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Teclado Keychron K2

Review: Keychron K2, o teclado mecânico para “não-gamers”

Muito se fala sobre os teclados mecânicos — mas será que eles valem a pena?

Basta uma pesquisa rápida na internet para perceber que há toda uma comunidade dedicada a louvar e espalhar a palavra dos teclados mecânicos. Há testemunho de pessoas que tiveram suas vidas mudadas pelos periféricos, de gente que não usa um teclado de membrana nem mediante pagamento, de quem faz coleção desse tipo de peça… enfim, vocês entenderam a ideia.

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Pessoalmente falando, mesmo escrevendo diariamente sobre tecnologia já há uns bons anos, eu nunca embarquei no hype: sempre digitei em teclados da própria Maçã — primeiro um velho Apple Keyboard, nos meus tempos de Mac mini, e depois os teclados embutidos dos dois MacBooks [Pro e Air] que tive ao longo da última década. Nunca tive nada a reclamar em relação a isso.

Recentemente, entretanto, decidi que era hora de começar a me preocupar com a minha pobre coluna e abandonar a vida de digitar oito horas por dia diretamente no MacBook, com a cabeça curvada para baixo. Providenciei uma boa cadeira (a My Chair, da Flexform), um bom mouse (o MX Master 3, da Logitech) e um bom suporte para o computador (esse foi feito especialmente para mim — sorry, folks).

Quando chegou a hora de escolher o teclado, decidi que seria o momento de enfim embarcar na onda dos mecânicos. Mas qual? Logo me deparei com um problema: ao buscar opções à venda no Brasil, quase todos os modelos disponíveis são pensados para gamers, com design espalhafatoso, luzinhas piscantes e outras características que estão muito longe de ser a minha praia. O Logitech K835 TKL seria uma boa escolha, mas eu queria um modelo sem fio.

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Foi aí que descobri a Keychron, uma fabricante da China conhecida por seus teclados mecânicos de design apurado (e, melhor, nem um pouco gamer), construção sólida e configuração agnóstica — isto é, que podem ser adaptados para Macs e PCs com pouca dificuldade. Decidi testar o modelo K2, um dos mais compactos da marca, simplesmente por não querer ocupar tanto espaço na mesa e por não ser um usuário tão frequente do teclado numérico.

Depois desta longa introdução, portanto, vamos à resposta para a famigerada pergunta: e aí, fui convertido?

O que é um teclado mecânico?

Calma aí: antes de chegarmos ao “X” da questão, vamos explicar qual a diferença entre o teclado mecânico e os teclados de membrana, que costumamos usar no dia a dia. Ou, em outras palavras, o que torna os teclados mecânicos tão mais caros e difíceis de se encontrar?

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Para entendermos melhor, vamos à parte técnica da coisa. O teclado de membrana tem uma espécie de “tapete” por debaixo das teclas, com algumas camadas de borracha e plástico contendo um circuito único. Ao pressionar uma tecla, o sinal elétrico gerado naquele local é registrado como um comando.

Teclados de membrana são muito mais finos, simples e baratos de se fabricar — na prática, eles não diferem muito dos botões existentes em quase todos os microondas e máquinas de lavar modernos, com a diferença de que, no caso dos teclados, temos as teclas “físicas” por cima fazendo o acionamento dos comandos. É por isso que eles estão presentes em todos os teclados mais baratos, em notebooks e em outros periféricos que priorizam o design mais fino e mais baixo, por exemplo.

O teclado mecânico, por outro lado, têm interruptores (switches) independentes em cada tecla. Isso significa que cada tecla tem um funcionamento independente, completamente isolado dos demais botões — o que, logo de cara, já confere uma maior reparabilidade aos teclados mecânicos, uma vez que a falha em uma tecla não significará um problema em todo o teclado: você pode reparar somente aquele switch, deixando os outros intactos.

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Outras características muito prezadas pelos fãs de teclados mecânicos são a precisão e o tempo de resposta, mais instantâneo por conta dos switches independentes. Além disso, os nostálgicos gostam também do barulho característico dos teclados mecânicos, que remete à digitação dos computadores passados — nos primórdios da história do computador pessoal, todos os teclados eram mecânicos, então o “tec tec tec” desse tipo de periférico evoca uma lembrança (vivida ou não) que alguns consideram agradável.

Um último detalhe: os teclados mecânicos podem ter alguns tipos de switches com características diferentes. Convencionou-se classificá-los por cores: o switch vermelho, por exemplo, é mais silencioso e leve, enquanto o azul tem um clique mais pronunciado e teclas mais resistentes. Este vídeo da Keychron traz as diferenças sonoras entre cada modelo de switch:

YouTube video

O modelo que eu recebi para teste tem switches marrons, com um perfil intermediário — sem os cliques pronunciados dos azuis, mas com um retorno tátil mais presente que nos vermelhos.

Vale notar que a Keychron vende, também, modelos hot-swappable de quase todos os seus teclados — neles, você pode adquirir conjuntos extras de switches (todos da marca Gateron) com diferentes cores e trocá-los de acordo com a sua vontade ou necessidade. O K2, entretanto, não é oferecido nessa versão.

A experiência de uso

Começando a falar sobre o K2 em si, a coisa toda me chamou atenção logo de cara pela qualidade da embalagem e dos acessórios: o teclado vem numa elegante caixa preta, bem protegido por uma densa espuma em todos os lados.

Os acessórios também prezam pela qualidade. Destaque para o cabo USB-C para USB-A, todo trançado e com um conector em “L” na ponta que se pluga ao teclado — um exemplo de detalhe simples, mas que mostra o cuidado no design e na usabilidade do produto. Temos também um removedor de teclas e algumas teclas extras (mais sobre isso a seguir), além do já esperado livreto de instruções básicas.

Uma pequena confissão que eu preciso fazer logo de cara é a de que, plenamente consciente de que eu estou na minoria, eu adoro o teclado borboleta do meu MacBook Air atual. Há algo que muito me apetece no clique quase seco, bastante raso e preciso, do teclado — sei que o experimento não deu certo e que terei que me despedir dele um dia, mas sentirei falta.

Digo isso porque, como vocês podem imaginar, a experiência de digitar no Keychron K2 é diametralmente oposta em relação à do MacBook Air. Temos aqui teclas com viagem bastante profunda e um clique muito mais “macio”, por assim dizer.

Além disso, nem preciso lembrar da diferença de altura de digitação: no Mac, a sensação é de digitar basicamente na superfície na qual o computador está apoiado, enquanto o teclado mecânico exige uma posição muito mais elevada das suas mãos — nesse sentido, fez toda a diferença o descanso para os punhos que a Keychron enviou com o teclado (e que é vendido separadamente).

Não vou negar que meus primeiros dias com o K2 foram problemáticos. A velocidade de digitação era significativamente mais baixa, os erros eram muito mais frequentes e a sensação após algumas horas de trabalho, se não daria para chamar de desconforto, seria ao menos de esquisitice nos braços, por assim dizer.

Para aferir as diferenças na minha digitação, fiz testes de velocidade entre os dois teclados. Ainda na fase inicial da minha análise, no dia 24 de junho, meu índice chegou a 469 caracteres por minuto no MacBook Air e a 254 caracteres por minuto no K2 — uma diferença considerável para alguém que trabalha basicamente escrevendo.

Essas impressões iniciais me fizeram considerar deixar o K2 de lado e voltar a trabalhar no teclado do MacBook, mas segui firme — e logo entendi o apelo dos teclados mecânicos. É tudo, basicamente, uma questão de costume: agora, quase dois meses após o contato inicial, já tenho uma notável preferência pela digitação no teclado da Keychron, que me parece mais agradável e mais produtiva.

A bem da verdade, ainda sou mais rápido no teclado da Apple: em uma nova aferição, que fiz ao fim dos testes (dia 10 de agosto), bati 370 caracteres por minuto no K2 e 445 no do MacBook Air. Acredito, entretanto, que essa diferença vá se estreitar (ou mesmo sumir) com mais tempo — e, mais que isso, o teclado da Keychron tirou um pouco da afeição que eu tinha em relação ao teclado borboleta, que agora me parece raso demais, sutil demais.

O único caso em que ainda opto por usar o teclado do MacBook Air é em situações que requerem silêncio absoluto: o K2 (mesmo com os switches marrons, que não são os mais barulhentos) ainda faz um certo barulho quando o ritmo de digitação está alto. Como eu moro com minha namorada (e o teclado fica no quarto), o ruído ainda é um tanto incômodo quando ela está dormindo.

Recursos

Experiência relatada, é hora de falar um pouco sobre os recursos do K2, a começar pela sua retroiluminação. A Keychron vende versões do teclado com luz branca ou iluminação RGB, e eu recebi o segundo modelo — você pode alternar entre diversos modos de iluminação na tecla dedicada, no canto superior direito.

YouTube video

Devo dizer que as luzinhas coloridas impressionam num primeiro momento (algumas das animações são bem bonitas), mas depois de dez minutos de brincadeira mudei para a iluminação branca tradicional — a não ser que você queira muito a tal da estética gamer, recomendo que você economize o dinheiro da versão RGB e fique com a monocromática, mesmo. A iluminação, aliás, é bem distribuída e nítida, sem reclamações neste sentido.

Sobre a qualidade de construção, outro ponto extremamente positivo: o K2 é construído como um tanque, pesado e sólido como deve ser. Eu recebi a versão com moldura de alumínio, mas não acredito que o modelo inteiramente de plástico fuja dessa solidez — mesmo a versão que eu testei tem plástico na parte inferior, e o material é de alta qualidade e robustez.

A parte de baixo, inclusive, tem pés retráteis para você inclinar (ainda mais) o teclado em duas posições — na mais pronunciada, o ângulo de digitação fica em 9º, e foi este o estilo que eu escolhi como mais confortável.

O layout do teclado é padrão internacional, o que não foi nenhum problema para mim — afinal de contas, trata-se do mesmo layout de todos os Macs que usei na última década. Se você se acostumou ao padrão ABNT2 (com a tecla cedilha), entretanto, talvez isso seja um problema, até porque a Keychron não vende teclados com outros layouts que não o internacional.

Em termos de sistema operacional, nenhum problema: a Keychron envia o teclado adaptado para macOS (com as teclas Command e Option), mas inclui na caixa as teclas “substitutas” para Windows. Para trocá-las, basta usar o extrator de teclas incluído na caixa, retirar a tecla em questão e colocar no lugar a peça desejada.

Em relação à bateria, também não há preocupações: temos aqui um componente de 4.000mAh, capaz — segundo a Keychron — de durar até dez dias em uso comum (com a retroiluminação desligada. Minha experiência foi ainda além disso: usando a iluminação esporadicamente, consegui levar o teclado por cerca de duas semanas antes de precisar recarregá-lo.

Vale lembrar que o dispositivo é recarregado via USB-C, então no meu caso, que tenho um MacBook recente, o ato de dar energia ao teclado foi tão simples quanto desplugar o cabo do computador e plugá-lo no periférico por menos de uma hora. Universalidade, yay!

O K2 conecta-se ao seu computador via cabo ou Bluetooth — e, neste segundo caso, é possível conectá-lo a até três dispositivos ao mesmo tempo. Para fazer a troca, basta usar as teclas de função (F1, F2 e F3) — a transição é instantânea e perfeita para você mover seu trabalho rapidamente entre o Mac, o iPad e o iPhone, por exemplo.

Veredito

Tudo o que vocês precisam saber é que eu digitei este review inteiro no K2 — e, a julgar pela quantidade de palavras, dá para ter uma ideia de que a experiência tem sido cada vez mais prazerosa.

O susto inicial foi grande, não vou negar — e provavelmente será também com qualquer pessoa acostumada a teclados de membrana, especialmente os de laptops. Insistindo um pouco no uso do teclado mecânico, entretanto, consegui entender um pouco mais o motivo de eles serem tão cultuados por power-users e outros usuários mais experientes do mundo da informática.

Ajuda, também, o fato de o K2 ter um design extremamente discreto, qualidade de construção impecável, acessórios de primeira e um funcionamento confiável, sem mistérios ou engasgos. No fim das contas… sim, acho que estou convertido. 😃

O Keychron K2 vai de US$70 a US$90 no site da empresa, a depender do modelo escolhido. Já o descanso para os punhos adiciona outros US$25-30 ao pedido, se quiser comprar o kit completo. A empresa despacha internacionalmente, inclusive para o Brasil e Portugal — considere, claro, que ainda entrarão na conta frete e possíveis taxas alfandegárias.

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