Com o lançamento do iOS 15.2, a Apple incrementou as configurações de privacidade do sistema operacional com o Relatório de Privacidade dos Apps. Um dos relatórios fornecidos pelo recurso é a Atividade de Rede em Apps, que mostra os domínios de rastreadores contatados pelos aplicativos nos últimos sete dias.
Foi com o auxílio da novidade que a empresa de marketing URL Genius fez um levantamento para aferir quais apps são mais ou menos agressivos no rastreamento dos usuários pela internet, mesmo quando a opção de “não rastreamento” (da Transparência no Rastreamento em Apps do iOS) é ativada pelo usuário.
Por incrível que pareça, até mesmo com uma simples abertura inicial, o número de rastreadores utilizados pelos principais aplicativos no mercado chega a ser perturbador:
Os consumidores que não concederam permissão para serem rastreados ficarão alarmados com o número de redes de terceiros contatadas por aplicativos — mesmo com o uso mínimo de aplicativos.
Antes de falarmos sobre os dados, cabe destacar que os softwares podem usar tanto rastreadores próprios quanto de terceiros para esse tipo de atividade.
No primeiro caso, o rastreamento é facilmente identificável, principalmente por contar com um domínio proprietário; no caso dos rastreadores de terceiros, no entanto, a transparência é praticamente nula, de modo que é impossível saber quais dados do usuário estão sendo compartilhados e como eles serão usados.
Analisando nove aplicativos populares de redes sociais (Facebook, Instagram, Messenger, Snapchat, Telegram, TikTok, Twitter, WhatsApp e YouTube), a pesquisa concluiu que o YouTube e o TikTok (ambas redes sociais de vídeos) foram os que mais contataram rastreadores (14, cada), embora haja uma diferença importante entre os dois casos.
Enquanto o YouTube usa mais rastreadores primários (desenvolvidos pela própria empresa) para coletar dados pessoais dos usuários e veicular anúncios direcionados, o TikTok contatou praticamente apenas rastreadores de terceiros, deixando um grande questionamento quanto ao destino dos dados coletados.
No caso da rede social do Google, foram 10 rastreadores primários contra 4 de terceiros, enquanto o TikTok usou apenas 1 rastreador primário contra 13 de terceiros — estes podem coletar deliberadamente dados como a localização, o histórico de pesquisa e até mesmo o endereço de IP dos usuários.
Outro detalhe importante é que a URL Genius levou em consideração para o estudo apenas a primeira abertura de cada aplicativo, sem nenhum registro para os respectivos serviços. Por isso, é de se esperar que os apps de redes sociais poderiam contatar ainda mais rastreadores caso essa etapa fosse seguida.
Como parar o TikTok?
Com base no estudo mencionado, a WIRED fez uma análise de todos os dados que podem ser coletados pela rede social chinesa. Além dos já citados nesta matéria, ela pode enviar para os rastreadores desconhecidos dados sensíveis como a sua faixa etária, o seu sexo e os seus interesses — nos Estados Unidos, até mesmo informações biométrica como impressões faciais e de voz.
O lado bom é que a rede social deixa muito claro em seus termos de serviço o que pode e o que não pode coletar. Porém, o app usa muitas técnicas para ocultar como esse rastreamento acontece, o que dificulta sabemos para onde esses dados estão indo e o que estão fazendo com eles.
Há maneiras de mitigar todas as informações que são coletadas pelo TikTok, embora o usuário vá perder algumas das funcionalidades da rede social. Opções como desativar os anúncios personalizados, solicitar seus dados coletados e até mesmo definir uma conta como privada são algumas das medidas aconselháveis.
É importante também não vincular sua conta a serviços de login de terceiros (como Facebook e Google), bem como ativar a Transparência no Rastreamento em Apps do iOS — embora isso vá apenas limitar a capacidade de rastreamento do TikTok, como mostramos.
