O melhor pedaço da Maçã.
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iOS e Android - iPhone encostado em um Android

As 5 melhores coisas do iPhone que o Android não tem

É hora da revanche

No ano passado, oficializei aqui no MacMagazine a minha, digamos, saída do armário tecnológica quando me declarei um usuário de Android de longa data e listei o que seriam, na minha experiência, os cinco principais aspectos nos quais o sistema do robozinho supera o iOS e o iPhone.

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Não era minha intenção, e ainda não é, colocar um sistema acima do outro em termos de qualidade geral ou preferência — até porque, sinceramente falando, não tenho grande fidelidade a uma plataforma ou outra e me sinto confortável o suficiente para mudar conforme a direção dos ventos (e, por ventos, leiam custo-benefício dos aparelhos mais interessantes de cada sistema).

Pensando nisso, estou aqui hoje fazendo um contraponto ao meu próprio artigo anterior. Afinal de contas, equilíbrio é tudo, não é mesmo?

Explico: apesar de continuar com meu Galaxy S8 velho de guerra como celular do dia a dia, aceitei o, digamos, desafio de passar algumas semanas usando um iPhone 13 Pro Max emprestado [obrigado, Ivan!] para ter um gostinho do melhor que o iOS pode oferecer atualmente — e, com isso, listar quais são os melhores pontos do sistema da Maçã perante a concorrência… pelo menos aos meus olhos, claro.

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Para a surpresa de poucos, o que eu encontrei foi, no geral, uma experiência muito semelhante à dos meus velhos dias de iPhone. Claro, o iOS evoluiu muito ao longo da última década — e eu, escrevendo para o MM ao longo dos últimos seis anos, tive a sorte de acompanhar essas evoluções de perto, ainda que sem utilizar o sistema cotidianamente.

Portanto, o que vocês verão abaixo é uma lista que combina características já consagradas do iOS com alguns elementos (relativamente) recém-chegados, que logo de cara me chamaram a atenção como aspectos que de fato ampliam e aprofundam a experiência com o sistema móvel da Apple. São elementos que, a meu ver, não são encontrados no Android e, portanto, equilibram a dicotomia entre os dois sistemas.

Vamos ver?

Atualizações de segurança

O primeiro quesito, e possivelmente o mais importante de todos entre os que trataremos aqui, continua o mesmo desde basicamente sempre. Mesmo com várias iniciativas no universo do Android para corrigir esse cenário, é inegável: os iPhones simplesmente são atualizados por mais tempo.

Atualização automática do iOS

É bem verdade que as atualizações do iOS não vêm iguais para todos os aparelhos: iPhones mais antigos ficam de fora de vários dos recursos mais modernos, e não são poucos os casos em que determinados updates acabam tornando alguns aparelhos lentos ou pouco responsivos além da conta. Ainda assim, as atualizações são essenciais para manter os aparelhos seguros, uma vez que elas corrigem falhas, tampam vulnerabilidades e fazem pequenos ajustes que melhoram a confiabilidade dos dispositivos.

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Para que tenhamos uma ideia, o iPhone mais antigo ainda atualizado é o iPhone 6s [Plus], lançado em 2014 — sim, já sabemos que o vindouro iOS 16 deixará ele (e o iPhone 7 também) para trás, mas ainda assim, são quase oito anos de updates. Se levarmos em conta apenas atualizações de segurança, podemos até mesmo voltar ao iPhone 5s, lançado em 2013, há nove anos!

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Mesmo que se considere a família do 6s como uma anomalia, a média dos iPhones recentes não está muito abaixo disso: no geral, os usuários podem ter a confiança de que seus aparelhos serão atualizados por ao menos seis, sete anos — muito mais do que a vida útil média de um smartphone.

Do outro lado do muro, no Android, a Samsung é a empresa que faz as promessas mais ambiciosas atualmente em termos de longevidade: são quatro anos de atualizações de segurança para seus aparelhos lançados de 2019 em diante. Para os flagships de 2021 e 2022, o prospecto é melhor: até quatro anos de atualizações de sistema e cinco anos de atualizações de segurança. Como as promessas são recentes, entretanto, só o tempo dirá se a sul-coreana irá de fato cumpri-las.

O próprio Google não supera as promessas da Samsung: para os smartphones Pixel, são apenas três anos de atualizações (de sistema e segurança) — com a vantagem de, por ser a própria desenvolvedora do Android, os updates chegarem mais rápido. Outras fabricantes relevantes, como a Motorola e a OnePlus, também prometem algo em torno de três ou quatro anos de atualizações.

Integração

Esse aqui é outro ponto que não mudou ao longo dos anos — sempre foi algo forte do iPhone e, com alguns recursos liberados nos últimos anos, ficou ainda mais persuasivo: a integração do smartphone da Apple com outros produtos e com o ecossistema da empresa continua sendo inigualável.

Sistemas operacionais da Apple em fase de testes (beta)

Anteriormente, esse ponto era válido apenas para quem tinha mais de um produto Apple em casa — algo especialmente difícil considerando a nossa economia e o preço de um Mac, iPad ou Apple Watch por aqui.

Hoje, a máxima ainda vale, mas é possível desfrutar do ecossistema da Maçã sem necessariamente gastar dezenas de milhares de reais numa família de produtos: isso pode ser feito simplesmente utilizando os serviços da empresa, como o Apple Music, o Apple TV+ e o iCloud.

Se você tiver condições de investir num Mac, num iPad e/ou num Apple Watch, os benefícios são ainda maiores: basta ver recursos como a Área de Transferência Universal, o Handoff, o AirDrop, o AirPlay, a sincronização de abas no Safari e dos AirPods em todos os seus dispositivos, o recurso “Inserir do iPhone”… a lista é enorme, e muitas das coisas você acaba descobrindo durante o próprio uso dos aparelhos.

Resumo da ópera: é uma experiência que, com o mesmo grau de suavidade e daquele fator “simplesmente funciona”, ainda não existe em nenhuma outra marca ou sistema operacional.

Widgets

Taí um ponto que um viajante no tempo vindo de 2019 certamente cairia para trás ao ver num artigo como este. Mas é a mais pura verdade: desde que os widgets chegaram ao iPhone, no iOS 14, eles acabaram se tornando uma camada extra — e muito bem-vinda — de interação com aplicativos e informações.

Obviamente, ainda há muito o que ser melhorado: nem todos os apps oferecem widgets próprios, e ainda não é possível criar experiências de interação profundas com os elementos que você coloca na sua tela de Início. Ainda assim, os widgets do iOS, em pouco menos de dois anos, já superaram com folga os do Android.

O problema, no caso do sistema do robozinho, é que a funcionalidade basicamente parou no tempo. Os apps que ainda oferecem o recurso têm widgets com aparência defasada e funcionamento capenga, que frequentemente causa lentidão no aparelho como um todo. O Android 12 até tentou corrigir o problema dando novos recursos e APIs1Application programming interfaces, ou interfaces de programação de aplicações. para os widgets, mas — ao menos até o momento — pouca coisa mudou. Vejamos o que o futuro nos trará em relação a isso.

Já no iOS 16, teremos a chegada das Live Activities, que nada mais são do que widgets que ficam ali, mostrando um conteúdo muito importante para aquele momento. Ou seja, o recurso da Apple ficará ainda melhor.

Atalhos

Este é um outro ponto relativamente recente no ecossistema do iOS e que, em questão de poucos anos, tornou-se um aspecto fortíssimo do sistema — para quem sabe aproveitar as suas potencialidades, pelo menos.

Basicamente falando, os Atalhos (ou Shortcuts, como queira) do iOS permitem automatizar uma enorme quantidade de tarefas que você realiza no seu cotidiano. Para isso, o aplicativo conecta-se aos seus aplicativos e a uma série de recursos nativos do sistema, como a Siri, o Spotlight, o HomeKit, o AirPlay e muito mais.

Com isso, você pode criar “receitas” (os atalhos propriamente ditos) que são ativadas a partir de um gatilho específico — uma ação realizada no aparelho, a chegada em alguma localização, um horário do dia, você que manda.

Isso permite que você crie atalhos desde os mais básicos — como ligar as luzes da sua sala conectadas ao HomeKit quando você chegar em casa, por exemplo — até rotinas bastante complexas. E eles também dão “recursos extras” ao iPhone, por assim dizer: você pode ter atalhos que criam GIFs a partir das suas Live Photos ou compartilham sua rede Wi-Fi por meio de um código QR, por exemplo.

A melhor parte é que, com o tempo, os Atalhos tornaram-se uma verdadeira plataforma e você sequer precisa criar um atalho do zero. Você pode encontrar repositórios enormes na internet com atalhos populares — o gigantesco arquivo do MacStories, por exemplo — e checar novidades nos seus sites favoritos: aqui no MM, nós frequentemente destacamos atalhos interessantes e úteis.

Bloatware? Aqui não!

Ok, ok: a bem da verdade, este item não é exatamente uma coisa boa que o iPhone tem e o Android não — na verdade, é justamente o contrário.

Ainda assim… dando uma breve olhada no meu Galaxy S8 neste momento, consigo encontrar: dois navegadores, dois aplicativos de email e, pasmem, duas lojas de apps. Notem que estou contando aqui apenas elementos que não podem ser desinstalados — no máximo desativados.

Ah: por algum motivo, os aplicativos do Facebook, do OneDrive, do Word, do PowerPoint e do Excel — para ficar apenas em exemplos que não têm nenhuma relação com o Google ou a Samsung — também podem ser, no máximo, desativados.

Obviamente, a situação pode ser diferente em modelos mais novos da Samsung ou em aparelhos Android de outras fabricantes. Ainda assim, o cenário geral é um só: se você quer fugir do bloatware, sua única saída garantida é adquirir um smartphone Pixel — e sabemos que eles não são os dispositivos mais fáceis do mundo de se colocar as mãos, especialmente no Brasil.

Falamos muito sobre as desvantagens do controle obsessivo que a Apple mantém sobre o iOS (esse foi um ponto muito discutido no meu artigo anterior desta série), mas, neste caso, não há para onde fugir: a corda curta com que a Maçã rege a sua plataforma cria uma experiência muito mais limpa, sem redundâncias nem aplicativos inúteis ou indesejados pesando o seu armazenamento.

Algumas menções honrosas

Agora que já passamos pelos cinco aspectos que considero os principais nesta reflexão, citarei alguns que também podem, dependendo do seu uso ou das suas circunstâncias, entrar nessa lista.

O AirPlay é uma lembrança óbvia, e foi inclusive citado no quesito da integração ali acima. Ele quase tornou-se um elemento próprio no Top 5, mas optei por deixá-lo de fora por alguns motivos: além de o ecossistema do protocolo ser relativamente limitado e caro, o Google já oferece há alguns anos um concorrente deveras sólido — e mais difundido — com o Google Cast.

SharePlay

O FaceTime (e, por consequência, o SharePlay) não entrou por uma razão parecida: no mundo ideal, colorido e cheiroso sonhado pela Apple, onde todos usam iPhones, iPads e Macs, o serviço de videochamadas é realmente matador em sua simplicidade e estabilidade. O fato é que tudo isso cai por terra em lugares como o Brasil, onde você terá uma quantidade bem limitada de pessoas com quem poderá se comunicar desta forma.

Sob o risco de começar a me repetir, o iMessage também seria uma vantagem excelente do ecossistema do iPhone… se nós tivéssemos como usá-lo com mais pessoas — e se ele fosse, de fato, um bom mensageiro. 😛

Mudando um pouco de tônica, um recurso que muito me agrada no iPhone mas não entrou por ser específico demais é a possibilidade de silenciar todas as chamadas de números desconhecidos. Algumas fabricantes incluem essa funcionalidade em suas versões do Android, mas ela não existe no sistema nativamente — e, ao menos para mim, faz muita falta.

Também me agrada, no iPhone e especialmente no iPad, o sistema de drag & drop consolidado pela Apple ao longo dos últimos anos. Apesar de não ser algo que eu tenha usado com muita frequência, o recurso provou-se particularmente útil em alguns cenários e funcionou de maneira surpreendentemente previsível/estável.

Já meu lado de fotógrafo frustrado me compele a citar o ProRAW como um diferencial interessante. Entretanto, ele não vai ganhar um espaço só dele por ser extremamente exclusivo — apenas iPhones 12 Pro [Max] e 13 Pro [Max] suportam esse tipo de captura — e específico, no sentido de que apenas fotógrafos e entusiastas de fato aproveitarão seus benefícios.

Por fim, vocês podem estar se perguntando a razão de eu ainda não ter citado a questão da privacidade. Sim, é bem verdade que a Apple sacudiu o mundo dos anúncios digitais com a Transparência do Rastreamento de Apps e tem levantado essa bandeira de maneira bem enérgica, mas a Maçã não é exatamente o anjo exterminador que nos salvará definitivamente das garras dos rastreadores e da devassidão da internet.

Além disso, o Google já anunciou medidas de privacidade parecidas com as do iOS para o Android. Podem me chamar de ingênuo, mas até o lançamento de fato das novidades, vamos dar este voto de confiança a Mountain View. ¯\_(ツ)_/¯


E aí, concordam com as minhas considerações? Deixem comentários, elogios, críticas, dúvidas, angústias e o que mais estiver em vossas mentes logo abaixo. Até a próxima!

Notas de rodapé

  • 1
    Application programming interfaces, ou interfaces de programação de aplicações.

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