O melhor pedaço da Maçã.
Review: NuPhy Air75

Review: NuPhy Air75, um teclado mecânico low profile

Um teclado mecânico “baixinho”, com design diferenciado e várias opções de personalização

Eu nunca fui um cara de me importar demais com o tipo de teclado que usava. Contanto que ele funcionasse bem e fosse capaz de prover uma digitação sem engasgos, estava bom. E, por isso mesmo, nunca entendi os motivos por trás de tamanha aclamação em torno dos teclados mecânicos.

Publicidade

Muitos dizem que a experiência de digitar em um teclado mecânico é “revolucionária”, mas, particularmente, nunca me senti compelido a comprar um. Os argumentos geralmente são os mesmos e giram em torno da sensação de digitar em teclas muito mais profundas do que as presentes em teclados de membrana tradicionais, os tempos de resposta mais rápidos e a reparabilidade.

Particularmente, estou acostumado a digitar por boa parte do meu dia e já tem uns meses em que flutuo entre o Magic Keyboard do MacBook Air e um tradicional Apple Keyboard (daqueles com fio, mesmo) — o qual uso naqueles momentos em que decido colocar o Mac em um apoio — uma posição bem mais ergonômica para a digitação e amigável à minha coluna.

Alternando entre esses dois teclados, nunca senti muita diferença de um para o outro, obviamente, porque são teclados de membrana bem finos e feitos pela mesma empresa — ou seja, ambos possuem uma experiência de digitação bem similar.

Porém, nas últimas semanas, venho testando o Air75, da NuPhy — um teclado mecânico low profile com layout 75% e teclas PBT, que tem me agradado bastante.

Publicidade

Apesar de um teclado mecânico low profile ser bem diferente de um mecânico de altura tradicional, essa já foi uma diferença e tanto em relação aos teclados de membrana superfinos com os quais estou acostumado. Nos próximos parágrafos, redigirei um pouco sobre a minha experiência de uso com ele, e se teclados mecânicos como esse são mesmo tudo o que dizem. 😉

Tipos de teclados

Para aqueles que não fazem parte da seita dos teclados mecânico (eu incluso), cabe sempre pesquisar mais sobre o assunto. Portanto, de forma rasa, tentarei explicar que existem dois tipos de teclados: os mecânicos e os de membrana — e ambos possuem grandes diferenças em relação ao outro.

Para começar, a construção dos dois é bem diferente. No caso dos teclados de membrana — que são bem mais comuns, baratos e estão presentes em laptops, computadores e muitos outros eletrônicos e até eletrodomésticos por aí —, há por baixo das teclas uma espécie de película, a qual registra um sinal elétrico naquele local e executa um comando quando uma tecla é pressionada.

Publicidade

No caso dos teclados mecânicos, cada tecla possui interruptores (switches) independentes, os quais registram os comandos de forma totalmente isolada em relação ao restante das teclas.

Esse é um dos motivos que confere maior rapidez ao teclados mecânicos mas, também, os torna bem mais reparáveis — dado que, quando há um problema em uma tecla, você pode reparar ou substituir somente o switch defeituoso, ao invés do teclado inteiro — como ocorre com os de membrana.

Publicidade

Algo a se observar é que os teclados mecânicos também são bem mais personalizáveis, tanto em termos de aparência como barulho e a sensação das teclas. Neles, é possível realizar a troca dos switches por padrões com cores diferentes, cada qual provendo experiências de digitação únicas.

Eis as diferenças entre os switches oferecidos pela NuPhy:

  • Switches vermelhos: são mais silenciosos e ideais para gamers, os quais priorizam respostas mais rápidas das teclas;
  • Switches azuis: para aqueles que amam teclados barulhentos, gerando cliques altos e táteis, muito prezados por programadores;
  • Switches marrons: um meio-termo entre os dois, provendo uma resposta tátil, barulhos e viagem medianos.

Neste sentido, o Air75 utiliza os switches da Gateron, conhecidos como os mais suaves do mercado. O modelo que recebi veio com switches marrons instalados, porém, durante o ato da compra, é possível escolher opções de switches vermelhos ou azuis.

Ainda falando das teclas, o Air75 utiliza teclas COAST, as primeiras ultrafinas do mundo feitas em material PBT — algo que é muito bem-vindo, em virtude de esse ser um material durável e que resiste bem ao longo do tempo. Neste caso, as teclas também são bem mais finas do que o tradicional, com apenas 4,6mm de espessura — a fim de acomodar o design low profile do Air75. Em seu ponto mais fino, o teclado possui apenas 16mm de espessura.

Agora que deixamos de lado os termos técnicos, vamos ao que interessa?

Experiência

Meus primeiros dias utilizando o Air75 não foram nada fáceis. Erros de digitação e até comandos registrados por engano eram comuns, muito por conta do tamanho e do layout diferente, mas também, é claro, pelo fato de esse ser um teclado muito mais profundo do que o presente no meu MacBook Air.

O meu Air75 veio por padrão com as teclas destinadas ao uso com Macs, mas na caixa a NuPhy provê teclas alternativas para que você adapte o teclado para o uso com o sistema Windows. E por falar em sistemas, o Air75 conta com as mesmas teclas de função presentes em Macs mais recentes, facilitando ainda mais a minha adaptação com o novo teclado. 😉

Seu layout é no padrão americano ANSI, o que pode ser um problema para aqueles que estão mais familiarizados com padrões brasileiros, como o ABNT2, ou mesmo o layout português. No meu caso isso não foi um empecilho, posto que já estou acostumado com o teclado americano do meu Mac.

Em termos de qualidade de construção, não há do que reclamar. O Air75 é bem robusto e, apesar de o seu corpo ser feito de alumínio (em vez do plástico presente na carcaça de muitos teclados por aí), ele é bem leve, pesando apenas 523 gramas — o que facilita muito o transporte.

Na parte de trás, há uma porta USB-C para conectá-lo ao computador ou recarregá-lo, um toggle para alternar entre Windows e Mac, e outro para alterar entre o modo sem fio, cabeado ou desligá-lo.

E por falar em modos de conexão sem fio, é possível utilizá-lo via Bluetooth ou usar o adaptador 2,4GHz, enviado junto ao teclado — permitindo a conexão com até quatro dispositivos.

Na parte inferior, há um acabamento em plástico fosco, uma placa de metal polida com a marca da NuPhy e detalhes emborrachados os quais evitam que o teclado escorregue na mesa. Nessa configuração, o teclado conta com um ângulo de digitação razoável, de 3,5º.

No entanto, caso você prefira um ângulo um pouco mais acentuado, a NuPhy envia na caixa dois pés de borracha que se conectam à parte de baixo do teclado por meio de ímãs, e eles aumentam o ângulo de digitação de 6,5º. A solução dos ímãs até que é legal, mas os pés já saíram do lugar mais de uma vez enquanto eu arrastava o teclado na mesa — e é preciso retirá-los antes de guardá-lo na case, da qual falarei mais adiante.

Após alguns dias utilizando de forma principal o Air75, retornei ao teclado do MacBook Air para uma maratona de digitação no sofá e logo notei como as teclas do Mac realmente são rasas. Essa sensação de viagem curta e talvez até seca das teclas do Magic Keyboard é bem diferente da sensação de digitar no Air75.

No geral, não há o que reclamar em relação ao conforto de digitação. Contudo, outra coisa a se notar é que o barulho emitido pelas teclas mais profundas do Air75, que pode incomodar outras pessoas que estejam perto de você — principalmente naqueles momentos em que o ritmo de digitação está mais intenso. Ah, e isso mesmo utilizando os switches marrons — os quais, como expliquei acima, não são os mais barulhentos.

No mais, o teclado do Air75 é superprazeroso de digitar. Os pontos positivos vão para o bom espaçamento entre as teclas, o formato levemente côncavo delas, seu toque macio e a boa altura de digitação — da qual não achei alta o suficiente para demandar um descanso para os punhos.

Cenários de uso

Em muitas de suas imagens promocionais, a NuPhy mostra o Air75 em cima do teclado do MacBook, como se ele fosse realmente um substituto para o teclado embutido no Mac. Entretanto, não sei se esse é um dos melhores cenários de uso para ele, visto que encaixar o Air75 em cima do MacBook Air de forma que ele não acione nenhuma tecla do computador em si é uma tarefa um pouquinho complicada.

Além disso, nessa posição, o Air75 cobre não só os alto-falantes do Mac (obstruindo de forma leve a saída de áudio), como também uma pequena parte superior do trackpad — algo que, para mim, é basicamente um motivo para não utilizá-lo nessa configuração.

De outro modo, utilizar o Air75 de forma independente do Mac, ou seja, colocando o MacBook em uma altura mais adequada para uma visualização (em um stand, por exemplo) e o teclado na sua frente, é uma experiência de digitação bem mais prazerosa do que ficar encurvado sobre o teclado do Mac por horas a fio. Por isso, nas últimas semanas, venho utilizando-o nessa configuração e já me acostumei bastante com esse tipo de uso.

Além do mais, após um certo tempo, me acostumei com as teclas mais profundas do Air75 e sinto que a experiência de digitar está muito mais rápida e fluida com o teclado mecânico. Agora, só sinto falta, mesmo, de um trackpad independente do Mac.

Recursos e personalização

Como dito anteriormente, o Air75 pode se conectar a até quatro dispositivos Bluetooth e alternar entre eles. A troca é feita pela combinação das teclas Fn + 1 2 3 ou 4. Essa transação, entretanto, se mostrou um pouco complicada e até bem demorada, a medida que, em algumas ocasiões, o teclado parecia não reconhecer o Mac mesmo após pressionar a combinação de teclas certa.

O Air75 possui teclas específicas no canto superior direito para realizar capturas de tela. Elas podem até ser úteis para aqueles que tiram muitos prints, mas no meu caso, essas teclas serviram apenas para serem pressionadas por engano — o que é um pouco chato, visto que quando a ferramenta de captura de tela é acionada, o teclado é desativado até que você aperte Esc.

Também me impressiona a bateria do Air75, que, com 2.500mAh, após quase três semanas de uso, não cheguei a precisar recarregá-la. A NuPhy adverte que ela pode durar cerca de uma semana de uso ou 48 horas simultâneas, mas acho que com os LEDs1Light emitting diodes, ou diodos emissores de luz. desligados, essa estimativa se estende bastante.

E por falar em LEDs, o Air75 conta com diversas opções de personalização para as luzes RGB. Ele, no entanto, carece de uma retroiluminação na cor branca — algo que me fez bastante falta, principalmente por não ser lá tão fã do visual gamer e colorido querido por muitos.

Já as luzes RGB presentes nas laterais do teclado, além de proverem uma certa personalidade a ele, servem para alguns usos, como indicar quando o Caps Lock está ativado, o nível da bateria ou o modo de uso. Elas ainda podem ser personalizadas com diferentes tonalidades ou desligadas completamente, para um visual mais sóbrio.

No mais, o Air75 tem uma infinidade de opções de personalização das cores por baixo das suas teclas, assim como várias animações bacanas. Contudo, aqueles que preferem o visual mais sóbrio ou tradicional (como eu) ficarão a desejar com a retroiluminação do Air75. De resto, a distribuição das suas luzes é bem balanceada e não há reclamações; por escolha própria, entretanto, mantenho apenas as luzes laterais acesas.

Há, também, um app da NuPhy que ainda está em fase beta, com o qual é possível personalizar as cores do teclado. Porém tentei baixá-lo e, por ele ser um arquivo .exe, não passei pelo trabalho de tentar instalá-lo no meu Mac. 😛

Acessórios

Além do teclado em si, a NuPhy envia uma série de acessórios na caixa do Air75 — alguns deles já estão inclusos no conjunto; outros, como a capa do teclado, são vendidos separadamente.

Na caixa em si você encontrará, além do teclado, um cabo trançado USB-C para USB-A, um receiver de 2,4GHz, os já mencionados pés magnéticos, três teclas extras para adaptar o teclado para Windows, três switches extras, uma ferramenta para realizar a troca das teclas, um adesivo em estilo anime e um manual de instruções que serve, também, como um pôster de parede.

Vale notar, entretanto, que esse manual veio em uma mistura de inglês com algumas informações em chinês, algo que dificulta um pouco o entendimento das diferentes configurações do teclado.

Esse não chega a ser um deal-breaker, mas me tomou um certo tempo até conseguir entender as diferentes combinações de teclas e suas funções. 🤪

Acessórios inclusos de lado, vendida separadamente por US$19, a Nufolio V2 é uma capa de proteção para o teclado que possui boa qualidade, é feita em couro e tem alguns detalhes no que me parece ser camurça.

Além de fazer um bom trabalho de proteger o teclado durante o seu transporte, dou pontos adicionais à capa por contar com ímãs para o alinhamento do teclado em seu interior e também por servir como um stand para apoiar o iPad — o que pode vir a ser bem útil para aqueles que planejam utilizá-lo com o tablet da Maçã.

A capa não é um item essencial, mas se você planeja viajar bastante com o teclado ou utilizá-la como stand para o iPad, ela pode ser um bom complemento. Vale notar, contudo, que se você planeja utilizar os pés magnéticos junto a ele, é preciso retirá-los antes de guardá-lo na case.

Outro acessório vendido à parte, mas que também foi enviado pela NuPhy, são as teclas extras em cores alternativas. Por padrão, o Air75 vem com as suas teclas principais num tom off-white, mas conta com outras duas opções hot-swappable de cores: a primeira na cor cinza (vendida por US$19) e a segunda, uma edição natalina, com tons de verde e vermelho (vendida por US$29).

E aí, vale a pena?

A combinação de usar o Mac em uma altura mais adequada, ter uma coluna mais feliz e um teclado com uma experiência de digitação prazerosa já me deixaram muito satisfeito com o Air75. Não há como negar que, às vezes, ainda retorno ao teclado do MacBook Air, mas agora já acho sua digitação um pouquinho menos confortável do que antigamente.

Se você deseja entrar no culto dos teclados mecânicos mas tem medo da experiência de digitação e da altura convencional, o passo mais lógico — e aconselhado por mim — é escolher um modelo low profile como o Air75, o qual será um ótimo primeiro passo para entrar nessa onda.

O Air75 é vendido por US$110, e a NuPhy o despacha internacionalmente. Seja por conta da sua reparabilidade, do tempo de resposta mais rápido das teclas, da sensação de digitar, ou por conta dos barulhos saudosos da época dos primeiros computadores pessoais, os teclado mecânicos possuem um público cativo — e, se você deseja experimentar um desses, o Air75 é uma ótima opção para começar!

NOTA DE TRANSPARÊNCIA: O MacMagazine recebe uma pequena comissão sobre vendas concluídas por meio de links deste post, mas você, como consumidor, não paga nada mais pelos produtos comprando pelos nossos links de afiliado.

Notas de rodapé

  • 1
    Light emitting diodes, ou diodos emissores de luz.

Ver comentários do post

Compartilhe este artigo
URL compartilhável
Post Ant.

Acordo Apple-China teria impulsionado Luxshare contra Foxconn

Próx. Post

App que adiciona lembretes com facilidade ganha novidades

Posts Relacionados