Quem tem acompanhado as manchetes tecnológicas dos últimos meses certamente já conhece a hashtag #AppleToo
, organizada por empregados da Apple que resolveram se pronunciar sobre abusos, assédios e outras situações inaceitáveis dentro do ambiente de trabalho da empresa, incluindo casos de racismo, sexismo e discriminação.
O grupo já reuniu mais de 500 histórias e está publicando várias delas no Twitter, além de prestar apoio à gerente sênior de engenharia Ashley Gjøvik — que foi uma das pessoas a iniciar o movimento de denúncias e posteriormente foi demitida por, segundo a Apple, vazar informações privadas da empresa.
Resumindo: a situação não está nada agradável, e após um vídeo da vice-presidente sênior de varejo e pessoas, Deirdre O’Brien, agora foi a vez do próprio Tim Cook de lidar diretamente com o problema — novamente, com resultados não lá muito animadores.
De acordo com o New York Times, Cook participou de uma reunião virtual aberta para todos os funcionários da empresa e, em meio às discussões, abriu espaço para tratar da questão dos abusos e do #AppleToo
. Segundo a reportagem, Cook e O’Brien trataram de alguns dos assuntos levantados pelos ativistas, como a equidade de salários e a nova lei de abortos no Texas.
Sobre a igualdade de pagamentos, O’Brien repetiu o que já tinha declarado no vídeo anterior: segundo a executiva, a Apple faz auditorias regulares para detectar possíveis anomalias e vieses irregulares na sua folha de pagamento, corrigindo os problemas e garantindo a igualdade salarial entre gêneros, raças, religiões e outros aspectos para cargos de mesmo nível.
Pesquisas feitas internamente por empregados mostraram, entretanto, que a realidade não é exatamente esta e que ainda há um nível considerável de disparidade salarial na Apple. Cook não respondeu à pergunta feita por Janneke Parrish, uma das coordenadoras do #AppleToo
, que perguntou aos executivos quais passos concretos estariam sendo empregados para eliminar as diferenças salariais e potencializar a representação de minorias na liderança da empresa.
De fato, Cook e seus colegas da alta cúpula da Maçã responderam apenas a duas perguntas dos ativistas do #AppleToo
, o que gerou um sentimento de insatisfação nos participantes da campanha. Parrish declarou: “Com as respostas que Tim deu hoje, nós não fomos ouvidos.”
Sobre a questão da lei do aborto no Texas, Cook reiterou o memorando que já tinha sido entregue ao corpo de funcionários da empresa. No documento, a Apple se comprometeu a monitorar os procedimentos legais para contestar a regulação e apoiar funcionários e funcionárias afetados pela lei.
Outros assuntos
A reunião, naturalmente, não aconteceu somente para tratar de temas relacionados ao #AppleToo
. Cook e seus executivos trataram também de uma série de outros assuntos pertinentes ao momento atual da Apple, como o — continuamente adiado — retorno aos escritórios após quase dois anos de trabalho remoto.
Segundo Cook, a empresa está confiante de que a volta enfim acontecerá em janeiro próximo:
Eu sei que isso está na cabeça de algumas pessoas, mas não todas, porque cerca de metade dos nossos empregados já voltaram a trabalhar nas lojas e escritórios. Para todos os outros, nós estamos confiantes de que poderemos voltar ao trabalho presencial em algum momento de janeiro.
Sobre a decisão recente da batalha judicial contra a Epic Games, Cook foi sucinto e afirmou apenas que, das dez denúncias feitas pela desenvolvedora, a justiça ficou do lado da Apple em nove. O CEO1Chief executive officer, ou diretor executivo. espera que a decisão deste mês coloque no retrovisor algumas das discussões acerca da App Store — embora não seja este o cenário que está se desenhando numa esfera global, vale notar.
via iMore
Notas de rodapé
- 1Chief executive officer, ou diretor executivo.