A essa altura, não é mais novidade para ninguém que a App Store está na mira de órgãos reguladores do mundo inteiro: várias desenvolvedoras já acusaram a Apple de comportamento predatório e anticompetitivo na sua loja de aplicativos, e Tim Cook em pessoa testemunhará num inquérito do Senado dos Estados Unidos para analisar possíveis más condutas por parte da Maçã.
A Apple, entretanto, não está inerte esperando que as (possíveis) sanções cheguem: a empresa financiou um estudo [PDF] do Analysis Group, divulgado hoje, que traz números da indústria de aplicativos para argumentar que as práticas da companhia não são predatórias — na verdade, elas estariam bem na média do segmento.
O estudo começa informando que foi financiado e apoiado pela Apple, mas que as informações apresentadas são factuais e as opiniões dos especialistas são independentes. Os pesquisadores compararam as taxas da App Store com as de 38 outras lojas digitais de diversas naturezas, como o Google Play, a Amazon App Store, a Galaxy Store e as lojas de jogos da Nintendo, da Sony e da Microsoft.

Todas elas giram em torno de 30% na comissão, assim como a App Store.

Os pesquisadores foram além e levaram em conta também outros ambientes digitais de diversas categorias, como varejo, viagens, compartilhamento de caronas, delivery de comidas, venda de ingressos e serviços freelance.

Neste caso, as taxas variam significativamente: o site de artesanato Etsy, por exemplo, cobra entre 5% e 8% dos seus vendedores, enquanto o serviço de venda de ingressos StubHub fica em torno de 37%. O Audible, serviço de audiolivros da Amazon, tem uma taxa de assustadores 75% para conteúdo que não é exclusivo da plataforma.

O levantamento de dados destaca, também, que a prática da Apple — de obrigar que aplicativos distribuídos na App Store usem o seu sistema de pagamento (e as suas taxas) para compras e assinaturas internas — é padrão na indústria: Amazon, Walmart, eBay e Airbnb, por exemplo, têm regras para impedir que produtos e serviços oferecidos em suas plataformas sejam disponibilizados em outros locais.
No fim das contas, o estudo concluiu o seguinte:
Nossa pesquisa mostra que as taxas de comissão da App Store são semelhantes em magnitude às taxas cobradas por muitas outras lojas de aplicativos e marketplaces digitais. […] Muitos vendedores atualmente distribuem (ou distribuíram anteriormente) seus produtos por meio de lojas físicas. Nós percebemos que, no geral, vendedores recebem uma fatia muito menor da receita total dos seus produtos distribuindo-os por meio de lojas físicas do que por meio de marketplaces digitais.
Resta saber, agora, se o Senado dos EUA (e as desenvolvedoras) vão se convencer da argumentação. Uma coisa é certa: a Apple está sentindo o cerco se fechar à sua volta — e tentando contra-atacar das formas que puder.
via MacRumors