O melhor pedaço da Maçã.

Análise da 1ª temporada de “Iluminadas”, do Apple TV+

Autor(a) convidado(a)

Vinícius Resende

Ex-flamingo da Miami Ad School e pós-graduando em Branding pela ESPM, Vinícius se deparou com a Maçã pela primeira vez em 2009. Desde então, a admiração desse paulistano pela marca segue crescendo — às vezes passa um Pano de Polimento de R$200 quando a Apple dá suas escorregadas. Já um verdadeiro apaixonado pelo mercado do entretenimento, paga sua assinatura da Apple TV+ com muito orgulho.

Eu soube que a Apple estava trabalhando numa adaptação de “Iluminadas” (“Shining Girls”) por meio da incrível notícia de que Elisabeth Moss e Wagner Moura estrelariam a produção lado a lado.

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Como brasileiro, tem sido uma satisfação enorme acompanhar a carreira de Moura e vê-lo conquistando cada vez mais visibilidade, reconhecimento e trabalhos de peso como esse. Sobre Moss, quando a conheci em “The Handmaid’s Tale”, me transformei instantaneamente em um stalker dos trabalhos dela. Por isso, ter esses dois astros reunidos em uma série da Maçã parecia o começo de uma receita perfeita, cujo cheiro do sucesso já invadia a casa dos mais ansiosos. Pena que, pela minha percepção, existe um infeliz desequilíbrio entre o elenco e a narrativa.

O Apple TV+ vem apostando muito em adaptações de livros e tem sido bem-sucedido na maioria das vezes. A transição das páginas para a tela é delicada, mas o formato de série é um facilitador para os contadores de história que querem ser mais fiéis e manter os detalhes importantes da obra original.

Aqueles que já leram o livro de Lauren Beukes que inspirou essa adaptação, costumam descrevê-lo como muito misterioso, complexo e original. Pela sinopse, a gente sabe que ele aborda assassinatos, investigação e até viagem no tempo — ou seja, um verdadeiro quebra-cabeça e desafio para o streaming, mas também uma oportunidade de aproveitar ao máximo esse enredo com tanto potencial. Eis que finalmente os oito episódios foram entregues — mas na minha humilde opinião, eles não entregam. O único episódio que me deixou bem contente foi o sexto, que nem conta com a participação da dupla dinâmica que a gente tanto queria apreciar.

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“Iluminadas” acompanha Kirby Mazrachi (Moss), uma arquivista do jornal Chicago Sun-Times que vive uma realidade instável após ter sofrido um ataque brutal, anos atrás. Quando ela descobre que um assassinato recente está ligado ao seu agressor, ela une forças com o repórter Dan (Moura) para descobrir o responsável pelos crimes, mas no meio do caminho, eles encontram similaridades estranhas com outros assassinatos que aconteceram ao longo do último século.

Na estreia em abril, os três primeiros episódios foram disponibilizados. Diria que foi a quantidade certa para envolver o espectador e fazê-lo embarcar na fantasia. Acho bom reforçar aos desavisados que, apesar de a série passar a primeira impressão de ser um drama mais “pé no chão”, ela tem uma mitologia fantástica por trás, o que para mim foi um ponto negativo já que essa mitologia nunca é explicada ou explorada o suficiente. Episódio após episódio, aparecem mais e mais perguntas que nunca ganham fundamento. Os próprios protagonistas chegam a um ponto no qual não sabem mais como continuar perseguindo suas pistas e provar tudo que coletaram, e isso desencadeia dois problemas.

O primeiro é o da própria história em si, que não consegue combinar devidamente os gêneros de crime e ficção. Existem muitos combos por aí que funcionam: terror e comédia, biografia e musical… mas aqui, eles não fazem dar certo. O outro problema está na paciência do espectador, que não é recompensada. A falta de respostas e de visão sobre os acontecimentos impedem que quem esteja assistindo vá se engajando de verdade com a investigação. Você começa a série tão aberto ao mistério, mas acaba caindo nesse mar de questões, sedento por alguma elucidação.

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Como mencionei, foi somente no sexto episódio que recuperei o brilho no olhar. Quando estava chegando ao ponto de me desconectar da trama, finalmente habemus explicações! E foi muito mais do que isso: parecia uma história à parte, muito instigante e focada no vilão, inclusive. A perspectiva e as possibilidades apresentadas, inclusive dos conceitos de viagem no tempo, foram tão interessantes que poderiam virar um filme. Mas nos episódios seguintes, esses aspectos foram abandonados novamente, então deixamos de ser apropriadamente apresentados às motivações do antagonista. Além disso, é incômodo ver como deixaram pontas soltas relacionadas à personagem de Moss.

Assistir a Moss e Moura é contar com pura presença e talento em tela. Eles são fantásticos, carismáticos e possuem uma sinergia muito boa e necessária. Jamie Bell também está excelente e medonho! Como Harper Curtis, ele fala, reage, provoca e intimida de uma maneira muito orgânica. O lado terrível dele não está em nenhuma risada perversa ou aparência macabra, mas sim na sua imprevisibilidade e obsessão. O elenco principal e de coadjuvantes é o que há de melhor, fora o time por trás das câmeras — os responsáveis pela direção, fotografia, figurinos, cenografia, maquiagem e demais envolvidos com certeza estão bastante orgulhosos e merecem todo o reconhecimento. Afinal, “Iluminadas”, no fim do dia, ainda é uma grande produção. A falha maior ficou realmente para o roteiro.

O mais engraçado é que, nos últimos dois episódios, o roteiro se esforça para fechar a narrativa tão rápido que não consegue construir a carga emocional de dois acontecimentos bem consideráveis — um feliz e outro triste. O espectador vai passar por eles sentindo metade do que poderia sentir, então além do meio mal desenvolvido, ainda terminamos com um gostinho meio amargo na boca. Acredito que a Apple poderia aprender um pouco com os erros dessa adaptação. Ela tinha todos os recursos para promover uma experiência audiovisual mais completa e de mais impacto do que a que realmente foi exibida.

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