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Seria o Safari o novo Internet Explorer?

Safari

Colaborou: Lucas Caton.

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Algumas discussões recentes têm jogado luz em uma questão importante para quem trabalha na área do desenvolvimento web — a de que o Safari é um navegador “atrasado” em relação aos demais. A principal dúvida desse debate é: “O Safari é o novo Internet Explorer?”

A designer/desenvolvedora Jen Simmons, uma das maiores defensoras do Mozilla Firefox, tweetou a respeito do assunto:

Se você cria sites, o que você precisa que os engenheiros de navegadores adicionem ao WebKit (mecanismo de renderização do Safari)? Quais APIs de HTML, CSS, JS, web estão faltando — afetando sua capacidade de realizar seu trabalho. O que mais precisamos adicionar/alterar/consertar/inventar para ajudá-lo? (Respostas repetidas são bem-vindas)

Muitos debatem que o navegador desenvolvido pela Apple possui muitas limitações, incluindo o uso do WebKit como motor de renderização, a baixa frequência de atualizações e os diversos entraves da sua versão para iOS. Além disso, alguns ainda argumentam que a intenção do Safari de proteger a privacidade dos usuários estaria “matando a internet”.

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Daí, surgiram as comparações com o Internet Explorer (IE) que, como muitos devem saber, foi o navegador desenvolvido pela Microsoft na década de 1990 e que, hoje em dia, foi substituído por um mais moderno, o Edge.

Vamos explorar ambas as questões a seguir. Entretanto, vale notar que este é um artigo de opinião, e foi desenvolvido por mim e pelo Lucas Caton — que não só é colaborador do MacMagazine, como também é programador, desenvolvedor na Envato, fundador do Easy Bills e entende muito da área de desenvolvimento para a web.

Uma base em comum

Primeiramente, é preciso notar que o Safari definitivamente não é tão ruim quanto o Internet Explorer era. Parece que desenvolvedores esqueceram do pesadelo que era suportar diferentes versões do IE, usando vários hacks (gambiarras). Ou, então, nunca tiveram que lidar com isso de verdade.

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Contudo, a Apple é realmente lenta e o Safari demora mais que todos os outros navegadores para implementar novas funcionalidades/especificações. É bom lembrar, também, que o Brave, o Edge, o Opera, o Vivaldi e outros usam o Chromium (que é a base do Google Chrome, com seu motor Blink) por debaixo dos panos. Isso significa que as equipes que mantêm esses projetos também colaboram com o Chromium, e é exatamente por isso que ele geralmente evolui mais rapidamente que outros.

Como toda regra tem sua exceção, temos o Mozilla Firefox. Apesar de não usar o Chromium/Blink (e sim o Gecko), o navegador está sempre suportando tecnologias modernas de desenvolvimento, as implementado tão rápido quanto outros navegadores com base no motor de renderização do Google.

Limitações do Safari

Muitos desenvolvedores usam o site Can I Use, que é um projeto de código aberto (open source) com informações sobre quais tecnologias web são suportadas por cada navegador.

Exemplo: o formato WebP tem uma compressão de imagem melhor que o JPEG, o PNG e o GIF, além de suportar animações e transparência. Seria um formato quase perfeito, porém, como podemos ver nessa página do Can I Use, o Safari só começou a suportá-lo no iOS 14 (lançado em setembro de 2020) e ainda assim de forma parcial no macOS (requerendo a versão Big Sur 11). Enquanto isso, o Chrome o suporta desde 2014!

Outro exemplo é a propriedade gap para Flexbox que, como podemos ver novamente no site Can I Use, só começou a ser suportada no Safari 14.1, lançado em abril de 2021 — quase um ano após o Google implementar suporte a ela no Chrome.

Ícone do WebKit

Na minha humilde opinião, o maior problema nesse momento é o fato de a Apple exigir que navegadores no iOS usem o WebKit (motor de renderização do Safari). Algo que também não ajuda é a baixa frequência de atualizações, que nem se compara à dos outros navegadores, principalmente aqueles desenvolvidos com o Chromium — afinal, a Apple sempre atrela updates do Safari aos dos seus sistemas operacionais.

Os PWAs (progressive web apps) são mais um ponto fraco do Safari e outros navegadores do iOS, já que, conforme citado acima, usam o mesmo motor de renderização (WebKit). Essa tecnologia até é suportada, ainda que com várias limitações, desde o iOS 11.3, conforme publicamos em 2018. Até onde sabemos, pouco mudou desde então. Funcionalidades relativamente simples, como a API1Application programming interface, ou interface de programação de aplicações. de notificações, não existem no iOS até hoje — ao contrário do Android, que permite PWAs muito mais interessantes.

Na empresa onde o Lucas trabalha, 99% da equipe técnica são desenvolvedores web. E ele conhece apenas um que usa o Safari, especificamente a versão TP (Technology Preview) — ironicamente, para saber de antemão o que nos projetos deles vai quebrar na próxima versão estável do Safari.

Não é porque o navegador é naturalmente ruim, mas principalmente por consequência da (boa) iniciativa da Apple em proteger a privacidade do usuário a qualquer custo — o que, por vezes, acaba causando efeitos colaterais negativos.

É por esses motivos que, infelizmente, temos escutado de outros desenvolvedores a expressão “O Safari é o novo IE” cada vez mais frequentemente.

Alguns pontos positivos

Por outro lado, existem desenvolvedores renomados que gostam e usam o Safari como navegador primário — como Marco Arment, criador do app Overcast e do podcast ATP.

Ademais, o Safari continua provavelmente sendo o navegador que menos faz uso intenso de CPU2Central processing unit, ou unidade central de processamento., RAM3Random access memory, ou memória de acesso aleatório. e bateria… e, em muitos casos, é sim o mais rápido de todos!

Se você é desenvolvedor e gosta desse tipo de conteúdo, pode ser que esse artigo contenha alguns pontos interessantes sobre essa discussão. A mesma coisa desse tweet, onde uma lista de limitações do Safari é citada.

De qualquer forma, é óbvio que essa discussão ainda está bastante aberta. O importante é ter em vista que, sim, o Safari possui diversas limitações que o tornam “atrasado” em relação aos demais; por outro lado, é um navegador com uma proposta diferente — uma que está alinhada, principalmente, ao pensamento pró-privacidade de alguns.

Se isso é interessante para mim, para você ou para os desenvolvedores web, continua aberto a discussão…

Notas de rodapé

  • 1
    Application programming interface, ou interface de programação de aplicações.
  • 2
    Central processing unit, ou unidade central de processamento.
  • 3
    Random access memory, ou memória de acesso aleatório.

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