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Ex-Facebook volta a criticar recursos da Apple contra abuso infantil

De acordo com ele, a Apple precisa recuar para melhorar a nova política
Alex Stamos

No início deste mês, todos os olhos se voltaram para a bomba que a Apple anunciou: depois de anos batendo forte na tecla do compromisso com a privacidade dos usuários, em breve a companhia começará a “escanear” fotos armazenadas nos iPhones para identificar imagens de abuso infantil.

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O alvoroço foi imediato — na verdade, ele veio de forma bastante antecipada — e trouxe diversas reações da comunidade.

Até agora, a empresa tem tentado, sem sucesso, tranquilizar a todos. Em declaração ao TechCrunch, a companhia afirmou que recusaria qualquer ordem de governos para procurar imagens que não fossem de abuso sexual infantil.

Erik Neuenschwander, chefe de privacidade da Apple, afirmou que o compromisso da empresa com a privacidade não mudou nem um pouco. “O dispositivo ainda está criptografado, ainda não temos a chave”, disse ele.

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Uma das mais recentes críticas veio do ex-chefe de segurança do Facebook e agora professor de segurança cibernética de Stanford, Alex Stamos — que, inclusive, já havia argumentado contra as novas políticas. Em uma recente entrevista à jornalista Julia Angwin, Stamos não poupou de comentar sua reprovação aos novos recursos:

Acho que há quatro tipos diferentes de coisas muito Apple acontecendo aqui.

A primeira é que a Apple não gosta de trabalhar com mais ninguém. Então, em vez de consultar a EFF, a ACLU e vários grupos de segurança infantil administrados pelas empresas, eles meio que seguiram seu próprio caminho.

A segunda é que eles tradicionalmente fingem que não possuem uma plataforma com conteúdos gerados pelo usuário, mas a verdade é que eles não produzem mais apenas placas de vidro de mil dólares. Eles efetivamente administram uma das maiores redes sociais do planeta, com mais de um bilhão de usuários, e meio que ainda acreditam que não são responsáveis ​​pelo que acontece lá. […]

A terceira é que eles adoram usar criptografia para resolver problemas difíceis e adoram problemas tecnológicos.

E a quarta é que, de repente, eles se preocuparam em trabalhar com o abuso infantil. Eles nunca fizeram isso, e de repente, por qualquer motivo, provavelmente muita pressão externa, mas talvez algumas decisões internas também, eles se preocuparam com isso.

Quando perguntado sobre o que a Apple deveria fazer para minimizar as críticas que tem recebido, Stamos deu a seguinte declaração:

Acho que eles precisam recuar e dizer: “Estamos reabrindo esta discussão.” A parte fundamental disso tudo é que agora temos uma oportunidade para que as pessoas entendam o patrimônio umas das outras e tentem chegar a um compromisso seguro e razoável.

O que eu realmente gostaria é que, se você vai fazer qualquer tipo de escaneamento [do dispositivo], precisa ser em nome do usuário. [Isso] nunca deve ser visto como algo contrário aos interesses do usuário ou em benefício das autoridades policiais. Esse deve ser o princípio orientador para qualquer trabalho futuro [a partir] daqui.

Se eles acreditarem que compartilhar fotos no iCloud é um risco real para as pessoas compartilharem material de abuso sexual infantil — e eu acho que provavelmente é uma crença correta — então eles podem decidir não fazer álbuns de fotos compartilhados criptografados de ponta a ponta, e eles poderiam escaneá-los no lado do servidor, assim como todo mundo faz. Acho que é uma decisão razoável a se tomar, dizer que essa coisa não vai ser criptografada de ponta a ponta por causa desse nível de risco.

Meu verdadeiro medo é que haja muitas oportunidades de usar o aprendizado de máquina para manter as pessoas seguras e que a Apple tenha envenenado completamente o poço sobre isso, no qual agora você nunca conseguirá que os defensores da privacidade aceitem nada e você terá uma enorme quantidade de paranoia do público em geral. Isso é uma coisa triste que precisamos consertar rapidamente.

Além da entrevista, Stamos também escreveu, em parceria com Matthew D. Green (professor de ciência da computação na Universidade Johns Hopkins) um artigo de opinião no The New York Times detalhando os “sérios riscos de privacidade que a Apple está criando”.

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A Maçã, por sua vez, publicou na semana passada um FAQ com o objetivo de esclarecer alguns dos mal-entendidos e preocupações sobre o “escaneamento” de fotos, embora tenha falhado em elucidar o maior problema: o de que não há como se proteger contra um possível uso indevido por parte de governos.

Aguardemos, portanto, os próximos capítulos dessa novela… ⌛

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