O melhor pedaço da Maçã.

Uma Visão do Futuro

Mulher usando o Apple Vision Pro
Autor(a) convidado(a)

Rainer Brockerhoff

Programa há 55 anos, é usuário Apple há 46, comprou o segundo Mac do Brasil em 1984 e é desenvolvedor registrado desde então. Aguarda ansiosamente um Vision Pro para voltar a programar com várias telas enormes em volta.

Quando comecei a programar, há muitos anos (agora são 55, e contando!), a computação estava em sua infância. Escrevíamos programas em folhas de codificação azuis, os convertíamos em baralhos de cartões perfurados e os enfileirávamos em uma prateleira para “processamento em lote”. Normalmente, a recompensa era uma lista de programas com algumas mensagens de erro obscuras, como IEC107D, e eu percorria mentalmente o programa, repetindo o processo até ser recompensado com uma “execução” funcional. Logo arrumei um emprego na universidade local, onde na maioria das vezes eu podia executar meu deck de programas sozinho e descobrir as coisas mais rapidamente — e mais tarde, nas primeiras horas da madrugada, até mesmo usar o enorme computador mainframe como um dispositivo pessoal primitivo, mas cativante.

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Depois de alguns anos, surgiram os primeiros terminais de vídeo, nos quais você podia visualizar todas as linhas do programa em faixas verdes brilhantes, editá-las diretamente e inserir o programa na fila de lotes. Era este, o futuro? Bem, ainda havia muito por vir. Logo percebi que poderia comprar um daqueles novos computadores Apple IIe junto a uma pequena TV e programar/depurar no conforto da minha casa. E, milagrosamente, as pessoas realmente me pagavam para sentar em um teclado e programar.

E, então, o futuro chegou. Quando vi os relatos do primeiro Macintosh — uma tela gráfica completa e um mouse —, eu sabia que era isso! A interface do usuário de apontar e clicar foi a melhor. Não havia mais linhas de comando. Nada mais de mover um cursor desajeitado com o teclado. Foi o paraíso! E só ficou melhor: cores, telas maiores, grandes quantidades de RAM1Random access memory, ou memória de acesso aleatório. e armazenamento, rede! E então a internet chegou, maravilha das maravilhas.

Demorou anos para desenvolver os comportamentos padrão esperados de gestos do mouse e convenções de interface do usuário; os programadores de aplicativos tinham uma biblioteca de itens para usar, de modo que logo tudo funcionou como esperado e os programas que desrespeitavam essas convenções foram rebaixados.

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Eu estava na plateia, em 2007, quando Steve Jobs apresentou o primeiro iPhone como uma combinação de celular, iPod e dispositivo de internet. Não fiquei muito impressionado; eu já tinha um iPod que usava pouco, não tinha planos de comprar um celular (e de fato, aguentei até 2016 para comprar um!) e a parte da internet era legal, mas a tela era pequena, o navegador era limitado e meu laptop Mac tinha um conjunto de recursos muito melhor. Ok, não era tão portátil mas sempre o tinha comigo…

A verdadeira revolução aqui foi a interface multitoque, uma evolução da interface de apontar e clicar, mas com os dedos substituindo o mouse. Demorou anos para evoluir e, como no caso do Mac, a Apple ofereceu itens de UI padrão aos desenvolvedores, que poderiam se concentrar na funcionalidade em vez de reinventar a roda.

Mas então, em 2010, o primeiro iPad foi lançado e eu comprei um imediatamente. Agora, aqui estava um computador portátil bom o suficiente para ser usado como um dispositivo pessoal, e as versões posteriores tornaram-se cada vez mais impressionantes. Meu iPad hoje é meu principal dispositivo para ler, ouvir música e navegar casualmente, embora ainda recorra ao Mac para desenvolver e escrever textos mais longos. Com meus problemas oculares recentes, tendo a recorrer à minha TV de 77″ para assistir a filmes e a programação foi deixada de lado.

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Agora, o futuro chegou novamente. Não tenho dúvidas de que o Apple Vision Pro — e, é claro, a “computação espacial” — é A Próxima Grande Novidade.

Curiosamente, um dos meus argumentos favoráveis é o grande volume de comentários negativos sobre o dispositivo que encontrei nas redes sociais, como: é pesado, é caro, a bateria externa é péssima, já foi feito por outros, é isolante e distópico, é mais um dragão no ecossistema maligno da Apple… a Apple está condenada, eu garanto! Soa familiar? (E eu nem estou na maioria dessas redes!)

Ei, todos esses negativos também foram lançados no passado — e antes de termos o ecossistema maligno da Apple, tínhamos o ecossistema maligno da IBM, lembra? Sempre que um dispositivo futurista é avistado, ele é desajeitado, caro, consome muita energia e assim por diante. Mas também, se as condições forem adequadas… a próxima versão aparece na hora certa, é mais leve, mais fácil de usar e não podemos mais viver sem ela.

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O verdadeiro paradigma futurista agora é olhar e clicar, desenvolvido a partir do antigo modo de apontar e clicar, e muitos outros gestos são possíveis; a padronização está, sem dúvida, em andamento. Por que segurar um mouse, ou um controle, ou levantar as mãos desnecessariamente, quando você pode transmitir tudo com gestos pequenos e sutis? E nossos cérebros são evoluídos para um ambiente 3D — toda a nossa linguagem e pensamento são construídos em torno de metáforas 3D.

Agora, finalmente, temos um sistema mínimo viável para explorar interfaces de usuário 3D. Discutir se o Vision Pro é AR, VR ou XR é desnecessário; esses são apenas detalhes de implementação e evoluirão junto à interface do usuário.

Os detalhes sobre o hardware são escassos enquanto escrevo isso, e alguns podem até ser desinteressantes — essa coisa é um computador autônomo em seu rosto e a única especificação relevante provavelmente será quanto espaço de SSD2Solid-state drive, ou unidade de estado sólido. resta para os dados do usuário. Todo o resto será bom o suficiente para ser efetivamente transparente. E esse é o ponto principal do hardware do Vision Pro: é um dispositivo de entrada 3D para o seu cérebro, o primeiro com qualidade suficiente para ser transparente. Quem precisa de hologramas?

Mas as pessoas vão perguntar: qual é o propósito dessa coisa para o usuário/jogador/assistente de TV normal/qualquer coisa? Minha resposta: nós realmente não sabemos! A Apple, é claro, selecionou alguns casos clássicos da tecnologia anterior: FaceTime, jogos, fotos/vídeos 3D, filmes widescreen, planilhas do Excel penduradas no espaço (ugh), etc.; eles tinham que fazer isso, para chamar a atenção das pessoas. Mas entre agora e quando isso chegar ao mercado, no início de 2024, os desenvolvedores virarão madrugadas para criar propósitos atraentes, a maioria dos quais ninguém (nem mesmo a Apple!) havia pensado antes.

E é aqui que o Vision se torna Pro. Acredito que, mais do que apenas designar um dispositivo de maior capacidade em relação a uma versão não Pro, o nome Vision Pro indica que, pelo menos até a segunda ou mesmo terceira geração, este é um dispositivo para profissionais. Ele não é (ainda!) para jogadores casuais, zoomers ou fanáticos por filmes. Aqui está uma lista parcial que eu e alguns amigos elaboramos em alguns minutos:

  • Arquitetos, engenheiros e designers (como de costume);
  • Médicos, dentistas, psicólogos, terapeutas e pesquisadores em geral;
  • Educadores e alunos de graduação/pós-graduação;
  • Técnicos em áreas de alta tecnologia, como geração de energia e manutenção de aeronaves;
  • Aplicações industriais são ilimitadas;
  • Astrônomos, arqueólogos e artistas.

E a maioria deles pode pagar (ou suas empresas podem) o preço atual de US$3.500.

Pensando bem, provavelmente comprarei dois; ainda será mais barato do que pagar por uma enorme TV 3D, várias telas/projetores grandes e alguns Macs com M2.

Mais conforme os detalhes vão surgindo.


Post originalmente publicado em inglês no blog Solipsism Gradient, traduzido e publicado no MacMagazine com autorização do autor.

Notas de rodapé

  • 1
    Random access memory, ou memória de acesso aleatório.
  • 2
    Solid-state drive, ou unidade de estado sólido.

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