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AirTag

Perseguições já são 1/3 das denúncias relacionadas aos AirTags

O rastreador é pensado como uma forma simples de encontrar objetos perdidos ou furtados — mas, na prática, parte dos seus usos é muito mais perturbadora

Desde que o AirTag foi lançado, há cerca de um ano, levantou-se uma grande discussão acerca do potencial nocivo do rastreador da Apple: por seu tamanho diminuto e sua bateria de longa duração, o dispositivo poderia se tornar um instrumento para perseguições e abusos, expondo pessoas vulneráveis a riscos ainda maiores.

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Não deu outra: ao longo dos últimos meses, vimos vários casos de AirTags sendo usados para esses fins, enquanto a Apple deu início a uma corrida contra o tempo para introduzir recursos que coibissem (ou ao menos tentassem coibir) esse tipo de prática. Embora os recursos sejam realmente úteis, o fato é que, segundo uma reportagem recente da VICE, os rastreadores da Maçã continuam sendo utilizados para perseguir e assediar pessoas — especialmente mulheres.

A matéria obteve acesso a 150 relatórios policiais dos Estados Unidos com menções aos AirTags. De todos eles, menos da metade envolve situações de roubo ou furto — isto é, itens como bolsas ou bicicletas roubadas e rastreadas/recuperadas com ajuda dos rastreadores.

Em 50 dos relatórios (ou seja , ⅓ do total), o motivo do registro foi outro: pessoas que foram notificadas, no iPhone ou Android, sobre a presença de AirTags desconhecidos seguindo suas localizações — isto é, justamente casos de perseguição e stalking. Dos 50 casos, 49 foram registrados por mulheres; apenas um foi relatado por um homem que suspeitava que sua ex-namorada o estava perseguindo.

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Desses 50 casos, boa parte deles envolve ex-namorados ou ex-maridos que não aceitam o fim do relacionamento, e quase todos incluem também ameaças à integridade física ou psicológica das mulheres. Dos relatórios analisados, 25 vítimas conseguiram identificar um homem que possa ter colocado o rastreador em alguns de seus bens, como um veículo ou uma bolsa.

A matéria da VICE inclui informações básicas — sem identificação, obviamente — sobre alguns dos casos registrados. Em um deles, a vítima percebeu um objeto apitando constantemente toda vez que saía de casa e encontrou o AirTag escondido no seu carro; ao confrontar o ex-namorado, ele admitiu ter plantado o rastreador para descobrir se ela estava o “traindo”.

Outra vítima notou seu ex-namorado começar a aparecer em vários lugares em que ela estava, o que levou a descobrir o AirTag colocado em seus pertences. Uma terceira também descobriu o rastreador no seu carro depois que seu perseguidor prometeu “transformar sua vida num inferno”.

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Eva Galperin, diretora de cibersegurança da Electronic Frontier Foundation, foi ouvida pela reportagem e criticou severamente a Apple pela forma como o AirTag foi lançado:

Essa foi uma forma completamente ridícula de lançar um novo dispositivo, sem sequer levar em conta suas possibilidades de uso num cenário de violência doméstica. Especificamente, [me refiro ao] ponto cego que a Apple gerou para pessoas que vivem fora do seu ecossistema.

O “ponto cego” citado por Galperin refere-se à funcionalidade de um smartphone detectar um AirTag desconhecido movendo-se junto com você. No caso dos iPhones, esse recurso é embutido no próprio sistema, mas para todos os bilhões de usuários de smartphones Android ao redor do mundo, é necessário se lembrar de baixar um aplicativo e mantê-lo ativo a todos os momentos para identificar possíveis rastreadores lhe seguindo — algo impraticável para a maioria dos usuários.

O Google, vale notar, anunciou na semana passada estar trabalhando num recurso nativo para o Android que ajudará a identificar AirTags (e rastreadores de outras marcas) desconhecidos, mas a funcionalidade ainda está em fases iniciais de desenvolvimento e não há previsão de lançamento para ela.

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Fica a torcida, portanto, para que novos recursos sejam criados para proteger possíveis vítimas das perseguições — afinal de contas, por mais que a Apple não tenha criado o problema (rastreadores como o AirTag já existiam há bastante tempo), a empresa, por conta do seu tamanho e da sua influência inigualáveis, tem uma responsabilidade a mais na solução dele.


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via 9to5Mac

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