O spyware Pegasus, da empresa israelense NSO Group, tem pintado com frequência nas manchetes tecnológicas e políticas dos últimos meses, inclusive por casos ocorridos aqui no Brasil. Pois a ferramenta, capaz de invadir e espionar iPhones e smartphones Android, agora está causando uma crise política e tanto em um outro país: a Polônia.
O grupo de pesquisa Citizen Lab, que tem movido esforços para identificar vítimas do Pegasus em diferentes partes do planeta, descobriu recentemente uma campanha de ataques com a ferramenta direcionada a uma série de políticos de oposição no país da Europa Central. O governo polonês, ultranacionalista e de tendências autoritárias, é acusado de promover a campanha de espionagem e perseguição contra seus opositores.
Nesse contexto, alguns casos chamam a atenção pelos números descobertos. O senador Krzysztof Brejza, do partido da oposição Plataforma Cívica Polonesa, teve seu aparelho invadido nada menos que 33 vezes no período de 6 meses que antecedeu as eleições de 2019 no país. À época, a mídia estatal polonesa publicou mensagens particulares de Brejza para prejudicá-lo, o que levou à suspeita de que ferramentas de spyware teriam sido utilizadas.
Além do político, o Citizen Lab descobriu evidências do Pegasus em pessoas públicas como um advogado que representa grupos opositores ao governo da Polônia e uma promotora envolvida num caso que mirava o partido da situação, o Lei e Justiça, cujo caso já cobrimos aqui.
O governo negou categoricamente as acusações e afirmou não ter ligações com o Pegasus e o NSO Group. O Citizen Lab, por sua vez, diz acreditar que a empresa israelense mantém um registro das invasões realizadas pelo spyware, o que poderia — em tese — revelar os agentes propriamente ditos por trás da espionagem.
Resta saber, agora, se as medidas da Apple e das demais empresas contra o Pegasus surtirão algum efeito: a Maçã já processou o NSO Group e busca uma liminar para impedir que a empresa use qualquer um dos seus softwares, serviços ou dispositivos — enquanto a Amazon bloqueou a companhia dos servidores do AWS.
O próprio NSO já sinalizou as intenções de encerrar a comercialização do Pegasus, mas ainda não há nenhuma notícia concreta nesse sentido — e também não é como se ele fosse o único spyware de alto calibre à solta por aí…
via AP