Diante da gigante inflação que vem assombrando o Brasil e o mundo, o ministro da economia, Paulo Guedes, deu uma declaração que está longe de ser verdadeira.
Como informou a CartaCapital, nesta sexta-feira (11/3), durante o evento de apresentação do plano nacional de fertilizantes no Palácio do Planalto, Guedes afirmou que “tem mais iPhones no Brasil que população”.
Segundo ele:
Os brasileiros têm um, dois iPhones, às vezes. Então, nós já somos um país de profundidade digital. A pandemia nos jogou mais rápido ainda em direção a esse futuro.
Eis a fala do ministro em vídeo:
Apesar de estar certo em relação ao coeficiente smartphone/pessoas no Brasil, Guedes erra ao dizer que existem “mais iPhones do que pessoas” no país. Pesquisas anteriores indicam que a Apple possui uma penetração baixíssima no mercado de smartphones brasileiro.
Como informou o Money Times, no Brasil — de acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de 2021, existem 242 milhões de smartphones para uma população de 212,6 milhões de pessoas. Ou seja, temos mais aparelhos do que pessoas, de fato.
Obviamente não podemos descartar o mercado de usados, mas o fato hoje é que o aparelho mais barato menos caro da Apple sai por R$4.200. E se traçarmos um paralelo com o salário mínimo, que é de R$1.212, é fácil perceber que a fala do ministro não faz nenhum sentido.
Uma pesquisa da StatCounter, por exemplo, indica que a Samsung lidera o mercado brasileiro com 40,54%. Ela é seguida pela Motorola (26,87%), depois pela Xiaomi (11,45%) e em seguida pela LG (9,48%). A Apple fica em último, com “apenas” 9,36%.
O cenário se confirma ao analisarmos os sistemas operacionais no Brasil, onde o Android tem a liderança disparada com 90,5%. O iOS, por sua vez, representa apenas 9,36% do mercado.
A única explicação é o iPhone ter ganhado tamanha representatividade para o ministro, a ponto de ele chamar “telefones” de iPhones — como quem fala “Xerox” em vez de fotocópia ou “Cotonete” em vez de haste flexível com algodão na ponta. Só pode. 😛
dica do @takaesudan