Desde o lançamento dos primeiros iPhones com tecnologia 5G, no ano passado, a euforia sobre o futuro da internet móvel vem crescendo a passos largos no país.
Há algumas semanas, a Agência Nacional de Telecomunicações anunciou que realizaria um leilão para a implementação do 5G no Brasil. Dito e feito: hoje (quinta-feira, 4 de novembro), a Anatel começou a realizar o leilão das faixas que serão utilizadas para a implementação da próxima geração de internet móvel no país.
O leilão tem previsão de durar até amanhã (5/11), mas o primeiro dia de lances já garantiu uma série de reviravoltas para o cenário das telecomunicações brasileiro. A principal delas? A chegada de novas operadoras de telefonia móvel ao país.
Faixas oferecidas
Conforme esperado, as faixas de frequência oferecidas no leilão foram as de 700MHz, 2,3GHz, 3,5GHz e 26GHz. A Anatel disse que, se todos os lotes oferecidos forem arrematados, o leilão deverá movimentar R$49,7 bilhões.
Dentro desse valor, cerca de R$3 bilhões serão destinados ao pagamento de outorgas (ou seja, o direito de exploração das faixas); R$7,5 bilhões para o cumprimento das exigências de levar internet às escolas de educação básica; e quase R$40 bilhões para as demais obrigações de investimento contidas no edital. O prazo de outorga das redes será de 20 anos.
Cada uma das faixas oferecidas foi dividida em blocos nacionais e regionais. As empresas participantes farão ofertas por esses blocos e atuarão de acordo com a região arrematada. Por isso, pode haver mais de uma vencedora em cada uma das faixas. Elas possuem finalidades específicas, então, é esperado que atraiam empresas diferentes.
Empresas participantes
Ao todo, 15 empresas interessadas participaram do leilão. Dentre elas, temos as suspeitas de sempre: Claro, TIM e Telefônica (dona da Vivo), além de empresas menores, provedoras regionais de internet e serviços de telecomunicações, fornecedoras de infraestrutura, empresas de hardware e fundos de investimento.
A Oi, por sua vez, não participará do leilão, uma vez que vendeu seu setor de telefonia móvel para uma aliança formada por Claro, TIM e Telefônica. As proponentes tiveram que entregar todos os documentos necessários e as garantias exigidas à Anatel, caso contrário, poderiam ter sido desclassificadas.
Faixas de 3,5GHz foram arrematadas
No primeiro dia de ofertas, diversas operadoras já garantiram uma fatia desse mercado. As gigantes do setor de telefonia, é claro, foram as que levaram os lotes mais importantes do leilão: a faixa de 3,5GHz.
Confira, abaixo, as aquisições:
- A Claro arrematou por R$338 milhões (com o ágio de 5,18%) o lote B1.
- Já a Vivo adquiriu o lote B2, por R$420 milhões (ágio de 30,7%).
- Por sua vez, a TIM arrematou por R$351 milhões o lote B3.
Havia, ainda, um quarto lote nacional dessa faixa a ser leiloado, mas ele não recebeu ofertas. Seguindo as regras do leilão, o lote foi divido novamente em outros quatro blocos. Estes foram comprados, sem surpresas, pela Claro, pela TIM e pela Vivo por R$80,3 milhões cada. O último “minilote” não recebeu propostas.
As empresas vencedoras da faixa de frequência de 3,5GHz deverão fornecer 5G em cidades com mais de 30 mil habitantes, infraestrutura de fibra óptica em municípios, implementação da rede privativa do governo e outras concessões relacionadas à migração de recepção de TV por antenas parabólicas.
Faixas de 2,3GHz
Na faixa de frequência de 2,3GHz, que tem como obrigação disponibilizar internet 4G a municípios ainda sem cobertura, Claro e Vivo arremataram os lotes para atender à região Norte, parte do Centro-Oeste e do estado de São Paulo; Claro e TIM atenderão a região sul; o Nordeste, por sua vez, será atendido pela Brisanet, da qual falaremos à frente.
Novas operadoras
Blocos regionais da faixa de 3,5GHz também foram ofertados. Neste caso, as empresas deverão fornecer 5G em municípios com menos de 30 mil habitantes. A cearense Brisanet levou os lotes da região Nordeste e de parte do Centro-Oeste, e será uma das novas operadoras no Brasil — atuando nessas regiões.
A Sercomtel arrematou, com um lance R$82 milhões, o bloco que oferecerá internet à região Norte e em grande parte do estado de São Paulo — que passarão a ter essa nova operadora de telefonia.
A Cloud2U se efetivou como mais uma das operadoras, ao arrematar por R$405 milhões o bloco que atenderá os estados do Rio de Janeiro, do Espírito Santo e de Minas Gerais (exceto Triângulo Mineiro). Já o Consórcio 5G Sul adquiriu por R$73 milhões a faixa condizente à região Sul — concretizando, também, uma nova operadora de telefonia móvel para a região.
Faixa de 700MHz
O lote para a faixa de 700MHz da rede 5G foi arrematado pela Winity II Telecom (ligada aos fundos Patria e Blackstone), que desembolsou R$1,4 bilhão e um ágio de mais de 800% para isso! Essa será a nova empresa a operar em território nacional.
A frequência de 700MHz já opera hoje as redes 4G da Claro, da TIM e da Vivo, e é basicamente uma “sobra” do leilão de 2014. Dentre suas obrigações, a Winity deverá prover internet a 31 mil quilômetros de rodovias federais e a locais ainda sem acesso ao 4G. Sua outorga é de 20 anos, prorrogável.
Outras informações
A maior parte do dinheiro movimentado no leilão será destinado ao cumprimento das obrigações de investimentos. O edital prevê que todas as capitais terão cobertura de sinal 5G até 31 de julho de 2022. Cidades com mais de 30 mil habitantes tem previsão de serem atendidas até 31 de julho de 2029.
Como dito anteriormente, as empresas vencedoras das faixas de frequência deverão atender a uma série de compromissos definidos pelo Ministério das Comunicações, validadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Anatel. Dentre os investimentos, está o de conectar escolas públicas e levar o acesso à internet para rodovias federais.
Como já era esperado, o leilão terá continuidade amanhã, visto que ainda restam diversos blocos a serem leiloados.