Quem nunca viu um anúncio online bem pouco verdadeiro sobre controlar o smartphone com o cérebro? Certamente, é um daqueles assuntos no rol de ficção científica bastante imaginário da tecnologia — ao menos até agora, tendo em vista uma nova tecnologia que permite que isso seja feito.
De acordo com o Semafor, a Synchron, com sede em Nova York, é a única empresa com autorização da Food and Drug Administration (FDA, a Administração de Drogas e Alimentos) dos Estados Unidos para realizar testes com implantes cerebrais computacionais. A companhia criou o Switch, atualmente utilizado por seis pacientes — o único que funciona com dispositivos da Apple.
A tecnologia funciona da seguinte maneira: um conjunto de sensores chamado de Stentrode é inserido no cérebro por meio de um vaso sanguíneo, em um procedimento minimamente invasivo. Eles são, então, controlados por meio do Synchron Switch, implantado no peito do paciente. O diferencial é justamente a simplicidade, não requerendo neurocirurgias complexas, por exemplo.
O implante é treinado para reconhecer os sinais cerebrais ao mexer o pé, por exemplo, transformando-os em digitação. O Semafor entrevistou um paciente que mora na Austrália, tem esclerose lateral amiotrófica e usa o implante. Ele conseguiu escrever mensagens curtas, de apenas uma palavra, embora ainda assim conseguindo se comunicar, como podemos ver abaixo.
“Estamos animados em relação ao iOS e aos produtos da Apple, porque eles são tão únicos. E esse seria o primeiro controlador cerebral posto no dispositivo”, disse Tom Oxley, cofundador e CEO1Chief executive officer, ou diretor executivo. da Synchron. A Apple também investe nessa área, inclusive tendo pessoal próprio trabalhando no campo em algumas instituições.
Outras empresas, como a Neuralink (de Elon Musk) e a Microsoft, também têm iniciativas no mesmo sentido, para viabilizar o controle de dispositivos por meio do cérebro. A diferença é que, como lembrou Gillian Hayes, professor de informática da Universidade da Califórnia, a tecnologia da Synchron une a inovação a processos simples e já dominados.
Além das dificuldades ainda existentes na implementação, como a complexidade de neurocirurgias e barreiras para captar os sinais cerebrais e do corpo em geral, existem preocupações com a privacidade em meio ao uso do cérebro nesse contexto. O Conselho da Europa (instituição de fiscalização), por exemplo, pediu em 2020 [PDF] por regulações do setor, lembrando da necessidade da criação de novos direitos com os avanços tecnológicos.
De qualquer forma, é uma grande novidade — em especial para pessoas com deficiência, permitindo uma maior inclusão desse grupo populacional.
via 9to5Mac
Notas de rodapé
- 1Chief executive officer, ou diretor executivo.