Aficionados da música e/ou do mundo tecnológico certamente ouviram falar sobre os mais recentes anúncios do Spotify: uma versão HiFi do serviço, que promete entregar conteúdo com qualidade de CD e chegará até o fim deste ano em “mercados selecionados”.
O serviço também meteu de vez o pé na porta do mundo dos podcasts, anunciando uma produção exclusiva apresentada por ninguém menos que Barack Obama e Bruce Springsteen — intitulada “Renegades: Born in the USA”. Dois dos oito episódios já estão disponíveis, inclusive.
Pois hoje, o The Verge publicou uma entrevista com o CEO do Spotify, Daniel Ek, girando em torno das novidade anunciadas pela plataforma — mas também outros assuntos importantes relacionados à empresa sueca, como a concorrência com a Apple (e a Amazon) e o envolvimento do Spotify na luta antimonopolista.
A jornalista Ashley Carman perguntou, por exemplo, quais são os planos da companhia em relação ao Spotify HiFi — afinal de contas, a empresa anunciou que fará parcerias de hardware para lançar produtos específicos para o seu novo plano, mas concorrentes como a Apple e a Amazon já têm serviços de streaming dedicados e uma presença estabelecida no mundo do hardware. Sobre isso, Ek afirmou que a vantagem do Spotify é não estar ligado a nenhum ecossistema específico:
Eu estaria muito mais preocupado se os consumidores estivessem presos a um único ecossistema. Se fosse só uma Apple, ou um Google ou uma Amazon que “possuísse” o usuário por todo o seu ecossistema. Seria uma coisa muito preocupante, se verdadeira. Mas o que nós estamos descobrindo é que enquanto a Apple, por exemplo, é muito forte no mundo dos dispositivos móveis, a Amazon é muito forte nos seus lares, e muitos carros hoje em dia rodam sob a plataforma do Android Auto, que é do ecossistema do Google. E uma coisa sobre o Spotify é que ele roda bem em todas essas plataformas e nós acreditamos que somos o único serviço que tem relação com mais de 2.000 dispositivos — e nós funcionamos bem em todos eles.
Ek falou também sobre as preocupações da empresa com a coleta de dados dos usuários, reafirmando a posição do Spotify como uma companhia que apoia a privacidade e o uso responsável das informações pessoais dos consumidores — um dos pontos, aliás, em que a Apple concordaria com sua concorrente sueca.
Obviamente, tudo isso é muito importante para nós. Sendo uma companhia europeia como raízes na Europa, também, o GDPR (Lei Geral de Proteção de Dados) é uma coisa muito grande por aqui, então nós levamos a privacidade do usuário muito, muito a sério. Obviamente é uma coisa sobre a qual nós pensamos constantemente, conforme vamos evoluindo nossos produtos que dependem de dados, tanto para os consumidores quanto para os parceiros de publicidade; acho que você verá que nós somos muito, muito cuidadosos sobre como usamos os dados dos nossos usuários em todos os aspectos que nós operamos nosso negócio.
A entrevista completa de Ek — que toca ainda em outros pontos interessantes, como a ascensão do Clubhouse, o pagamento justo de royalties a músicos e a explosão do podcast enquanto formato de mídia — pode ser lida aqui. Para quem se interessa pelo universo do audiovisual, é um prato cheio.