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Reino Unido acusa Apple de fazer produtos descartáveis e dificultar seus reparos

A Maçã e outras empresas colaboram com a cultura do descarte, segundo o Parlamento
Técnico fazendo reparo em iPhone

Não é novidade para ninguém que a Apple, em seu discurso público, defende o meio ambiente com unhas e dentes e estufa o peito para vangloriar-se de todos os avanços que tem realizado na área — alguns deles de fato importantíssimos, como a transição para operar 100% com energia renovável, o uso de alumínio reciclado em alguns Macs e o compromisso com a neutralidade de carbono.

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O fato é que todo mundo tem um telhado de vidro — e a pedra mais recente veio do Comitê de Auditoria Ambiental (Environmental Audit Committee, ou EAC) do Parlamento do Reino Unido.

Em um relatório publicado recentemente, a comissão acusou a Apple, a Amazon e outras gigantes tecnológicas de contribuírem para o boom do lixo eletrônico no planeta e reforçarem a cultura de descarte da sociedade atual. Segundo os membros do comitê, as empresas fazem produtos cada vez mais descartáveis, com menor número de peças substituíveis, e dificultam o seu reparo ao torná-lo mais difícil de ser realizado e mais caro — estimulando, assim, que consumidores desistam da ideia de consertar seus aparelhos e simplesmente comprem outros para substituí-los.

O documento foi produzido após uma investigação que durou nove meses, e a Apple se recusou a contribuir para a pesquisa dos Membros do Parlamento. A iniciativa partiu do Parlamento porque o Reino Unido é o segundo país na inglória lista daqueles que mais produzem lixo eletrônico (atrás apenas da Noruega), e porque especialistas afirmam que a nação é incompetente no tratamento desses descartes: boa parte dos produtos jogados fora vão parar em aterros sanitários ou são incinerados/lançados no oceano.

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Os MPs, então, voltaram suas atenções para as grandes empresas — que, segundo eles, estão no topo da pirâmide que cria essa situação deveras desconfortável.

Para todas as suas declarações de suposta sustentabilidade, grandes varejistas online e marketplaces como a Amazon evitaram, até agora, fazer sua parte na economia circular ao não receber ou reciclar eletrônicos da forma que outras organizações fazem. Considerando o crescimento astronômico das vendas dessas empresas, especialmente durante a pandemia do novo Coronavírus, o EAC pede que varejistas online recebam de volta produtos descartados e paguem pela sua reciclagem, para estabelecer uma equidade com varejistas físicos e produtores que não vendem em suas plataformas.

O relatório pede ainda que o chamado direito ao reparo (ou seja, o direito de qualquer pessoa poder consertar seus produtos em oficinas, autorizadas ou não, por um preço justo e com peças confiáveis) seja instituído na lei do Reino Unido, e que o imposto para esses reparos seja reduzido.

A Apple se pronunciou sobre o assunto — e, como de costume, aproveitou a oportunidade para lançar mais uma das suas jogadas de marketing:

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Nós ficamos surpresos e desapontados com o relatório do EAC, que não reflete nenhum dos esforços realizados pela Apple para conservar recursos e proteger o planeta que todos nós compartilhamos. Existem hoje mais opções para consumidores trocarem e reciclarem seus produtos, além de obterem reparos seguros e de qualidade, e nossa linha mais recente de Apple Watches, iPads e iPhones usa materiais reciclados em vários dos seus principais componentes. Nós continuaremos trabalhando com o parlamento e o governo para documentar os compromissos pioneiros da Apple e apoiar nosso esforço comum de deixar uma economia limpa e um planeta saudável para as próximas gerações.

Vamos acompanhar, agora, os desdobramentos do caso. Opiniões?

via The Guardian

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