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Oculus Quest 2

Review: Oculus Quest e MacBook no trabalho

Já tivemos inúmeros artigos aqui no MacMagazine sobre os possíveis óculos de realidade aumentada/virtual da Apple. Até agora, as notícias se apresentam com muita especulação, alta expectativa e nenhuma confirmação.

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Eu confesso que, num primeiro momento, quando ouvi que a Apple lançaria esse tipo de produto, me perguntei se esse realmente seria um passo estratégico para a empresa. Não sou muito ligado a jogos e vi com desconfiança a utilidade desse device.

No entanto, pesquisando um pouco mais sobre o metaverso e suas inúmeras possibilidades para o mundo do trabalho (foco dessa nossa coluna), resolvi testar o Oculus Quest da Meta para entender melhor esse novo conceito. Trago aqui minhas impressões para vocês.

Impressões iniciais 

Um produto robusto. A caixa é grande e pesada, e a case sozinha já representa um peso considerável. O próprio óculos em si é relativamente pesado — os controles não, são bem leves. Eu comprei a versão Quest 2 com 256GB de espaço, que me custou US$400. 

Oculus Quest 2

Uma coisa que sempre me encantou nos produtos Apple é a facilidade de ligar e começar a usar. Já testei outros equipamentos e muitas vezes fico frustrado em precisar procurar no Google orientações sobre como utilizar o produto.

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O Quest 2 fica no meio do caminho: não foi muito complexo, mas também não foi totalmente intuitivo. Todo o acesso se dá pela sua conta do Facebook; pelo Quest 2, você acessa sua página e pode se comunicar com seus amigos.

Inicialmente, é necessário determinar uma área de segurança para se movimentar sem riscos. Nesse estágio, você consegue enxergar o ambiente externo através dos óculos (o que é bastante interessante, porque não fica evidente que ele possui uma câmera). Com auxílio dos controles, é possível desenhar uma região virtual onde você irá se movimentar — se cruzar essa área, perceberá pelos óculos que ultrapassou as linhas. Em um primeiro momento, o uso trouxe um pouco de desconforto e sensação de enjoo, mas depois fui me acostumando.

Overview de alguns aplicativos e funções

O universo de jogos é bastante amplo; já os preços não são tão acessíveis, variando entre US$10 e US$30 cada. Baixei inicialmente Beat Saber por indicação de um amigo (um jogo para música e ações com dois sabres de luz) e Creed (jogo de boxe inspirado na saga de Rocky Balboa). Ambos são interessantes e oferecem a oportunidade de queimar bastante calorias.

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Também testei as versões dos streamings. O YouTube em 3D (que oferece muitos tours virtuais interessantes e com a sensação de estar realmente nos lugares), o Amazon Prime e a Netflix. É possível logar com a sua conta e assistir a filmes/séries com tela grande.

Oculus Quest 2

A Netflix optou por um modelo mais intimista, que simula uma sala de estar com uma tela grande. Já a Amazon criou um ambiente mais amplo com seus serviços, inclusive loja, e depois você entra no streaming em si para assistir aos filmes e seriados. O som deixa bastante a desejar, mas é possível conectar os AirPods Max e ter uma experiência bem impressionante de áudio e vídeo. 

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Um outro app muito legal é o Brink Traveler, que permite passear em 3D por lugares específicos com natureza destacada, como o Grand Canyon. Uma experiência bem rica em detalhes!

O Quest 2 permite que você tire print das telas, filme movimentos e utilize as redes sociais — você pode enviar prints e mensagens pelo Messenger do Facebook/Instagram, conversar com amigos e interagir nos outros ambientes também.

Ferramentas para trabalho e integração com o Mac

Vamos ao que interessa: as ferramentas para trabalho e produtividade. A Meta está trabalhando para que seu Workplace torne-se uma opção entre ferramentas já consolidadas de trabalho, como Slack e Microsoft Teams. Algumas organizações estão optando por esse ambiente para facilitar a integração com a experiência que as pessoas já têm nas redes sociais pessoais.

É possível utilizar o Workplace no Mac, no iPad e no iPhone, mas a experiência no Quest 2 vai para um nível totalmente diferente.

Quem assistiu ao lançamento dirigido pelo Mark Zuckerberg (acima) ou a reportagem recente do “Fantástico” sobre o metaverso, já teve uma noção do poder desses recursos. É possível criar um avatar, escolher o ambiente de trabalho e ter reuniões como se fossem presenciais.

Um dos destaques é que você pode conectar seu Mac aos óculos e visualizar a tela no ambiente virtual, podendo ainda digitar, acessar o browser, trabalhar em softwares e fazer apresentações. Fiz algumas reuniões de teste e a sensação é muito interessante, com participações interativas e “reais”.

Outro app muito bom para trabalho é o Immersed. Com ele, você cria seu escritório virtual com diferentes opções de decoração e modelos. É possível conectá-lo ao Mac e criar vários monitores virtuais, tornando o trabalho bem dinâmico e produtivo. 

Por fim, testei um cliente de email, o Spike, que gerencia o seu email e oferece chat para trabalho em equipe. Ele é bastante dinâmico e colorido, e permite boas interações no chat. Uma pena que a sua versão gratuita seja tão limitada — para ter uma versão realmente profissional, é preciso assinar o serviço.

Experiência de trabalho

Aqui está o maior obstáculo para o Quest 2 como alternativa de trabalho. Em um primeiro momento, eu fiquei bastante empolgado com ele e imaginando que poderia substituir meus monitores — e, de repente, em um futuro próximo, ter um Mac do tamanho de um iPhone, com um grande escritório virtual à minha disposição onde eu for.

Mas após algumas horas de uso, percebi que esse sonho ainda está um pouco distante. A sensação de usar os óculos por mais tempo é bastante incomoda. Ele é pesado, esquenta um pouco, marca o rosto e cansa muito a visão. Outro ponto fraco é a duração da bateria: cerca de três, quatro horas e com um tempo bem longo para recarregar — eu precisei comprar um cabo maior para mantê-lo recarregando enquanto trabalhava.

Não imagino, de fato, que ele já esteja preparado para esse tipo de uso mais pesado (hard use), mas é inevitável ter esse desejo ao perceber todas as suas funcionalidades. Para longas horas de atividade, essa opção ainda não é viável.

Conclusão

Intensificação do trabalho remoto pós-pandemia, avanço da tecnologia nos âmbitos da realidade virtual, realidade aumentada e inteligência artificial, pressão pela obsolescência programada: todos esses fatores apontam para o surgimento de um gadget capaz de explorar a experiência do metaverso e melhorar as interações e produtividade do work from anywhere (trabalhe de qualquer lugar). 

O Quest 2 é uma boa tentativa e melhorou muito a qualidade do conceito dos óculos VR no mercado. No entanto, para deixar de ser um console evoluído de jogos e entrar de vez na vida profissional das pessoas, ainda precisa caminhar muito!

Pensando na Apple e na sua característica de demorar um pouco mais para entrar em novos mercados — mas fazendo isso com uma qualidade muito superior —, creio que podemos esperar algo bem mais interessante dos óculos da Maçã. Na minha opinião, pontos nevrálgicos são o peso e o conforto para os olhos. 

Faz tempo que não temos um lançamento realmente inovador e disruptivo. Quem sabe essa não é a chance da Apple? 😉

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