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Em entrevista, Craig Federighi detalha novidades da WWDC e reforça compromisso com privacidade

O recurso de localização aproximada, por exemplo, é bem mais complexo do que se imagina
Craig Federighi apresentando o iOS 12

Já é tradição: horas depois de uma keynote da Apple, algum veículo da imprensa publicará alguma entrevista com um ou mais executivos da empresa comentando as novidades do dia. Desta vez, claro, não foi diferente: a Fast Company sentou-se com Craig Federighi, estrela do dia, e papeou sobre os novos sistemas da empresa, o compromisso da Maçã com privacidade e muito mais.

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Federighi lembrou que a posição da Apple, de defender a privacidade do usuário a qualquer custo, não é uma estratégia de marketing obediente a tendências recentes — a empresa já tinha essa filosofia em 1977, com o lançamento do Apple II.

Quando a Apple foi criada, a proposta era: “Esse é o computador pessoal. Esses são seus dados. Aquele conjunto de disquetes que você tem na caixa de sapato do lado do seu Apple II — aquilo é seu. Não está no mainframe. Não está no sistema de tempo compartilhado — são seus dados.” E as pessoas na Apple, conforme o mundo avançou, continuaram acreditando nisso em relação à computação pessoal: que os dados que você cria, as coisas que você faz com seu computador, são suas e devem estar sob o seu controle.

Craig destacou recursos introduzidos nos novos sistemas que reforçam esse compromisso, como a autorização à localização aproximada no iOS/iPadOS 14 — o qual permitirá que você compartilhe com apps apenas um raio de localização expandido, em vez da sua geolocalização exata.

Localização aproximada do iOS 14

Sobre esse recurso, inclusive, ele funciona de uma maneira bem interessante: a Apple dividiu o planeta inteiro em regiões de aproximadamente 26km², cada uma com um identificador e limites específicos. Ou seja, a localização aproximada baseia-se nesses limites criados pela Maçã, e não num raio criado a partir do próprio usuário — que poderia ser usado pelos apps para traçar a localização exata de um dispositivo.

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Outra informação importante compartilhada por Federighi na entrevista tem a ver com um elemento importante, porém frequentemente ignorado dos sistemas — o recurso de copiar e colar. A partir de agora, apps não terão acesso total ao recurso e, portanto, não poderão ter acesso a informações (potencialmente sensíveis, como uma senha ou um número de cartão de crédito) que você copiou; você precisará conceder acesso à área de transferência e renová-la de tempos em tempos em cada app que precisar acessá-la.

O Safari dos novos sistemas, por sua vez, trará um “monitor” de senhas que avisará o usuário caso uma das suas senhas seja exposta num vazamento de dados. O navegador é capaz, inclusive, de perceber caso você esteja usando aquela senha em outro serviço — portanto, se a sua senha do Yahoo for vazada e o Safari perceber que você usa a mesma senha no Gmail, ele lhe orientará a mudar a palavra-passe em ambos os serviços. Todo esse processamento é realizado no próprio dispositivo: suas senhas nunca são enviadas aos servidores da Apple.

Indicador de acesso à câmera e ao microfone no iOS 14

Federighi falou também sobre os novos indicadores de câmera e microfone do iOS — pequenos pontinhos coloridos na barra de status que indicam se um app está tendo acesso aos elementos em um determinado momento.

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Eu recebo emails de clientes me dizendo, “eu tenho certeza de que tal aplicativo está secretamente me ouvindo. Eu estava falando sobre tal coisa e essa propaganda apareceu relacionada ao que eu estava falando. Eu tenho certeza de que o app estava me ouvindo”. O fato é que, na maioria das vezes, isso não estava acontecendo. Nós sabemos que não. Mas os usuários acreditam que sim. Portanto, dar essa paz de espírito ao usuário, por meio de um indicador de gravação que sempre deixa claro se um app está acessando sua câmera ou microfone a qualquer momento, é importante.

Sobre questões de privacidade que vão além da alçada da Apple, como as ações de determinados governos (como o chinês) sobre os dados dos seus cidadãos, Federighi reforçou a aplicação de um dos pilares da política de privacidade da Apple, a minimização de dados — isto é, coletar o mínimo possível de dados dos usuários, relegando o máximo de tarefas possíveis ao processamento local dos seus aparelhos.

Nós acreditamos que a Apple deve ter o mínimo possível de dados sobre os nossos consumidores. Então nós coletamos o mínimo de dados possível para entregar nossos serviços, porque acreditamos que a centralização em massa desses dados é um risco inerente à privacidade do usuário. Então os dados que nós não temos, dados que ninguém mais tem, são dados que não podem ser vazados ou mal-utilizados.

Faz sentido, não?

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