Não é de hoje que o chip NFC dos iPhones é o centro de discussões em alguns órgãos antitruste ao redor do mundo: a Alemanha já aprovou uma lei obrigando a Apple a abrir o componente, que atualmente só pode ser usado pelo Apple Pay, à concorrência. A União Europeia está discutindo uma regulamentação semelhante.
Agora, é a Austrália que começou a investigar a mesma possibilidade. O Comitê Parlamentar de Corporações e Serviços Financeiros do país iniciou discussões sobre a possibilidade de obrigar a Apple a abrir o chip NFC do iPhone a outros sistemas de pagamento — mas a Maçã, claro, está lutando contra a possibilidade.
Segundo a empresa, o NFC dos iPhones já é aberto aos bancos e serviços financeiros… justamente por meio do Apple Pay. Em resposta escrita ao comitê, a Maçã escreveu o seguinte:
A Apple desenvolveu uma arquitetura técnica que reúne componentes de hardware e software, além de APIs, que pode ser usada por bancos para facilitar os pagamentos sem contato com seus cartões e aplicativos de pagamento.
A Apple escolheu chamar essa arquitetura de Apple Pay porque: (1) os estabelecimentos comerciais precisam de uma forma simples para comunicar que aceitam esse serviço aos seus consumidores tanto em lojas como online, (2) a Apple quis facilitar a escolha dos consumidores por método de pagamento e banco oferecendo uma experiência simples e consistente, e (3) isso permite que a Apple divulgue o serviço aos consumidores sem favorecer um banco ou outro.
Em outras palavras, a argumentação da Apple é a de que o NFC do iPhone é aberto, contanto que as empresas usem o Apple Pay — uma linha de defesa muito semelhante à da App Store, que é a única forma autorizada de distribuir apps no iOS/iPadOS.
Segundo a Apple, esse modelo de funcionamento traz mais segurança aos usuários por oferecer um processamento centralizado (e fechado de pagamentos). A Maçã comparou o seu sistema com aquele adotado pelo Google Pay, chamado de HCE (Host Card Emulation) — que, segundo a empresa, é menos seguro por conta da fragmentação do sistema e dos aparelhos do robozinho.
O Google, claro, negou a acusação de falta de segurança do seu sistema. A presidente de parcerias da empresa na Europa, Oriente Médio e África, Diana Layfield, escreveu o seguinte:
Nossos apps de pagamento são extremamente seguros. Nosso sistema HCE, que é utilizado por um grande número de bancos ao redor do mundo, é auditado diretamente pelas empresas… nós refutamos qualquer sugestão de que nosso ambiente HCE seria menos seguro em qualquer hipótese. Eu diria que a experiência do usuário no Google Pay é semelhante à do Apple Pay.
Após essa rodada inicial de argumentações, o comitê australiano discutirá possíveis medidas em relação ao Apple Pay e ao NFC dos iPhones — isto é, qualquer regulamentação ainda deverá demorar um pouco a ser implementada, caso de fato surja.
via ZDNet