Hoje, 3 de maio, tem início o primeiro dia do julgamento do caso entre Apple e Epic Games sobre a grande polêmica envolvendo o suposto monopólio da Maçã na App Store — após meses de muitas farpas trocadas, denúncias e até formação de coalizões.
Certamente, à medida que o processo se desenrolar (e pode ser que isso leve até três semanas), vamos descobrir novas polêmicas e argumentos; fato é que, já no primeiro dia do julgamento, um engenheiro do Google decidiu dar, digamos, uma forcinha para a Epic, dizendo que a Apple força a adoção das suas APIs1Application programming interface, ou interface de programação de aplicações..
Alex Russell, chefe de padrões da web do Chrome, afirmou que os aplicativos da web “podem não oferecer o desempenho necessário em iPhones”. O motivo é que a Apple força todos os navegadores a usarem o WebKit — o qual estaria desatualizado e teria um desempenho muito baixo.
O navegador do iOS e o seu mecanismo não tem tamanha potência. Atrasos consistentes na entrega de recursos importantes garantem que a web nunca seja uma alternativa confiável para as plataformas [da Apple] e a App Store.
Ainda segundo Russell, a implementação “de baixa qualidade” dos recursos que o WebKit já oferece exige suporte para soluções alternativas. Ele aponta, por exemplo, que desenvolvedores não precisariam encontrar e corrigir esses problemas no Firefox/Chrome/Edge e que isso só aumenta as despesas de desenvolvimento para iOS.
A política da Apple contra a escolha do mecanismo do navegador adiciona anos de atraso além do tempo de iteração de design, criação de especificações e desenvolvimento de recursos do navegador.
Russell aponta, por fim, que tais atrasos impedem que desenvolvedores “alcancem usuários com ótimas experiências na web”. Essa lacuna, criada exclusiva e exclusivamente pela política da Apple, segundo ele, praticamente “força as empresas a saírem da web e entrarem na App Store”.
Essas omissões significam que desenvolvedores web não podem competir com seus concorrentes que tem [apps] nativos no iOS em categorias críticas como jogos, compras e ferramentas criativas.
Não dá para saber, ainda, se os argumentos de Russell serão aproveitados pela Epic no processo contra a Maçã. Sabe-se que cada parte terá 45 horas para apresentar seus argumentos sobre sua definição de “monopólio” — ou seja, nesse primeiro momento, o foco não será o jogo Fortnite ou a App Store.
Além disso, o jornalista Ian Sherr disse que a Apple não conseguiu bloquear os documentos que enviou “a mais” sobre as finanças da App Store, então a companhia não começou com o pé direito nessa.
O julgamento será presencial, mas algumas pessoas testemunharão por videoconferência. Nós, é claro, estaremos acompanhando tudo isso atentamente.
via 9to5Mac
Notas de rodapé
- 1Application programming interface, ou interface de programação de aplicações.