Ontem, a Apple iniciou um novo capítulo na sua trajetória de décadas no universo dos monitores com o Studio Display, uma nova opção um pouco mais barata para quem não quer gastar R$45 mil nos recursos e características profissionais do Pro Display XDR — aqui, analisamos todas as diferenças (e semelhanças) entre os dois monitores atualmente à venda pela Maçã.
Embora o nome Studio Display seja uma clara referência ao fato de que o monitor é pensado para ser uma “companhia” ao (também recém-lançado) Mac Studio, quem já acompanha a Apple há um tempinho sabe que a empresa vendeu, lá na virada do século, alguns monitores com o mesmíssimo nome.
Considerando isto, como o novo Studio Display leva adiante a tocha outrora carregada pelos seus antepassados? Para entender essa dinastia de monitores e o que os une (ou… não), vamos dar uma olhada abaixo em todos os Studio Displays já lançados pela Apple.
LCD, 15 polegadas (1998 – 2000)
O primeiro Apple Studio Display foi apresentado em março de 1998 e tinha uma tela LCD1 de 1024×768 pixels, com 180 nits (ou cd/m², como se falava à época) de brilho e taxa de contraste de 200:1.
A Apple pedia US$2 mil pelo produto, que tinha uma porta DA-15, uma S-Video e uma de vídeo composto para entrada de sinal, além de uma porta ADB para periféricos, uma saída para fones de ouvido de 3,5mm e conectores de áudio RCA.
Sua construção em plástico na cor grafite o colocou como um dos produtos da Maçã a inaugurar a estética translúcida, antecipada pelo eMate no ano anterior — o icônico iMac G3 seria apresentado apenas cinco meses depois, em agosto.
A primeira versão do Studio Display era pensada como uma companhia para o Power Macintosh G3 — que, à época, ainda existia somente no design “antigo”, de plástico bege fosco. Quando o novo modelo do desktop foi introduzido em versão translúcida azul e branca, em 1999, a Apple lançou duas outras opções mais coloridas para o Studio Display, chamadas “ice white” e “blueberry”; a atualização também diminuiu o seu preço (para US$1.100) e aumentou o brilho da sua tela, que passou a ser de 200 nits.
O Studio Display original foi descontinuado em julho de 2000, substituído por modelos mais modernos — ou simplesmente diferentes, como veremos abaixo.
CRT, 17 e 21 polegadas (1999 – 2000)
Para atender a uma maior parcela do público, a Apple lançou, em agosto de 1999, uma versão CRT2 do Studio Display, mais barata. Eram dois modelos, de 17 e 21 polegadas, ambos com resolução máxima de 1600×1200 pixels — o modelo menor, com tecnologia Diamondtron da Mitsubishi, custava US$500, enquanto o maior, com tecnologia Trinitron da Sony, saía por US$1.500.
Ambos, como é possível notar, se aproveitaram bastante da onda do plástico translúcido popularizada pelo iMac G3 — havia versões blueberry, com o característico azul-piscina, e grafite. Eles recebiam sinal através de uma porta VGA, mas abriam mão dos recursos de áudio e dados.
Os modelos iniciais do Studio Display CRT não duraram muito: foram descontinuados em julho de 2000, substituídos pelo…
CRT (ADC), 17 polegadas (2000 – 2001)
…último monitor CRT já feito pela Apple — e que monitor! Uma das peças de design mais icônicas já feitas pela empresa, o Studio Display CRT do ano 2000 era enclausurado numa peça de acrílico completamente transparente, que valorizava a construção intrincada do seu interior e o glorioso tubo de raios catódicos. Até mesmo o seu pedestal era feito do mesmo material transparente.
Lançado em julho de 2000, este modelo do Studio Display também custava US$500 e tinha especificações semelhantes às do seu antecessor de 17″, com tecnologia Diamondtron (da Mitsubishi) e resolução máxima de 1600×1200 pixels.
A grande novidade técnica era a introdução da porta ADC (Apple Display Connector), um conector proprietário que combinava sinais de vídeo digital e analógico, dados USB (eram duas portas para conexão de periféricos) e energia — uma espécie de antepassado do Thunderbolt, por assim dizer, e uma grande inovação técnica para o período.
Ainda que inovador e belíssimo, o último Studio Display com tecnologia CRT também não durou muito: ele foi descontinuado em maio de 2001, quando a Apple deu o adeus definitivo aos monitores de tubo e abraçou de vez, na entrada do século, a tecnologia LCD. Falando nela…
LCD (ADC), 15 e 17 polegadas (2000 – 2003)
Fechando a “era clássica” do Studio Display, os modelos LCD de 15 e 17 polegadas com conector ADC foram os mais longevos da família até hoje, com uma vida média de três anos. Eles também representaram, de certa forma, a ponte entre a era do plástico translúcido e a linguagem de design do policarbonato branco que caracterizou a Apple na primeira metade da década de 2000.
O modelo de 15″ chegou primeiro, em julho de 2000, por US$1 mil — até o ano seguinte, ele foi chamado de Studio Display LCD, uma vez que dividia os holofotes com o irmão CRT visto logo aqui acima. O painel tinha resolução de 1024×768 pixels, com 230 nits de brilho e taxa de contraste de 300:1. Além da porta ADC, tínhamos 2 portas USB para conexão de periféricos.
Já o modelo de 17″ chegou no ano seguinte, em maio de 2001, justamente para substituir o Studio Display CRT. Ele tinha resolução de 1280×1024 pixels, brilho máximo de 250 nits e taxa de contraste de 350:1, além das mesmas portas em relação ao irmão menor. Seu preço de lançamento era de US$1 mil — na ocasião da sua chegada, o modelo de 15″ passou a custar US$600 —, mas a etiqueta foi reduzida para US$700 em janeiro de 2003.
Os dois irmãos não se despediram juntos: o modelo de 15″ saiu de cena em janeiro de 2003, enquanto o de 17″ perdurou até junho de 2004. Encerrada essa “primeira era” dos Studio Displays, a Apple deu prioridade aos Cinema Displays, que tinham tela widescreen — e o resto é história.
LCD, 27 polegadas (2022)
Agora, em 2022, o Studio Display está de volta — com um visual e características um tantinho diferentes do passado, naturalmente. O mais novo monitor da Apple segue a linguagem visual contemporânea da empresa, com construção em alumínio e vidro e um design que parece ser um misto do novo iMac com o Pro Display XDR.
Em termos técnicos, o novo Studio Display tem uma tela Retina 5K (LCD) de 27″, com resolução de 5120×2880 pixels (218 pixels por polegada), 600 nits de brilho e suporte a 1 bilhão de cores — esse artigo traz mais detalhes sobre o novo monitor.
Em termos de conectividade, o dispositivo tem uma porta Thunderbolt 3 (para conectar o computador, transmitir dados e 96W de energia) e três portas USB-C para conexão de periféricos. Temos ainda uma webcam ultra-angular de 12MP (com suporte ao recurso Palco Central), um sistema de seis alto-falantes, três microfones com qualidade de estúdio e um chip A13 Bionic próprio para lidar com tudo isso — sim, essencialmente o novo Studio Display tem o cérebro de um iPhone dentro dele.
Seu preço está na parte superior da linhagem dos Studio Displays: a Apple pede US$1.600 (ou R$18 mil) iniciais pelo novo monitor, mas a etiqueta pode subir ainda mais caso você opte pelo pedestal com ajuste de altura e/ou pelo revestimento com vidro nano-texture, que tem um tratamento especial microscópico para diminuir a reflexividade da tela em ambientes com muita luz.
Incluídos todos os opcionais, o novo monitor sai por US$2.300 (ou R$26 mil), o que faz dele o Studio Display mais caro já vendido pela Apple, superando em US$300 o modelo inaugural de 1998. Isso numericamente, porque se levarmos em conta a inflação de 1998 para cá, os US$2.000 daquela época equivaleriam a quase US$3.500 hoje. 😱
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