A Índia tinha, até mais de 70 anos atrás, um sistema de castas codificado em lei, que tem origem na tradição e religião do país. Apesar de ter sido legalmente abolida, a lógica segue em vigor na sociedade indiana, o que é um problema bastante complicado por lá. Com o afluxo de engenheiros e outros profissionais indianos para trabalhar em empresas americanas, essa questão também vem junto.
E a problemática já começou a reforçar que ainda é algo do presente — e até mesmo fora da Índia. Em 2020, o órgão regulador trabalhista da Califórnia (Estados Unidos) processou a Cisco. O objeto do caso foi um trabalhador de origem indiana — e de uma casta mais baixa — que acusou dois chefes de castas mais altas de impedir sua promoção.
Com isso, começou uma pressão por parte de ativistas e grupos que atuam na área por medidas antidiscriminação que incluam explicitamente as castas. A Apple e a IBM tomaram a dianteira nesse âmbito, já que fizeram a inclusão em suas respectivas políticas internas globais de regras de trabalho, e não apenas na Índia.
A Apple confirmou que “atualizou a linguagem alguns anos atrás para reforçar que proibimos a discriminação ou assédio baseado em castas”. Além disso, a Maçã afirmou que “nossas equipes avaliam nossas políticas, treinamento, processos e recursos continuamente para garantir que são abrangentes. Temos um time global e diverso e temos orgulho de nossas políticas e ações refletirem isso”.
Outras empresas, como Amazon, Dell e Meta, não condenam explicitamente a discriminação por castas. O Google, por exemplo, afirmou que as suas regras já contemplam esse tipo de preconceito, enquanto a maioria reforçou que tem tolerância contra a referida prática. Um grupo de 1.600 empregados da gigante das buscas, porém, cobrou da empresa um tratamento mais explícito da problemática.
Conforme lembrou a Reuters, essa questão não deve ter um fim apenas com a modificação das políticas internas das companhias. Embora isso seja importante, a base para muitas empresas, bem como para diversas esferas da vida — como o caso contra a Cisco, por exemplo —, é a lei.
Nesse sentido, a cobrança principal é no sentido de que a legislação americana seja atualizada para também incluir explicitamente medidas antidiscriminação que visem as castas. “A maioria das empresas simplesmente cita estatutos estaduais e federais que listam as categorias protegidas”, disseram advogados trabalhistas ouvidos pela agência de notícias.
Além disso, como é de se esperar, quando um direito passa a ser resguardado por uma norma, o número de reclamações em torno dele costuma aumentar bastante. É algo que as companhias devem levar em conta nessa questão, desse modo. A Apple negou-se a comentar um possível aumento no número de queixas sobre discriminação por castas após a modificação em suas regras internas.
via Slashdot