Uma empresa grande como a Apple está sempre procurando maneiras de expandir seus negócios. Para isso, muitas vezes ela realiza a aquisição de outras companhias menores — para integrar seus funcionários e suas tecnologias à sua equipe ou solucionar possíveis percalços. Em uma reportagem recente publicada pela CNBC, surgiram algumas informações mais aprofundadas sobre o que acontece nesse processo.
Para termos uma noção da quantidade de empresas que são adquiridas pela gigante de Cupertino, em fevereiro deste ano Tim Cook disse a acionistas que a Apple comprou aproximadamente 100 empresas nos últimos 6 anos — números impressionantes, já que temos uma média de uma empresa sendo adquirida a cada 3-4 semanas!
Nadando contra a maré
Antes de mais nada, é bom a gente lembrar que a Apple, quando o assunto é aquisição de outras empresas, vai contra a tendência do mercado. Enquanto grandes companhias como Amazon, Google e Facebook realizam, com frequência, acordos multibilionários, a Apple foca na compra de pequenas empresas e startups que muitas vezes possuem tecnologias promissoras para o desenvolvimento de produtos futuros.
São raras as ocasiões em que a Maçã faz algum tipo de compra maior, como foi o caso da Beats em 2014, por US$3 bilhões. Essa compra foi extremamente positiva para a empresa e possibilitou o desenvolvimento não apenas dos AirPods e o crescimento do segmento de fones de ouvido sem fio (True Wireless Stereo, ou TWS), como abriu as portas para o Apple Music.
Temos também o caso do Shazam, em 2018. O serviço de reconhecimento de músicas, adquirido por US$400 milhões, permitiu a incorporação desse recurso de forma nativa no iOS, seja usando a Siri ou a Central de Controle do iOS/iPadOS.
Mão de obra especializada
De acordo com pessoas familiarizadas com o processo de aquisição da Apple, ela geralmente valoriza a compra de empresas levando em conta a quantidade de engenheiros que consegue trazer para seus times. Esses profissionais especializados são chamados muitas vezes de contribuidores individuais.
É claro que cada compra tem suas particularidades mas, segundo a reportagem, na maioria das vezes a Apple também não tem a intenção de continuar o modelo de negócios das empresas que adquire, como fez com a Beats até o momento. A receita gerada por essas empresas menores é ínfima para a Apple e ela prefere integrar seus funcionários e tecnologias no desenvolvimento dos seus próprios produtos — muito deles, futuros, que ainda não foram lançados.
Além disso, a compra de empresas menores ou startups permite que a Apple consiga integrar os novos funcionários em suas equipes de forma mais fácil e silenciosa — ela inclusive possui um time que cuida especificamente disso.
Superar dificuldades
Lá em 2019, em uma entrevista para a CNBC, Cook deixou claro que a estratégia da Apple é identificar os pontos nos quais ela possui dificuldades e comprar empresas que a auxiliem a solucionar tais problemas. Um exemplo disso foi a aquisição da Authentec, lá em 2012, que ajudou no desenvolvimento do Touch ID — introduzido pela primeira vez em 2013, no iPhone 5s.
Em outras ocasiões, a compra de empresas leva ao surgimento de novos recursos em seus sistemas operacionais, como foi o caso da Workflow — um aplicativo de automação que, após ser adquirido pela Apple, em 2017, se tornou a base para o aplicativo Atalhos (lançado no iOS 12, em 2018).
Discrição acima de tudo
Ainda de acordo com a reportagem, a Apple procura sempre manter a maior discrição possível durante o processo de aquisição. Em alguns casos, ela adverte os novos funcionários a não atualizarem seus perfis no LinkedIn com seu novo cargo; em outras ocasiões, até exige acordos de confidencialidade (os famosos NDAs, ou non-discloruse agreements).
Um caso relatado foi o de um homem (não identificado, é claro) que, após a notícia da venda da sua empresa para a Apple se espalhar, não pôde nem responder as mensagens de seus amigos e familiares o parabenizando — justamente por conta de tais acordos.
Essas informações esclarecem um pouco o processo de expansão da Apple, o que ela prioriza e quais áreas ela está querendo expandir. Recentemente, ela tem realizado constantes aquisições de empresas nos setores de realidade aumentada, inteligência artificial, saúde e muitos outros que nos dão uma noção do rumo dos seus futuros produtos.