Uma nova reportagem publicada hoje pelo The Washington Post trouxe à tona uma prática um tanto curiosa (e questionável) da Apple em relação aos cargos dados a seus ex-funcionários, após deixarem a empresa.
De acordo com a matéria, a companhia tem mudado a denominação de seus ex-funcionários em bancos de dados para “associados”, em vez de manter a real posição do profissional durante seu tempo na empresa — isso independentemente do cargo previamente exercido.
Esses bancos de dados são amplamente usados por empresas nos Estados Unidos para realizar a verificação de currículos de candidatos para vagas de emprego. A prática adotada pela Maçã, por sua vez, tem causado uma série de dores de cabeça para esses ex-funcionários, os quais relataram que as inconsistências geradas pela Apple têm impedido suas admissões em novas companhias.
O veículo nota, ainda, que o termo “associado” é geralmente utilizado para se referir a funcionários em posições mais baixas na hierarquia da empresa, como vendedores de Apple Stores e similares. Além disso, o título também é comumente empregado em outras áreas para denominar profissionais recém-formados.
A primeira ex-funcionária a relatar a situação foi Cher Scarlett, ex-engenheira de software da Apple conhecida por seu papel no movimento #AppleToo
, que busca denunciar situações de abuso dentro dos escritórios. Scarlett relatou que a mudança do seu título para “associado” chegou a atrasar em uma semana sua contratação em uma nova empresa, que acabou por cancelar a oferta de emprego.
Outro nome a criticar a prática foi Janneke Parrish, que também fez parte do movimento #AppleToo
e foi demitida pela Maçã no ano passado após tecer duras críticas por supostas violações de direitos trabalhistas dentro da companhia. Segundo Parrish, essas mudanças podem ter “consequências devastadoras” para ex-funcionários, já que eles representam seu nível de conhecimento técnico.
Um representante da InVerify, serviço de verificação de currículos que presta serviço à Apple, declarou ao The Washington Post que a empresa é a única no mercado que costuma alterar o cargo dos seus funcionários após suas demissões. Além disso, segundo ele, a empresa também muda o título de pessoas que tiram licença de trabalho.
Laurie Burgess, advogada trabalhista que representa Parrish em seu caso contra a Maçã relacionado ao #AppleToo
, comentou:
Independentemente das razões pelas quais eles estão fazendo isso, esta é uma prática muito ruim e possivelmente ilegal. […] Me parece que esta atitude interfere nos interesses econômicos futuros razoáveis de funcionários.
Josh Rosenstock, porta-voz da Apple, confirmou ao veículo que Apple mantém a prática há anos, mas se recusou a explicar o motivo das alterações.