Hoje, a Apple pegou o mundo de surpresa ao reduzir a taxa de 30% que cobra na App Store para 15%. A redução, no entanto, é válida para desenvolvedores e empresas menores, que faturam até US$1 milhão por ano — ou seja, quem lucra muito na App Store continuará repassando os mesmos valores para a Maçã. A nova medida entrará em vigor em 2021.
É claro que trata-se de uma notícia excelente para desenvolvedores menores, que poderão lucrar mais com seus aplicativos — muitos deles, como Christian Selig (do Apollo Reddit), Ryan Ashcraft (do Food Noms) e James Thomson (do PCalc) elogiaram bastante a decisão da Maçã.
Por outro lado, era óbvio que empresas maiores e que estão se engalfinhando com a Apple em tribunais espalhados pelo mundo não gostariam da mudança. É caso, por exemplo, da Epic Games e do Spotify.
As empresas enxergam essa mudança simplesmente como um gesto da Apple para acalmar os críticos e reguladores que estão investigando a empresa; na prática, a atitude não resolve o que as empresas enxergam como problemas sistêmicos na estrutura da App Store e no ecossistema iOS.
“Isso seria algo para comemorar se não fosse um movimento calculado da Apple para dividir os criadores de aplicativos e preservar seu monopólio sobre lojas e pagamentos, novamente quebrando a promessa de tratar todos os desenvolvedores igualmente”, disse o CEO da Epic Games, Tim Sweeney, em comunicado.
Ainda segundo Sweeney, o Android e o iOS “precisam estar totalmente abertos à concorrência em lojas e pagamentos” e que a Apple está “bagunçando a comunidade com uma colcha de retalhos de negócios especiais”.
O Spotify seguiu a mesma linha, com a seguinte declaração:
O comportamento anticompetitivo da Apple ameaça todos os desenvolvedores no iOS, e essa última mudança demonstra ainda mais que as políticas da App Store são arbitrárias e caprichosas. Embora consideremos suas taxas excessivas e discriminatórias, o fato de a Apple vincular seu próprio sistema de pagamento à App Store e as restrições de comunicação que usa para punir desenvolvedores que optam por não usá-lo, coloca aplicativos como o Spotify em significativa desvantagem em relação aos seus próprios concorrentes serviço. Garantir que o mercado permaneça competitivo é uma tarefa crítica. Esperamos que os reguladores ignorem a “fachada” da Apple e ajam com urgência para proteger a escolha do consumidor, garantir uma concorrência justa e criar condições equitativas para todos.
David Heinemeier Hansson, cofundador da Basecamp e que também já teve suas brigas com a Apple — tudo depois foi resolvido —, falou o seguinte:
A sequência de tweets dele é longa, mas de forma resumida, a ideia é que, mesmo que a Apple realmente reduzisse as taxas para todos, a discussão ainda não acabaria pois a raiz do problema é a alegação de monopólio de que a Apple deve processar todos os pagamentos e ser a responsável pelo relacionamento com todos os clientes.
A Epic Games, o Spotify e a Basecamp também fazem parte da Coalition for App Fairness (Coalizão pela Justiça nos Apps), que também se manifestou hoje. Em um comunicado para a imprensa, o grupo disse que “o anúncio de hoje ignora falhas fundamentais da App Store”, se referindo a três pontos da loja (a relação com o cliente, o limite de US$1 milhão em faturamento e o fato de isso ser apenas um gesto simbólico).
Pelo visto, a decisão da Apple colocou ainda mais lenha na fogueira! 🔥
via The Verge