O vice-presidente sênior de serviços da Apple, Eddy Cue, depôs hoje no julgamento que investiga se o Google abusa ou não do seu poder como buscador; o mecanismo, como sabemos, é o padrão nos dispositivos da Maçã há pelo menos 21 anos.
Embora a parceria seja datada de 2002, Cue foi o responsável pelas renegociações de 2016 com o CEO1Chief executive officer, ou diretor executivo. do Google, Sundar Pichai, supostamente de olho em uma fatia maior da receita gerada pela gigante de buscas a partir dos usuários da Maçã.
Embora as cifras exatas não tenham sido reveladas publicamente, ambas as partes chegaram a um acordo cujos detalhes permanecem confidenciais. Como parte disso, o Google paga à Apple bilhões de dólares anualmente.
A questão central no julgamento é se a Apple escolheu o Google como mecanismo de busca padrão levando em consideração ganhos financeiros ou se acredita que ele oferecia a melhor experiência de busca.
No tribunal, Cue afirmou que a empresa nunca considerou seriamente a troca para outro provedor ou o desenvolvimento do próprio mecanismo de busca, enfatizando que não havia uma alternativa válida ao Google na época — e que ainda não existe.
A advogada Meagan Bellshaw questionou sobre as escolhas dos usuários durante a configuração do iPhone. Ela argumentou que a Apple poderia oferecer uma opção para que as pessoas optassem pelo mecanismo que quisessem, mas não o faz.
Cue argumentou que a escolha padrão simplifica a configuração e proporciona uma melhor experiência ao usuário. “Tentamos fazer com que as pessoas utilizem [o iPhone] o mais rápido possível. A configuração é apenas uma coisa crítica”, disse ele.
Durante o julgamento, o Departamento de Justiça disse que a Apple mantém o Google como parte central da sua plataforma devido aos pagamentos lucrativos que recebe, apesar de as práticas de privacidade do Google conflitarem com alguns valores da Maçã.
Adicionalmente, Cue também foi indagado sobre o impacto do acordo nos lucros da Apple, ao que ele respondeu que a empresa o enxerga como um elemento integrante da sua plataforma mais ampla, não sendo meramente uma fonte de lucro isolada.
Em uma sessão fechada, o advogado do Google John Schmidtlein destacou o sucesso histórico da parceria entre o Google e a Apple, enfatizando a integração perfeita entre os produtos das gigantes, especialmente no Safari.
Cue observou, ainda, que a combinação amigável do Safari entre a barra de URL e a de busca foi uma inovação que tornou a busca na web mais acessível.
Antes de 2003, a maneira de buscar na web era inserir “google.com” na barra de URL, ou você poderia inserir outra URL. Tivemos a ideia de que, se você digitasse algo na barra de URL que não fosse uma URL, ele automaticamente iniciaria uma busca.
Schmidtlein argumentou que o Google teve sucesso com o Safari porque seu produto era superior, não porque tenha havido coerção. Ele mencionou as parcerias da Apple com o Yahoo e o Bing como exemplos, destacando que a troca de mecanismos de busca era um processo simples e voluntário.
Bellshaw brevemente contestou essa ideia, mas o depoimento de Cue chegou ao fim. Além do executivo, outras importantes testemunhas também deverão depor, mas as datas ainda não foram divulgadas. Nós, é claro, continuaremos acompanhando os próximos capítulos dessa novela!
via The Verge
Notas de rodapé
- 1Chief executive officer, ou diretor executivo.