Um grupo de mais de 400 roteiristas e showrunners enviou uma carta a empresas como Netflix, Disney, Amazon e Apple pedindo protocolos específicos para proteger grávidas em estados americanos onde o aborto foi proibido.
Vale lembrar que o histórico julgamento da Suprema Corte do país do caso Roe v. Wade, que assegurava o direito a realizar o procedimento, foi revertido em junho, de forma que a prática foi completamente banida em estados como Geórgia, Louisiana e Texas.
A carta, que teve a assinatura de personalidades como Shonda Rhimes (“Grey’s Anatomy”), Issa Rae (“Insecure”), Amy Sherman-Palladino (“Gilmore Girls”) e Lilly Wachowski (“Matrix”), enfatizou o repúdio pela reversão do Roe v. Wade, bem como a necessidade de as empresas “garantirem que as pessoas empregadas consigam realizar o aborto em estados onde o procedimento ainda é permitido”.
Os signatários solicitaram que as empresas publiquem políticas e procedimentos para prover subsídios às pessoas que necessitem realizar a interrupção da gravidez nos EUA, bem como que o histórico médico seja resguardado. Além disso, pediram que seja deixado claro o escopo dos planos de saúde fornecidos aos empregados pelas empresas.
É requisitado, ainda, que as pessoas sejam resguardadas de possíveis processos contra quem contribua para a realização de abortos. Também se urgiu para que as empresas interrompessem doações contra candidatos e PACs (political action committees, ou comitês de ação política, bastante importantes na política americana) antiaborto.
Foi dado um prazo de dez dias úteis, a partir da publicação do texto, para que as companhias do ramo audiovisual deem respostas por escrito quanto ao demandado. A carta não tratou de consequências caso o pleito não seja atendido, mas os nomes de peso ajudam no sentido de fazer os pedidos serem atendidos.
Vale notar que a Apple, em um memorando interno do ano passado, expressou apoio a funcionárias que necessitassem realizar abortos fora do próprio estado — no caso de este proibir o procedimento. O documento circulou após a aprovação de uma lei antiaborto no Texas, a qual baniu o ato após a detecção do batimento cardíaco fetal. A Netflix também já emitiu opiniões parecidas.
É interessante perceber como as solicitações são feitas às empresas e não a uma autoridade governamental — que originalmente seria o poder competente pela asseguração de direitos dos cidadãos.
Vamos ver quais serão a resposta das gigantes do entretenimento.
via Variety