A União Europeia aparenta estar levando a sério o caso do spyware Pegasus. Há algum tempo, o Parlamento Europeu afirmou que iniciaria um comitê de investigação sobre a questão e assim o fez, tendo publicado recentemente um relatório preliminar do Conselho da Europa.
Durante uma reunião do grupo, o diretor jurídico do NSO Group (dono da ferramenta), Chaim Gelfand, admitiu que a empresa cometeu erros, mas lembrou que diversos contratos deixaram de ser fechados por suspeitas de possível mal uso do Pegasus, como informou o POLITICO. Gelfand adicionou, ainda, que pelo menos cinco Estados-membros da União Europeia fizeram uso do spyware, prometendo dar um número exato no futuro.
Estamos tentando fazer a coisa certa e isso é mais do que outras companhias que trabalham na indústria fazem. Em todo os clientes [governos] para quem vendemos, fazemos investigações antecipadamente para avaliar o estado de direito no país. Mas trabalhar com informações disponíveis publicamente nunca será suficiente.
O eurodeputado e líder independentista catalão Carles Puigdemont, cujo dispositivo foi invadido com uso do Pegasus, defendeu o banimento completo do spyware. Ele citou uma medida dos Estados Unidos que colocou o NSO Group na lista de ameaças à segurança no país para reforçar a gravidade das atividades da companhia.
A sessão do comitê foi tensa, com discussões acaloradas. Vários membros do Parlamento Europeu (MEPs, na sigla em inglês) reclamaram em razão de falta de resposta a perguntas que fizeram. A eurodeputada polonesa Róza Thun, por exemplo, questionou quem estava verificando as condições do estado de direito na Polônia e na Hungria, enquanto o seu colega Bartosz Arłukowicz lembrou da contradição entre não ter acesso aos dados sobre a ferramenta e garantir que não haja abuso no que tange a eles.
O representante do NSO Group disse também que a empresa está ansiosa pela criação de um organismo internacional que regule o uso de spywares. O executivo comparou essa futura legislação ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, de modo que apenas os países que concordem com as regras tenham acesso à tecnologia.
O spyware Pegasus constitui um tema extremamente polêmico, já que o NSO Group não parece ter tantas restrições na prática quanto na retórica. Ativistas, funcionários governamentais de alguns países, um político da oposição polonesa e até mesmo o primeiro-ministro da Espanha Pedro Sánchez já tiveram seus smartphones invadidos pelo Pegasus. As técnicas envolvem até maneiras de invasão sem interação do usuário.
Complicado, hein?
via 9to5Mac