Uma pesquisa lançada no sábado passado (3/7) pela Anistia Internacional, pelo Citizen Lab e pela Forensic Architecture acusa a empresa israelense NSO Group de fornecer tecnologia a governos que é usada indevidamente para espionar jornalistas, ativistas e advogados em aparelhos Android e iOS — é o que diz a Bloomberg.
O levantamento conta com mais de 60 casos em que o spyware do NSO foi aplicado mirando opositores e críticos dos governos de países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Índia, Marrocos, México, Ruanda e Togo.
A tecnologia da companhia, conhecida mundialmente como Pegasus, é vendida exclusivamente para governos e forças de segurança, que a usam para invadir telefones celulares e gravar secretamente emails, ligações e mensagens de texto.
Os dados do relatório alegam também que o produto está ligado a atos de violência — incluindo arrombamentos, assassinatos, assédios e intimidações.
Este é o primeiro mapeamento global de vítimas e alvos de spyware do NSO e promete ser um recurso essencial para aqueles que buscam entender os danos da proliferação global desse spyware sombrio.
—John Scott-Railton, pesquisador sênior do Citizen Lab.
Um porta-voz do NSO Group disse que a empresa não revisou o banco de dados, mas afirmou que provavelmente estava “cheio de imprecisões e declarações antigas e recicladas”. A empresa também disse que sua tecnologia é uma ferramenta valiosa para prevenir o terrorismo e conter crimes.
O NSO Group investiga todas as alegações confiáveis de uso indevido e toma as medidas adequadas com base nos resultados de suas investigações. Isso inclui desligar o sistema de um cliente — uma etapa que o NSO seguiu várias vezes no passado e não hesitará em tomar novamente se a situação permitir.
Grupos de direitos humanos alegam ainda que o uso do spyware por governos está “consistentemente emaranhado com um espectro de violações físicas”, incluindo prisões, agressões e até assassinatos, como já mencionamos.
É o caso, dizem os pesquisadores, do jornalista saudita Jamal Khashoggi, cujas pessoas ligadas foram supostamente alvos do Pegasus antes de seu assassinato por membros do governo em outubro de 2018. O NSO, contudo, negou que sua tecnologia tenha sido usada para atingi-lo.
Em resposta à Bloomberg, um porta-voz da companhia disse que a empresa vai continuar a se envolver na discussão sobre segurança pública, proteção e direitos humanos.