Não é nenhuma novidade que a Apple vem intensificando seus esforços para expandir geograficamente a área de fabricação dos iPhones — até agora massivamente concentrada na China. A razão seria a crescente tensão entre Taiwan e Pequim, bem como as preocupações dos Estados Unidos com o avanço tecnológico em solo chinês.
Mas essa meta traçada pela Apple será bem difícil de ser conquistada, pelo menos de acordo com informações do The New York Times. Isso porque a empresa não só depende da China para a produção, como também para o desenvolvimento dos iPhones.
Segundo a publicação, funcionários e fornecedores da China contribuíram mais do que nunca com trabalhos complexos para o “iPhone 14”, que será lançado hoje — o que inclui aspectos como design de fabricação, alto-falantes e baterias.
Tamanho envolvimento do núcleo chinês, inclusive, já pode fazer com que o iPhone seja considerado um aparelho desenvolvido em dois países, não apenas nos EUA (na Califórnia), como ele é apresentado hoje.
Os esforços da Apple para diminuir a participação da China esbarram até mesmo no aumento da fabricação na Índia, visto que empresas chinesas com operação no país terão papel fundamental na fabricação de alguns iPhones. A Foxconn, por exemplo, liderará o trabalho de indianos com o apoio de fornecedores chineses próximos — como BYD e Lingyi iTech.
O aumento da participação chinesa na fabricação de iPhones se deu especialmente na pandemia da COVID-19. Enquanto engenheiros americanos relutavam viajar à Ásia devido às incertezas da quarentena, a Apple incentivou funcionários da China a liderar reuniões antes comandadas por trabalhadores da Califórnia.
Somente neste ano, a Apple aumentou em 50% o número de empregos no país asiático em relação a 2020, o que coincidiu com o aumento também do número de fornecedores chineses nos últimos anos. Atualmente, eles correspondem a mais de 25% do valor de um iPhone — número que era de 3,6% há uma década.
Mas esse não é um jogo em que apenas um lado ganha, visto que a Apple se beneficiou com a estabilidade fornecida pela China na fabricação de iPhones, principalmente na pandemia. Isso ajudou a Maçã a aumentar sua participação de mercado e a vender o maior número de smartphones na sua história.