Mesmo que você não faça ideia do que são cookies (os digitais, no caso), certamente esse é um termo que você já ouviu na sua navegação online.
Basicamente, tratam-se de pequenos arquivos utilizados pelos sites para “traçar” a sua navegação (como os biscoitos usados por João e Maria para encontrar o caminho de volta para casa) e, com isso, aprimorar sua experiência online ou rastrear seus movimentos, dependendo da intencionalidade. Esse texto traz mais informações sobre o assunto.
O fato é que, há algumas semanas, o Google anunciou uma nova tecnologia pensada para substituir os cookies. Chamada de FloC (Federated Learning of Cohorts, ou Aprendizado Federado de Coortes), a técnica pretende evitar as armadilhas de privacidade dos “biscoitos digitais” — o que é feito, basicamente falando, por meio de um algoritmo que atua sobre o seu histórico de navegação e identifica outros usuários com interesses semelhantes, formando grupos (teoricamente anônimos) que poderão ser usados para a venda e o direcionamento de anúncios digitais.
O Google quer posicionar o FLoC como uma alternativa menos invasiva em relação aos cookies. Em se tratando de uma iniciativa da empresa que mais fatura com anúncios digitais no mundo, entretanto, claro que isso gerou algumas suspeitas.
Bom… pelo visto, as suspeitas também chegaram aos outros navegadores: em declarações ao The Verge, Microsoft e Mozilla afirmaram não ter quaisquer planos de implementar o FLoC no Edge ou no Firefox. O Opera também não tem interesse na tecnologia, e empresas como Brave, Vivaldi e DuckDuckGo chegaram a compartilhar comunicados posicionando-se contra a técnica, classificando-a como invasiva em relação à privacidade.
A Apple, por sua vez, não chegou a publicar um comunicado oficial. Entretanto, John Wilander (engenheiro da Maçã que trabalha no WebKit, motor de renderização do Safari) compartilhou no Twitter a publicação do navegador Brave criticando o FLoC. Ele afirmou, ainda, que a Apple “não disse que implementaria” o FLoC e que dispõe das suas próprias políticas de prevenção a rastreamento.
As negativas certamente são um golpe para o Google, que anunciou o FLoC com a intenção de torná-lo um padrão digital — da mesma forma que os cookies são hoje. Naturalmente, as grandes empresas (Apple e Microsoft) não chegaram a negar a adoção à tecnologia, mas o fato de não haver planos nesse sentido já mostra que o anúncio de Mountain View não conquistou muitos adeptos.
No momento, navegadores baseados no motor de renderização Chromium já podem adotar o uso do FLoC em fase experimental — o Google já anunciou que abandonará o uso de cookies ainda este ano no Chrome, por exemplo.
O fato é que, pelo visto, o caminho para um futuro mais privativo no mundo da navegação ainda é tortuoso — e, enquanto as empresas não falarem a mesma língua, será difícil encontrar um padrão que respeite a privacidade do usuário sem… bom, sem quebrar a internet para todos os outros.