Com a próxima reunião de acionistas da Apple se aproximando, é natural que grupos de investidores se movimentem para apresentar propostas que poderão (ou não) ser votadas no evento — e, do lado da Maçã, a empresa tenta bloquear todas as resoluções que possam gerar resultados… digamos, indesejados para a empresa.
Ao longo do último ano, entretanto, a quantidade de polêmicas com envolvimento de Cupertino foi enorme — e, portanto, as propostas dos acionistas também. Ontem, falamos aqui sobre as questões dos acordos de não divulgação relacionados a casos de assédio/discriminação e sobre a possível auditoria racial a ser feita pela Apple. Agora, mais uma polêmica foi trazida à tona pelos investidores: as suspeitas de trabalho forçado nas fornecedoras da Maçã.
De acordo com a Reuters, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (Securities and Exchange Commission, ou SEC) negou a solicitação da Apple de bloquear uma resolução registrada por um grupo de acionistas. O grupo solicita à empresa a preparação de um relatório que detalhe como a Maçã tem protegido pessoas do risco de trabalho forçado em sua cadeia produtiva, além de citar quais das suas fornecedoras apresentam riscos do tipo e em quantas delas a Apple já agiu para solucionar o problema.
A Apple tentou bloquear a proposta sob o argumento de que já toma medidas do tipo, mas a SEC negou o pedido da empresa sob a justificativa de que “os objetivos essenciais da resolução ainda não foram implementados”. Com isso, os investidores da empresa poderão votar a proposta na próxima reunião de acionistas, que ocorrerá no início do próximo ano.
Vale lembrar que as acusações de envolvimento da Apple com casos de trabalho forçado foram bastante contundentes ao longo deste ano — especialmente na região de Xinjiang, com ligação às suspeitas de perseguição e campos de concentração dos povos uigures. Outras fornecedoras, como a Lens Technology, foram acusadas de implementar trabalho forçado nas províncias de Hunan e Jiangxi.
Já há alguns anos, a Maçã publica um documento chamado Relatório Anual de Responsabilidade com Fornecedores, que detalha o progresso da empresa na melhoria das condições de trabalho das suas parceiras, no auxílio aos trabalhadores ao redor do mundo e nas medidas ambientais relacionadas a essas fabricantes. Os acionistas, entretanto, querem dados mais detalhados e aprofundados — e possivelmente auditados externamente.
via AppleInsider