O reitor e vice-presidente da Apple University, Joel M. Podolny, publicou uma análise aprofundada da estrutura organizacional da companhia no Harvard Business Review — sim, existe uma “Universidade Apple”, projetada para instruir empregados da Maçã nos vários aspectos da cultura corporativa da empresa.
O artigo oferece uma visão rara sobre como a Apple organiza seus negócios para promover inovação — desde o período em que a empresa estava sob o comando de Steve Jobs, falecido cofundador e ex-CEO1Chief executive officer, ou diretor executivo. da Maçã.
Podolny falou, por exemplo, sobre quando Jobs voltou à Apple, em 1997, e demitiu todos os gerentes gerais nas diferentes divisões da empresa — colocando-a num regime mais “centralizado”.
Quando Jobs voltou para a Apple, ela tinha uma estrutura convencional para uma empresa do seu tamanho e escopo. Foi dividida em unidades de negócios, cada uma com suas próprias responsabilidades de P&L2Profit & Loss Statement, ou demonstrativo de lucros e perdas.. Os gerentes gerais administravam o grupo de produtos Macintosh, a divisão de dispositivos de informação e a divisão de produtos para servidores, entre outros. Como costuma ser o caso com unidades de negócios descentralizadas, os gerentes tendiam a brigar entre si, principalmente por causa dos preços de transferência. Acreditando que a gestão convencional havia sufocado a inovação, Jobs, em seu primeiro ano de retorno como CEO, dispensou os gerentes gerais de todas as unidades de negócios (em um único dia), colocou toda a empresa em um P&L e combinou os diferentes departamentos funcionais em um só.
Ele também explanou sobre como o atual CEO, Tim Cook, é o único funcionário em que “o design, a engenharia, as operações, o marketing e o varejo” de qualquer um dos principais produtos da Apple “se encontram” — em parte devido à forma como a empresa ainda está estabelecida.
A adoção de uma estrutura funcional pode não ter sido surpreendente para uma empresa do porte da Apple na época. O que é surpreendente — na verdade, notável — é que ela o mantém até hoje, embora a empresa seja quase 40 vezes maior em termos de receita e muito mais complexa do que era em 1998. Os vice-presidentes sêniores são responsáveis pelas funções, não produtos. Como foi o caso de Jobs antes dele, o CEO Tim Cook ocupa a única posição no organograma onde o design, a engenharia, as operações, o marketing e o varejo de qualquer um dos principais produtos da Apple se encontram. Com efeito, além do CEO, a empresa opera sem gerentes gerais convencionais: pessoas que controlam um processo inteiro, desde o desenvolvimento do produto até as vendas.
De acordo com Podolny, qualquer pessoa em uma função de liderança na empresa deve possuir três características: conhecimento profundo em tecnologia, capacidade de imersão em detalhes e vontade de debater colaborativamente.
A estrutura organizacional da Apple fez com que ela saísse de 8 mil funcionários e US$7 bilhões em receita, em 1997 (ano em que Jobs voltou), para 137 mil colaboradores e US$260 bilhões em caixa, em 2019.
Como destacado por Mark Gurman, da Bloomberg, o artigo oferece um olhar verdadeiramente fascinante sobre uma das maiores empresas do mundo. Confiram e deixem as vossas opiniões aqui!
via MacRumors
Notas de rodapé
- 1Chief executive officer, ou diretor executivo.
- 2Profit & Loss Statement, ou demonstrativo de lucros e perdas.