Passou voando, mas o dia de amanhã marcará o aniversário de uma década da morte de Steve Jobs — e esta semana, claro, será repleta de memoriais, homenagens, testemunhos e outras lembranças em relação ao lendário cofundador da Apple.
Pois um dos tributos mais tocantes a Jobs nesta data marcante já foi publicado hoje, pelo Wall Street Journal — e escrito por um dos seus amigos mais próximos na Maçã: Sir Jony Ive.
No texto (fechado para assinantes, infelizmente), Ive lembra que raramente pensa sobre o dia da morte de Jobs — suas memórias do momento são “espalhadas e aleatórias”, mas ele se lembra que, após o anúncio do falecimento, passou longos momentos em silêncio com Tim Cook no jardim da casa da família Jobs.
O lendário (e agora ex-) designer da Apple nota ainda que, desde o tributo que fez ao amigo no evento que celebrou a sua vida, algumas semanas após a sua morte, raramente falou publicamente sobre a sua relação com Jobs. Tampouco leu a torrente de reportagens, obituários ou “as estranhas descaracterizações [sobre Jobs] que se infiltraram no nosso folclore”.
Ainda assim, Ive afirma que pensa em Jobs todos os dias — e é muito próximo da sua família.
Laurene [Powell Jobs, viúva de Steve] e eu somos próximos. Nossas famílias são amigas há quase 30 anos. Nós passamos por mortes e celebramos nascimentos. Nós nos falamos o tempo todo, às vezes sobre Steve, mas raramente sobre meu trabalho com ele. Na maior parte dos tempos, nós falamos sobre o futuro e o trabalho extraordinário, inspirador que ela faz com a Emerson Collective.
Quando os filhos brilhantes, curiosos de Laurene me perguntam sobre o pai deles, eu não consigo me conter. Posso falar alegremente por horas, descrevendo o homem extraordinário que eu amei tão profundamente.
Nós trabalhamos juntos por quase 15 anos. Nós almoçamos juntos quase todos os dias e passamos as tardes no santuário que era o estúdio de design. Aqueles foram alguns dos mais felizes, mais criativos e mais alegres dias da minha vida.
No texto, Ive lembra ainda como Jobs era o ser humano mais curioso que ele já conheceu e sobre como seu processo criativo era profundamente enraizado numa preocupação de transformar o mundo para melhor. O designer nota ainda que, dez anos depois, a sua memória de Jobs recusa-se a permanecer confortável ou silenciosa: “Ela cresce e se desenvolve”, nota Ive.
Por fim, Ive lembra as últimas palavras que trocou com Jobs, e os momentos que seguiram a sua morte:
As últimas palavras de Steve para mim foram de que ele sentiria falta de falar comigo. Eu estava sentado no chão próximo à sua cama, com as costas apoiadas na parede.
Depois que ele se foi, eu caminhei pelo jardim. Eu lembrei do som do fecho da porta de madeira assim que eu gentilmente a fechei.
No jardim, eu me sentei e pensei em como o ato de falar às vezes atrapalha o ato de escutar e pensar. Talvez seja por isso que muitos dos nossos momentos juntos foram passados silenciosamente.
Eu sinto saudades de Steve desesperadamente e para sempre sentirei falta de ficar em silêncio com ele.
😢
via 9to5Mac