Não é novidade para ninguém que, de uns anos para cá, o universo da saúde tem sido um foco de bastante interesse na Apple — basta ver o Apple Watch, todos os recursos relacionados ao relógio anunciados nos últimos anos e algumas declarações de Tim Cook. Por outro lado, temos visto algumas mudanças importantes nas equipes de saúde nos últimos tempos: a mais drástica delas foi o remanejamento de Kevin Lynch, um dos executivos mais importantes da área, para o “Apple Car”.
Pois uma reportagem publicada hoje pelo Business Insider sugeriu que, para dentro dos portões do Apple Park, a situação realmente não é a de plena harmonia e bom funcionamento que a Apple adora divulgar. Segundo 11 empregados e ex-empregados da Maçã ouvidos pela matéria, a iniciativa de saúde da empresa está “vacilando” por conta da má gestão dos principais executivos responsáveis.
Mais precisamente, de acordo com as fontes, os líderes costumeiramente “abafam preocupações e induzem executivos superiores ao erro”, além de praticar represália contra empregados que apontam erros ou problemas no desenvolvimento dos produtos e serviços de saúde.
Uma das situações-chave no problema foi o pedido de demissão do Dr. Will Poe, um dos principais médicos envolvidos com a equipe de saúde da empresa. Em dezembro de 2019, Poe enviou um email diretamente para Tim Cook solicitando a sua dispensa e, “em termos furiosos”, descrevendo os problemas que via na gestão dos trabalhos e a impossibilidade da sua equipe de realizar qualquer trabalho relevante por conta dessas limitações.
Entre os problemas listados por Poe, estavam uma “falta de direcionamento” e uma suposta falta de responsabilidade com os dados utilizados pela Apple. Segundo o médico, os líderes da iniciativa de saúde afirmavam aos seus superiores (como Jeff Williams, COO1Chief operating officer, ou diretor de operações. da Maçã) que os cuidados com pacientes oferecidos pelos serviços Maçã eram de “alta qualidade”, mas esses dados não eram coletados com métricas padronizadas ou auditadas — tratava-se simplesmente de uma pesquisa de satisfação realizada (e fortemente arredondada, segundo Poe) pela própria Maçã.
Na carta, Poe relatou que passou a externar essas preocupações com seus colegas e superiores imediatos, mas logo percebeu uma mudança: ele deixou de ser convidado para reuniões e passou a ser criticado pelos seus líderes por “falta de confiança” — fatos confirmados por outras três pessoas ouvidas pela reportagem.
O fato é que, além de Poe, dezenas de outros profissionais de saúde pediram a conta e deixaram Cupertino nos últimos dois anos, segundo documentos vistos pelo Business Insider. Ou seja — pelo visto, a insatisfação não é localizada em um grupo pequeno de pessoas.
Apple nega
Ouvida pela reportagem, a Apple — por meio do seu porta-voz, Fred Sainz — negou as afirmações e disse que a matéria é baseada em “dados incompletos, ultrapassados e imprecisos”. Segundo Sainz, todas as alegações de práticas retaliatórias são investigadas e punidas com as ações apropriadas, e que todos os dados usados pela empresa são conhecidos pela integridade e precisão.
A Maçã destacou ainda o trabalho de Sumbul Desai, atual vice-presidente de saúde na empresa. Segundo Sainz, a executiva tem empreendido esforços para tornar o ambiente das suas equipes ainda mais transparente, encorajando empregados a “fazer o certo, se pronunciar e levantar questões”.
Só o tempo dirá, portanto, quem está certo nessa história. Vamos acompanhar.
via 9to5Mac
Notas de rodapé
- 1Chief operating officer, ou diretor de operações.