O bastante especulado plano da Netflix com propagandas aparenta estar realmente tomando forma. Após ser idealizado como resposta à diminuição do número de assinantes, essa modalidade do serviço já teve alguns detalhes discutidos, como o catálogo mais reduzido e a impossibilidade de baixar conteúdos no dispositivo.
Desta vez, temos mais algumas informações sobre o novo plano, incluindo o seu possível preço: entre US$7 e US$9 por mês. Para ter uma ideia, o plano mais básico, com exibição em apenas uma tela, custa atualmente US$9,99 mensais nos Estados Unidos, enquanto o preço do plano padrão, de duas telas, sai por US$15,49 mensais.
Dessa forma, considerando uma diminuição de cerca de 20%, podemos estimar que a nova assinatura custaria algo entre R$17,90 e R$19,90 por mês no Brasil, tendo em vista que o atual plano mais barato tem o valor de R$25,90 mensais por aqui. A ideia, globalmente, é atrair consumidores que querem pagar menos, além de evitar a debandada de assinantes.
Além disso, mais minúcias foram reveladas sobre a nova modalidade de assinatura da Netflix. Os anúncios seriam, em média, de quatro minutos para cada hora de conteúdo reproduzido. Eles reproduziriam antes e durante o consumo de filmes e séries, mas não depois. TVs a cabo, por exemplo, apresentam uma média de dez minutos de publicidade por hora de programação.
Algo interessante é que a empresa está buscando evitar modelos de anúncios muito maçantes — em que a mesma propaganda é reproduzida várias vezes para a mesma pessoa, embora sem direcionar anúncios específicos com base em interesses captados. Conteúdos infantis e filmes originais Netflix deverão continuar sem anúncios, mesmo no novo plano — o que o tornaria a escolha perfeita para contas usadas apenas para reproduzir esse tipo de filme e série.
A assinatura poderá chegar a uma meia dúzia de países nos últimos três meses do ano, enquanto uma expansão maior ficaria para o início do próximo ano. Os estúdios produtores de filmes e séries tendem a preferir que os anúncios sejam direcionados a produções mais antigas; conversas com esses players também deverão moldar o plano.
Grande parte do trabalho de gerenciar anúncios deverá ficar por conta da Microsoft, que ganhou o direito de ser a parceira exclusiva de publicidade da Netflix. A dona do Windows já estaria em contato com agências e parceiros comerciais, enquanto a gigante do streaming estaria em conversas com produtores de filmes e televisão.
A expectativa é de que a nova modalidade de assinatura gere US$8,7 bilhões (cerca de R$43,6 bilhões) para a Netflix anual e globalmente, a partir de 2027. A empresa já tentou outras iniciativas para compensar perdas de assinantes, como um plano mais barato que funciona apenas em aplicativos móveis, embora apenas na Índia, na Malásia, na Nigéria, no Quênia e na África do Sul.
Outras companhias do ramo estão tomando o mesmo rumo que a Netflix. O Amazon Prime Video e o Hulu já têm anúncios; o Disney+ já está trabalhando em plano mais barato com publicidade e o serviço que resultar da fusão entre HBO Max e Discovery+ também deve contar com uma modalidade de assinatura similar.
via Bloomberg