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Apple levou anos para cortar parceira que usava trabalho infantil, mostra reportagem

A “tolerância zero” pode não ser tão “zero” assim
USA Today
Fábrica da Foxconn

Recentemente, falamos aqui de um caso nada agradável em que uma fornecedora da Apple, a Lens Technology, foi acusada de usar trabalho forçado da população uigure em algumas das suas instalações na China. Da sua parte, a Apple afirmou não ter apurado quaisquer indícios de violações trabalhistas nas operações da parceira, e reforçou que mantém “tolerância zero” com fornecedoras que saem da linha.

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Mas o quão “zero” é esse zero?

Uma reportagem recente do The Information mostrou que, em alguns casos, o “zero” pode ser de até três anos. A matéria citou algumas situações de fornecedoras da Maçã pegas aproveitando-se de aberrações como trabalho infantil, mostrando como, em alguns casos, a Apple demorou a agir nas sanções contra essas empresas.

O caso emblemático, aqui, é o da Suyin Electronics: em 2013, de acordo com a reportagem, a Apple descobriu dois jovens de 15 anos trabalhando na linha de produção da fornecedora, que produzia vários tipos de portas e conexões para os MacBooks. A Maçã afirmou que não assinaria novos contratos com a parceira até que a questão fosse resolvida, mas meses depois, fez uma nova auditoria na empresa e descobriu ainda mais trabalhadores menores de idade — incluindo um de 14 anos.

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Com a reincidência, a Apple cortou laços definitivamente com a Suyin, proibindo a assinatura de novos contratos com a fornecedora. Ainda assim, a parceira passou mais de três anos ainda montando peças para a Maçã, como portas USB e HDMI, por conta de contratos anteriores.

Outro caso importante é o da Biel Crystal, fabricante de vidros para smartphones que — também em 2013 — foi acusada de condições desumanas de trabalho e violações de segurança por grupos de direitos humanos. Em investigação interna, a Apple comprovou essas acusações e deu um prazo de 90 dias para que a parceira resolvesse a situação; mais de um ano depois, entretanto, várias das exigências listadas pela Maçã ainda não tinham sido atendidas, e os negócios continuaram normalmente.

A gota d’água veio mais de um ano depois, quando a Biel Crystal afirmou que os investimentos exigidos pela Apple não seriam vantajosos pela empresa. Só então a Maçã cortou laços com a fornecedora — e passou a trabalhar com a Lens, que agora está sendo acusada de trabalho forçado.

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Os casos acima são apenas exemplos — até mesmo pessoas que já trabalharam na Apple afirmaram que essas práticas, de arrastar até o último instante a relação com parceiras faltosas, são comuns.

Como afirmou a reportagem:

Em entrevistas, dez ex-membros da equipe de responsabilidade de fornecedores da Apple — a divisão encarregada de monitorar fornecedoras para violações trabalhistas, ambientais e de segurança — afirmaram que a Apple evitou ou atrasou o corte de relações com empresas faltosas caso isso fosse prejudicar seus negócios. Por exemplo, os entrevistados afirmaram que a Apple continuou trabalhando com alguns parceiros que se recusaram a implementar sugestões de segurança ou violaram repetidamente leis trabalhistas.

Obviamente, apesar de o foco da reportagem ser na Apple, é de se imaginar que a Maçã não esteja sozinha nessas práticas, digamos, desconfortáveis. Afinal de contas, esse é o modus operandi das gigantes tecnológicas — empresas que, para agradar a investidores e consumidores, precisam estar sempre na crista da onda, trazer os últimos avanços, evitar escassez de estoques e apresentar resultados financeiros cada vez maiores. Às vezes, mesmo que isso signifique fazer uma vista grossa quanto a certos desrespeitos básicos à dignidade humana.

Ainda assim, sendo a Apple tão preocupada em passar uma imagem limpinha e “do bem” aos seus consumidores, seria interessante ver a empresa tomar algum tipo de atitude diferente, mais contundente para coibir esses tipos de violações. Quem sabe neste novo ano…

via 9to5Mac

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