no bolso, por exemplo, a exposição poderá aumentar ainda mais, segundo a empresa.
Ryan McCaughey, diretor técnico da Penumbra Brands (empresa com foco na segurança de dispositivos tecnológicos), comentou os resultados do laboratório:
Usuários de smartphones devem se preocupar com a exposição à radiação de RF. O teste mostra que o iPhone 11 Pro expõe potencialmente as pessoas a mais que o dobro do que a FCC considera seguro. O teste do telefone celular é auto-regulado — o fabricante fornece um telefone para um laboratório independente para teste e, se o telefone passar, a FCC aprova o dispositivo para liberação. No entanto, quando compramos um iPhone “pronto para uso” e o testamos da mesma maneira, o RF Exposure Lab descobriu que ele falha no limite de segurança da FCC.
Vale lembrar que tudo começou em agosto de 2019, quando o Chicago Tribune testou, por conta própria, a emissão de radiação em smartphones. Os resultados, é claro, preocuparam usuários, uma vez que foram maiores do que aqueles classificados como seguros pela FCC. Desde então, a Apple nega que seus dispositivos extrapolem o índice de segurança, dando início à burocracia judicial.
A Apple ainda não respondeu à solicitação da justiça, mas certamente não demorará para vermos os próximos capítulos dessa situação.
Notas de rodapé
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