O Ministério Público Federal (MPF) deu ao WhatsApp um prazo de dez dias para que o mensageiro responda sobre a possibilidade de adiar o lançamento do recurso Comunidades, anunciado na semana passada, para o início de 2023. Segundo as informações, o pedido cita preocupações com as eleições presidenciais no fim do ano.
Além do prazo, o órgão explica no ofício enviado ao WhatsApp que a novidade, embora seja útil, poderá ser usada por grupos antidemocráticos em atos golpistas. Para sustentar a preocupação, o MPF relembra a invasão do Capitólio, sede do Congresso dos Estados Unidos, por apoiadores do ex-presidente Donald Trump no início de 2020. O episódio, vale notar, foi incitado pelo próprio republicano.
O MPF ressalta que o lançamento do recurso pode “aumentar a possibilidade de viralização de conteúdos”, comprometendo as medidas contra a disseminação de notícias falsas adotadas pelo próprio WhatsApp desde 2018.
Com isso, as Comunidades — que permitem a criação de até 256 grupos e o encaminhamento de mensagens para até 2.560 contatos de uma só vez — só seriam liberadas no Brasil após a cerimônia de posse, marcada para 1º de janeiro de 2023. O recurso já vem sendo disponibilizado em outros países de forma gradual.
Na semana passada, logo após anunciar a chegada do recurso, o WhatsApp reafirmou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sua intenção de lançá-lo apenas depois do segundo turno das eleições — ainda sim, antes da posse presidencial.
O movimento provocou críticas do presidente Jair Bolsonaro, que considerou a medida “inadmissível” em uma motociata em São Paulo, na última sexta-feira (15/4). Bolsonaro ainda prometeu que o adiamento não seria cumprido e que solicitaria uma reunião com o WhatsApp.
Em resposta à Reuters, o TSE esclareceu que a iniciativa de adiamento das Comunidades partiu do próprio mensageiro, e não de um acordo com o órgão.
via O Globo