Já mostramos casos em que o novo recurso Detecção de Acidentes — que chegou com os iPhones e Apple Watches lançados em 2022 — ajudou a salvar vidas, mas também situações nas quais ele acabou detectando acidentes erroneamente — principalmente em regiões onde é comum a prática de esqui.
Esses “falsos positivos” continuam sendo relatados, tanto que foram tema de uma matéria do The New York Times, o qual relatou que call centers de emergência nessas regiões têm sido “inundados com chamadas automáticas e inadvertidas” — dezenas ou até mais por semana.
Tina Dummer, diretora dos serviços de emergência do condado de Summit (Colorado, Estados Unidos), alegou que foram recebidas 185 ligações entre os dias 13 e 22 de janeiro — o que começou a, de certa forma, dessensibilizar os atendentes.
Em Grand County, onde fica uma montanha movimentada, por exemplo, o xerife local decidiu dar menos atenção às chamadas originadas com o recurso ao ignorar ligações em que não há ninguém do outro lado da linha.
Segundo ele, nenhuma das chamadas “fantasmas” que já recebeu foram emergências reais. No Colorado, os “despachantes” afirmaram ter problemas para relembrar alguma situação na qual um relógio tenha salvado um esquiador em perigo.
Por meio do porta-voz Alex Kirschner, a Apple — que chegou a enviar representantes para observar a equipe de Dummer e vem coletando feedbacks sobre os falsos alertas — alegou estar ciente de cenários específicos em que o recurso aciona serviços de emergência erroneamente.
Afirmando ter soltado atualizações para os dispositivos no final do ano passado a fim de otimizar a tecnologia e reduzir o problema, a empresa também destacou que, quando um acidente é detectado, o relógio vibra e toca um expressivo alerta sonoro para mostrar ao usuário que uma ligação de emergência está sendo feita — ele tem dez segundos para cancelá-la ou informar ao atendente que se trata de um engano.
Como destacou o jornal, a tecnologia de Detecção de Acidentes é uma espécie de evolução da Detecção de Queda presente nos Apple Watches desde 2018. Embora já tenha salvado muitas vidas — como a gente vem mostrando desde então —, o recurso já apresentou o mesmo problema envolvendo esquiadores em 2019.
Como destacou o jornal, algum padrão na movimentação dos esquiadores parece driblar a tecnologia e — como eles usam capacetes e várias camadas de roupas —, geralmente não percebem a vibração e nem escutam o aviso de que uma ligação está sendo feita. Muitos simplesmente podem confundir com uma ligação comum e não se dispõem a tirar o aparelho do bolso enquanto estão em um momento de diversão.
Mesmo que a Apple claramente tenha boas intenções com a Detecção de Acidentes — o que é louvável —, claramente alguma coisa deverá ser feita para resolver esse problema. Embora o recurso tenha sido testado em situações de acidentes e em laboratório, a empresa parece ter ignorado a questão específica dos esquiadores — mesmo com o histórico supracitado.
Obviamente, não esperamos que um recurso do gênero não conte com alarmes falsos, mas eles deveriam ser uma exceção — e não a regra. Como são muitos os casos, em vez de salvar vidas, a tecnologia pode acabar até mesmo retardando o envio de ajuda àqueles que realmente precisam de socorro.
Enquanto a Maçã não resolve o imbróglio, alguns fazem o que podem. Uma das montanhas onde há a prática de esqui, inclusive, conta com placas em elevadores e bilheterias alertando sobre o problema envolvendo os novos Apple Watches e os iPhones 14 — incentivando os frequentadores a atualizar o dispositivo ou até mesmo a, vejam só, desativar o recurso. 🤷🏻♂️