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Bloqueadores de publicidade digitais

Apple passa a proibir apps que bloqueiam anúncios via VPN no iOS, mas diz que nada mudou nas suas diretrizes

Quando a Apple introduziu, no Safari do iOS 9, a possibilidade de bloquear conteúdos (nomeadamente, anúncios) dentro do navegador por meio de extensões de terceiros, usuários ao redor do mundo comemoraram com efusividade — afinal, até aquele ponto, era impossível realizar tal tarefa num sistema tão notoriamente fechado a agentes externos.

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Entretanto, com a liberação, vieram outros tipos de aplicativos: aqueles que prometem bloquear qualquer tipo de publicidade no seu iGadget, seja aquela exibida nos sites abertos no Safari ou mesmo as dos demais aplicativos do sistema — pois, como bem se sabe, uma das maiores fontes de renda de aplicativos gratuitos é, justamente, a exibição de propagandas durante o seu funcionamento.

Este tipo de aplicativo bloqueador de anúncios “bombado” funciona com base em VPNs1Virtual private network, ou rede privada virtual. — ou seja, ele instala certificados no dispositivo do usuário com uma lista de conexões a serem bloqueadas; quando um site ou aplicativo tenta estabelecer conexão com algum servidor com o propósito de exibir uma propaganda, o bloqueador automaticamente detecta este processo e o derruba, efetivamente extirpando as propagandas de todos os cantos do seu iPhone ou iPad. Este é um método de bloqueio que nada tem a ver, é bom notar, com as extensões para Safari que bloqueiam publicidade apenas dentro do navegador.

Pois bem: por anos, a desenvolvedora Future Mind fez sucesso com três (sim, três) aplicativos bloqueadores de conteúdo baseados em VPNs, como o AdBlock e o Weblock. Ao enviar uma nova versão do AdBlock para aprovação, a empresa deu de cara com um muro: a Apple rejeitou o aplicativo, afirmando que ele não seguia as diretrizes da App Store relacionadas a bloqueadores de conteúdo.

De acordo com o CTO2Chief technology officer, ou diretor de tecnologia. da Future Mind, Tomasz Koperski, a Maçã entrou em contato com a desenvolvedora para informar que não estava mais aceitando bloqueadores de conteúdo baseados em VPNs e que sua política interna agora aceita apenas o bloqueio de conteúdo dentro do Safari por meio de extensões que utilizem a tecnologia apropriada para tal; aplicativos que desrespeitem esta regra e utilizem outros métodos para o mesmo fim, como a solução VPN, não poderão mais ser atualizados.

A Apple rejeitou a atualização do AdBlock citando a regra 4.2.1 das diretrizes da App Store, que afirma que “Apps devem utilizar APIs3Applications programming interfaces, ou interfaces de programação de aplicações. e frameworks relacionados aos seus propósitos e devem indicar isto nas suas descrições”. Ou seja, segundo a Maçã — oficialmente, ao menos —, o aplicativo estava exercendo funções fora daquelas descritas oficialmente na sua página, com tecnologias também não esclarecidas.

Embora Koperski afirme que, no contato da Future Mind com a Apple, a empresa de Cupertino tenha afirmado que mudou suas políticas recentemente, a resposta oficial de Tim Cook e sua turma foi diferente. Em comunicado enviado ao 9to5Mac, a Maçã afirma que “esta não é uma nova diretriz. Nós nunca permitimos na App Store aplicativos projetados para interferir na performance ou nas capacidades de outros aplicativos”, acrescentando: “nós sempre apoiamos a publicidade como uma das muitas formas que os desenvolvedores podem ganhar dinheiro com seus apps”.

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Por enquanto, ainda não sabemos realmente se a Apple simplesmente fez vista grossa para apps como o AdBlock por anos e agora resolveu tomar uma atitude em relação a eles ou se realmente houve uma mudança interna, não-revelada, das políticas relacionadas aos bloqueadores de conteúdo. O fato é que, por agora, a Future Mind terá que deixar seus aplicativos estáticos, desatualizados, e provavelmente descontinuá-los num futuro próximo se não quiser mudar o funcionamento deles — o que não é de interesse da empresa, que afirma que seus clientes ficariam decepcionados com a mudança.

Quem está certo nessa história, afinal de contas?

Notas de rodapé

  • 1
    Virtual private network, ou rede privada virtual.
  • 2
    Chief technology officer, ou diretor de tecnologia.
  • 3
    Applications programming interfaces, ou interfaces de programação de aplicações.

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