Os antenados nos movimentos mais recentes da política americana — ou que simplesmente nos acompanham — devem estar cientes de circulação de projetos de leis antitruste que podem afetar empresas como Apple, Amazon, Facebook e Google.
Se aprovadas, essas legislações podem impactar a capacidade dessas empresas de possuir e operar suas próprias plataformas — no caso da Apple, isso poderá interferir na administração da App Store.
Agora, uma nova reportagem do The New York Times aponta que o CEO1Chief executive officer, ou diretor executivo. da Apple, Tim Cook, ligou pessoalmente para a presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, e outros membros do Congresso solicitando um prazo maior na consideração de novas propostas de legislação antitruste.
Os projetos de lei antitruste foram “apressados”, disse Cook. Ele disse também que esses projetos prejudicariam a inovação e os consumidores ao interromper os serviços que alimentam o iPhone.
De acordo com o NYT, Pelosi resistiu às preocupações de Cook. Ela discordou de seu pedido de que o Comitê Judiciário da Câmara dos Deputados dos EUA “demorasse” a analisar os projetos e também pediu que Cook “identificasse objeções políticas específicas às medidas”.
Se aprovadas, as novas leis levariam a mudanças significativas na indústria de tecnologia em geral. O Comitê Judiciário da Câmara deverá revisar os projetos em uma audiência hoje.
Carta ao Comitê
O lobbying de Cook não é o único esforço feito pela Apple para reduzir as preocupações antitruste.
Ontem (22/6), o diretor sênior de assuntos governamentais da Apple, Timothy Powderly, assinou uma carta endereçada aos presidentes do Comitê Judiciário da Câmara dos EUA e a representantes da casa, na qual ele aponta que as propostas “prejudicariam a capacidade dos consumidores de escolher produtos que oferecem privacidade e segurança de última geração”.
O executivo também aborda a questão do sideloading de apps para iPhones, assunto abordado pela Maçã em um novo e extenso documento.
O iPhone é adequado exclusivamente para aqueles que não querem equilibrar os riscos sempre que baixam um aplicativo. Alguns clientes podem querer fazer isso, mas o Congresso não deve impor esse modelo a todos. A legislação que obrigaria a Apple a permitir o sideloading impediria a Apple de continuar a oferecer aos consumidores essa escolha mais segura, reduzindo a concorrência e diminuindo o bem-estar do consumidor.
A Apple também alega que a legislação proposta tornaria “mais fácil para criminosos colocarem usuários de iPhones em risco”, algo que poderia ocorrer já que os ataques cibernéticos estão “em alta”.
Com o aumento dos ataques cibernéticos, o Congresso deve considerar medidas para aumentar, e não diminuir, a segurança digital. Hoje, se um aplicativo coletar clandestinamente os dados de um usuário, a Apple pode tomar medidas para lidar com esse comportamento — enquanto as propostas atuais amarrariam as mãos da Apple. Além disso, os aplicativos sideloaded podem transportar ransomware ou induzir usuários a baixar versões falsas de aplicativos populares que podem roubar credenciais de login e espionar usuários.
A Apple conclui que está disposta a se envolver com o Comitê Judiciário da Câmara dos EUA em relação à potencial legislação, mas que as “propostas atuais prejudicariam a privacidade do consumidor, a segurança do dispositivo e a inovação”.
via Protocol, Patently Apple
Atualização24/06/2021 às 13:41
Como esperado, o Comitê Judiciário da Câmara aprovou o projeto de lei na sessão de ontem, o que significa que agora ela será votada pela Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, como divulgado pelo Wall Street Journal. Ainda não está claro quando a votação na Câmara ocorrerá — já que algumas mudanças serão feitas no texto.
A Apple não comentou o resultado da votação, mas sabemos que a companhia (e várias outras gigantes da tecnologia) está apreensiva com as mudanças que a possível nova lei determinará.
via AppleInsider
Notas de rodapé
- 1Chief executive officer, ou diretor executivo.