Depois de meses (ou anos!) de especulação, finalmente temos entre nós os primeiros Macs equipados com processadores da própria Apple — ou, mais precisamente, o chip M1, primeiro fruto da empreitada conhecida como Apple Silicon.
Tivemos três famílias de Macs atualizadas hoje (parcial ou completamente) com os novos processadores: o MacBook Air, o MacBook Pro de 13 polegadas e o Mac mini. Abaixo, concentraremo-nos no Air em mais um dos nossos tradicionais comparativos de gerações, destacando o que há de novo, o que permaneceu igual, o que poderia ter vindo e não veio e todas as adjacências.
Vamos lá?
O que mudou
A maior diferença do novo Air em relação ao seu antecessor, claro, está nas suas entranhas: saem os chips Intel de outrora e entra em seu lugar o chip M1, da própria Apple. É ele que proporciona as duas principais mudanças na nova geração dos portáteis da Maçã: performance e bateria.

Mais especificamente, o novo processador é fruto de toda a experiência obtida pela Maçã projetando os chips da série A para iPhones/iPads ao longo da última década, e traz vantagens notórias para os novos computadores.
Para início de conversa, o M1 é um SoC1System-on-a-chip, ou sistema-em-um-chip., o que significa que todos os seus principais componentes — processamento bruto, gráficos, Neural Engine, RAM2Random access memory, ou memória de acesso aleatório. — estão contidos dentro do próprio chip, tornando o design interno do computador muito mais simplificado e integrado.

A performance do M1 também é, segundo a Apple, impressionante. Naturalmente, teremos de aguardar os primeiros benchmarks e testes de uso real para comprovarmos as afirmações, mas a Maçã afirma que o novo Air é até 3,5x mais rápido que a geração anterior, com gráficos 5x mais velozes e processamento de inteligência artificial 9x superior.

O chip tem oito núcleos de processamento — quatro de performance, ativados em tarefas mais intensas, e quatro de economia de energia, dedicados a tarefas mais básicas e pensados para não exigir tanto da bateria do aparelho.
Em termos de gráficos, temos uma das “principais” diferenças entre os dois modelos do Air à venda: enquanto o de entrada tem GPU3Graphics processing unit, ou unidade de processamento gráfico. de sete núcleos, o mais caro tem oito núcleos responsáveis pelos gráficos — o que pode (ou não) ser um exemplo de binning em Cupertino.

Vale notar que, tirando essa diferença da GPU e um eventual upgrade de RAM que você faça no ato da compra (é possível configurar com 16GB de memória), o chip M1 é exatamente o mesmo em todos os quesitos — não só no MacBook Air, mas também no Pro de 13″ e no Mac Mini. O que vai causar variações na sua performance são outros elementos, como a presença ou não de ventoinhas e o design térmico, por exemplo.
Por falar em ventoinha, os MacBooks Air agora dispensam tal componente, tornando então ele o notebook mais silencioso da linha.
Já no quesito bateria, a Apple promete aqui números nunca antes vistos no Air — tudo por conta, claro, da integração e do aproveitamento energético superior do chip M1. Segundo a Maçã, teremos até 15 horas de navegação em Wi-Fi (eram 11 horas, anteriormente) e 18 horas de reprodução de vídeo no app Apple TV (eram 12 horas). Nada mau!

Em mudanças não exatamente ligadas ao M1, a Apple alterou ligeiramente as teclas de função (F4, F5 e F6, mais especificamente) no novo Air. Saem de cena o atalho para o Launchpad e os controles de brilho do teclado (calma, ele continua com retroiluminação) e entram, em seu lugar, atalhos para o Spotlight, o Ditado e o modo Não Perturbe.
A tela Retina do novo MacBook Air ainda tem 13,3 polegadas, resolução de 2560×1600 pixels e 400 nits de brilho, além de suporte à tecnologia True Tone, mas agora ganha suporte à ampla tonalidade de cores P3 — aproximando-a bastante da tela do MacBook Pro.
Por fim, outra mudança muito bem-vinda na nova geração do Air é o suporte ao Wi-Fi 6 (aka 802.11ax), que permite a conexão a redes mais rápidas e de latência menor.
O que ficou igual
Todo o resto. O design, para inicio de conversa, é completamente idêntico ao modelo anterior, com o corpo de alumínio (100% reciclado) em formato de cunha, o teclado Magic Keyboard, o trackpad Force Touch, os alto-falantes estéreo, os três microfones com filtragem espacial direcional e a saída de 3,5mm para fones de ouvido (ufa!).
As dimensões continuam idênticas, assim como o peso (1,29kg). O Touch ID está inalterado no canto superior direito do teclado, e as máquinas ainda podem ser configuradas com 8GB ou 16GB de RAM, bem como SSDs4Solid-state drives, ou unidades de estado sólido. de 256GB a 2TB.

As outras duas portas físicas da máquina continuam sendo do tipo Thunderbolt 3, mas agora a Apple divulga que elas são compatíveis com o padrão USB4 — que, com efeito, é basicamente idêntico ao Thunderbolt 3, como comentamos aqui. Ou seja, ainda não é nessa geração que veremos compatibilidade com as velocidades insanas do Thunderbolt 4.
Em notas mais tristes, a câmera FaceTime continua com os mesmos (e parcos) 720p. Segundo a Apple, entretanto, o chip M1 traz um novo processamento de imagem para o componente que dará qualidade melhor às suas chamadas de vídeo — teremos de aguardar para ver, entretanto.

Os novos MacBooks Air vêm nas mesmas três cores dos seus antecessores (prateado, cinza espacial ou dourado) e, ao menos nos EUA, mantém o mesmos preço-base de US$1 mil — aqui no Brasil, por outro lado, tivemos mais um reajuste e os novos modelos partirão de R$13 mil.
Notas de rodapé
- 1System-on-a-chip, ou sistema-em-um-chip.
- 2Random access memory, ou memória de acesso aleatório.
- 3Graphics processing unit, ou unidade de processamento gráfico.
- 4Solid-state drives, ou unidades de estado sólido.