A automação residencial é um mercado cada vez mais presente no mundo moderno, de modo que a escolha de um sistema de casa inteligente (smart home) específico se torna por vezes uma tarefa que pode deixar muita gente em dúvida sobre em qual investir.
No mercado, existem muitos frameworks que servem para auxiliar os usuários com essa automatização, sendo os mais conhecidos deles o HomeKit (da Apple), o Google Home (como o próprio nome diz, do Google) e a Alexa (da Amazon).
Cada um deles conta com seus prós e contras, e iremos nos aprofundar em cada detalhe sobre os três neste comparativo!
É importante frisar que não se trata de um review para tentar definir um ou mais dispositivos como sendo “o melhor”, e sim um apanhado informativo sobre o que esperar de cada um deles, bem como o modo e por quais dispositivos eles operam.
Assistentes pessoais
Primeiro, vale destacar que todos os sistemas funcionam com o auxílio de uma assistente pessoal virtual. Inclusive, eu diria que elas são o “cérebro” deles, visto que embora aplicativos sejam úteis em determinadas ocasiões, não é nada prático ter que abri-los para executar algum comando toda vez que pretendemos simplesmente acender uma lâmpada, por exemplo.
Por isso, as assistentes são bastante úteis, uma vez que elas estão disponíveis a todo momento para ouvir nossos chamados — seja em dispositivos mais especializados (um hub ou alto-falante) ou usando meios alternativos, como o próprio celular.
A seguir, falaremos dos assistentes pessoais dos três frameworks alvos da nossa análise, bem como os principais dispositivos capazes de funcionar como um hub para eles.
Siri
Tendo nascido em 2007, surgindo como uma assistente de voz independente num aplicativo para iOS, a Siri foi adquirida pela Apple em 2010 e virou a assistente de voz padrão nos dispositivos da empresa a partir do ano seguinte.
De lá para cá, ela foi adicionada aos iPhones, iPads, Macs, Apple Watches, Apple TVs e HomePods — este último, um dispositivo projetado especialmente para funcionar com a assistente, mesmo que a ideia principal da sua criação tenha sido reproduzir músicas com o Apple Music.
Uma coisa interessante a ser comentada sobre a Siri diz respeito à sua personalidade, que é um tanto quanto “morna” em relação às das demais assistentes. Basicamente, ela apenas faz aquilo que pedimos, não sendo a melhor delas, por exemplo, caso o que você queira seja algo como imitar o som de um animal.
Porém, a Siri pode fazer praticamente tudo o que esperamos de um dispositivo do gênero, quando o assunto é casa inteligente — como ligar e desligar luzes, tocar uma música, informar a previsão do tempo, enviar recados de voz para outros cômodos, dentre outras utilidades.
Um ponto muito interessante sobre a assistente é que, como ela está diretamente vinculada à conta do iCloud, ela pode reconhecer informações implícitas baseada nos dados armazenados em apps como Contatos ou Calendário. Isso lhe permite usar comandos como “ligue para meu irmão” ou “faltam quantos dias para o aniversário da minha mãe?”.
Em tempos de ChatGPT, também é de se esperar uma certa dependência por respostas conectadas, as quais não estão presentes na Siri. Não é possível interagir com ela como faríamos em uma conversa normal, o que impossibilita também fazer questionamentos referentes a perguntas ou respostas anteriores.
Alexa
A Alexa é bem mais nova que a Siri — tem praticamente a metade da idade da rival —, mas engana-se quem acha que isso faria dela menos funcional que a assistente virtual da Maçã. Muito pelo contrário, visto que a assistente é bastante conhecida por suas “1.001 utilidades”.
Pra começo de conversa, é importante destacar que a Alexa já nasceu especialmente para servir como uma assistente com comandos de voz para casa inteligente, tendo sido amplamente distribuída a partir de 2015 como parte dos alto-falantes inteligentes Echo, da Amazon.
A partir daí, a assistente virtual se popularizou de uma forma relâmpago, passando a conviver diariamente com milhões de usuários no mundo todo. Em julho do ano passado, por exemplo, a estimativa é de que existiam mais de 300 milhões de dispositivos habilitados com a Alexa em todo o mundo.
Não é de se estranhar o motivo de tamanho sucesso, visto que, além de realizar as ações tradicionais (como acender luzes ou ligar um dispositivo inteligente), o serviço da Amazon faz ações extras que vão desde imitar um animal ou até o barulho de um “pum” — isso mesmo. 😅
Os recursos da Alexa se tornam praticamente ilimitados (para dentro das possibilidades de uma assistente virtual, é claro) graças às skills, softwares que adicionam novas funções de terceiros à assistente.
Elas são usadas, por exemplo, para ativar o Apple Music, o Spotify ou até mesmo jogos como Show do Milhão ou uma versão em áudio do divertido Akinator. Caso você tenha uma lâmpada ou um dispositivo inteligente, ele também será adicionado como uma skill desenvolvida pelo fabricante.
Google Assistente
Caçula entre as três principais opções do mercado — esse assistente é o único com nome masculino, diga-se —, o Google Assistente foi lançado em 2016 especialmente para integrar o alto-falante inteligente lançado pela empresa naquele ano, o Google Home (atualmente, chamado de Google Nest).
Também integrando o mensageiro Allo nos smartphones Pixel, com o tempo ele foi expandido para smartphones de terceiros — inclusive para outros gêneros de dispositivos. Na época do seu lançamento, foi bastante elogiado por sua grande capacidade de interação com os usuários.
Dentre as opções virtuais do mercado, o Google é reconhecidamente o que consegue mais facilmente responder a sucessivas perguntas ou comandos sem “se perder”, reconhecendo o contexto sem que seja necessário um novo acionamento por parte do usuário — recurso batizado pela empresa de “conversa contínua”.
Em seu “cérebro”, o Google também acumula anos de informações armazenadas nos servidores do maior buscador de sites — o qual certamente é muito útil quando o objetivo é fornecer facilmente alguma informação desejada pelo usuário.
Toda essa informação armazenada também faz do Google Assistente provavelmente o mais preciso dos assistentes pessoais. Não são raros os testes que mostram ele saindo na frente na hora de responder a questionamentos dos usuários.
Funcionamento e disponibilidade
Neste tópico, veremos outras diferenças entre os três frameworks, entenderemos um pouco como se dá o funcionamento de cada um deles e listaremos os dispositivos que são capazes de controlá-los.
HomeKit
Para começo de conversa, precisamos entender que, para o HomeKit funcionar de maneira completa, é necessário um hub — ou seja, um dispositivo da Apple que funcionará como uma central da casa sempre ligada e lhe permitirá controlar os demais dispositivos.
Atualmente, três diferentes categorias de dispositivos podem ser usados com essa finalidade: HomePods, Apple TVs e iPads. Os tablets, vale notar, de forma legada, já que não funcionam mais com a nova arquitetura do aplicativo Casa.
Uma vez que o hub esteja configurado, é possível controlar a casa em praticamente qualquer dispositivo que tenha a Siri e/ou o app Casa, como um iPhone, um Apple Watch e até mesmo um Mac — mesmo que de forma mais limitada.
Como quase tudo o que envolve o mundo Apple, o funcionamento do HomeKit está limitado aos aparelhos da empresa. Isso significa que não é possível instalar o app Casa em um smartphone com Android ou em um PC com Windows, obrigando o usuário a ter ao menos um iPhone/iPad — além do hub — para que toda a configuração funcione de maneira adequada.
Essa limitação também atrapalha o funcionamento do recurso em famílias com dispositivos de múltiplas marcas, visto que somente usuários com aparelhos da Apple conseguirão controlar a casa, sem poder conceder acesso a terceiros que tenham outros aparelhos.
Alexa
Diferentemente da Apple, que conta com todo um ecossistema de produtos e pode limitar o funcionamento de seu framework de casa inteligente a eles, a Amazon conta basicamente com duas linhas de dispositivos próprios para fazer a Alexa funcionar.
A primeira delas é a linha Echo, a qual conta com uma variedade de caixas de som inteligentes que funcionam basicamente via comando de voz, sendo usadas para propósitos como ouvir músicas e, especialmente, para controlar uma casa inteligente.
Também há a linha Fire TV, que conta com dispositivos semelhantes a uma Apple TV — um sistema operacional alternativo para TVs — e que também permite controlar a casa inteligente tanto via comandos de voz (com a Alexa) quanto com comandos visuais.
Continuando na leva da conectividade, a Alexa também tem um aplicativo para dispositivos móveis, o que a coloca um passo além do HomeKit por funcionar tanto no iOS quanto no Android.
As respostas da Alexa também podem ser retiradas de fóruns de respostas — o que pode torná-las não tão confiáveis assim e enganar certos usuários mais desavisados, apesar de a assistente deixar explícito quando isso acontece.
Google Home
Se formos comparar a disponibilidade do Google Home com algum dos sistemas citados anteriormente, certamente seria com a Alexa. Assim como a Amazon, a gigante de Mountain View não se preocupa em deixar o controle do seu framework limitado ao seu ecossistema.
A exemplo da Apple e da Amazon, a melhor forma de controlar os dispositivos conectados ao Google Home é adquirindo um alto-falante inteligente da linha Google Nest, mas o Google Home também funciona via dispositivos móveis — inclusive em iPhones.
Falando em aplicativos, dois softwares são essenciais para o trabalho com o framework. O primeiro é o app Google Home, para configurar, gerenciar e controlar os dispositivos; o segundo é o Google Assistente.
Essa divisão torna o funcionamento do Google Home semelhante ao que temos no HomeKit, com o app Google Home permitindo um controle mais visual/manual e o Google Assistente permitindo usar comandos de voz/interação para realizar as tarefas.
Compatibilidade
Voltaremos a falar sobre os diferentes apps e dispositivos compatíveis com cada framework, mas agora focado na compatibilidade deles — isto é, dispositivos inteligentes de terceiros que podem se conectar a cada um deles.
Logo de início, cabe ressaltar que, como em quase qualquer coisa envolvendo a Apple — tirando a parte de serviços —, a quantidade de dispositivos que suportam o HomeKit é (ainda) bastante limitada em relação aos concorrentes.
Isso é fruto do padrão que domina a indústria até aqui, com os fabricantes de dispositivos tendo que se adaptar às APIs1Application programming interfaces, ou interfaces de programação de aplicações. de diferentes sistemas para que eles sejam suportados. Com baixa demanda, o HomeKit é (de longe) o que menos atrai investimentos de tais fabricantes.
Somente a título de exemplo, recentemente adquiri uma lâmpada inteligente no AliExpress e, na sua versão padrão, ela contava apenas com suporte à Alexa e ao Google Home. Para obter a versão com suporte também ao HomeKit, foi necessário desembolsar alguns dólares a mais.
Para se ter uma ideia, enquanto o HomeKit é compatível com algumas centenas de marcas de dispositivos, o ecossistema Alexa é compatível com até 100 mil dispositivos domésticos inteligentes, um número para lá de superior.
Ainda devemos considerar os locais onde o HomeKit tem uma boa base de usuários. Se analisamos especificamente o mercado brasileiro, a situação é ainda pior, sendo bastante difícil encontrar produtos para o sistema da Apple em lojas de varejo tradicionais.
As lâmpadas mais populares por aqui, fabricadas pela Positivo, só se conectam com a Alexa e o Google Home. Na Amazon, só achamos opções para o framework da Maçã com compras internacionais ou em produtos vendidos por marketplaces.
O mesmo acontece com o Google Home, que fica numa posição intermediária entre os sistemas da Amazon e da Apple. Apesar de também não ser tão popular aqui no Brasil como a Alexa, nos Estados Unidos o framework da gigante de Mountain View é bastante utilizado.
Porém, se hoje em dia há um problema relacionado a compatibilidade, caminhamos na direção dela um mundo onde os mesmos dispositivos funcionarão tanto com o Google Home quanto com a Alexa e o HomeKit.
Uma novidade muito bem-vinda!
Isso, graças ao padrão Matter, cujo objetivo é reduzir justamente a fragmentação e permitir a interoperabilidade entre dispositivos inteligentes nas mais diferentes plataformas — o que não acontece hoje em dia.
Anunciado em 2019 e tendo começado a ser implementado em 2022, o Matter é uma parceria de grandes empresas do setor — o que inclui Apple, Amazon, Google, Samsung, Huawei e Schneider, por exemplo.
Com o objetivo de simplificar o desenvolvimento de marcas e fabricantes de produtos domésticos inteligentes — e aumentar a compatibilidade de produtos —, o padrão tem como base o Protocolo de Internet (IP) para evitar o uso de múltiplos hubs.
Com isso, ao adquirir um produto com o selo Matter, é possível se conectar a sistemas de casa inteligente das mais variadas empresas que aderiram ao padrão — deixando no passado o critério compatibilidade na hora de investir em um.
Isso facilita tanto na hora de comprar seus dispositivos quanto em casos de troca de sistema de casa inteligente, visto que até agora muitas vezes é necessário adquirir novos produtos ao trocar a Alexa pelo HomeKit, por exemplo.
Dispositivos e aplicativos
Já mencionamos superficialmente as formas de controlar os dispositivos integrados aos frameworks, mas detalharemos alguns deles e explicaremos brevemente como se dá o funcionamento de cada um.
Reprodutores de mídia inteligentes
Considerada a principal categoria de dispositivo para controlar casas conectadas nos três ecossistemas, os reprodutores de mídia inteligentes funcionam basicamente atendendo a comandos pela assistente virtual correspondente.
Eles servem para funções como reproduzir músicas, controlar dispositivos (lâmpadas, termostatos, tomadas, etc.), definir alarmes/lembretes, além de ditar informações sobre o clima e as atualidades.
HomePod
Com a Siri no comando, a caixa de som da Apple usa um sistema operacional com base no tvOS. O HomePod é basicamente uma caixa em formato quase cilíndrico e uma superfície plana sensível ao toque — onde estão os controles para aumentar e diminuir o volume ou até mesmo acionar a Siri sem usar a voz.
Para ativá-la apenas falando, usuários precisam dizer “Hey Siri” (lembrando que a Siri nos alto-falantes da Apple ainda não fala português), o que pode não ser tão prático como em outros dispositivos e pode sofrer mudanças futuramente.
Como está perfeitamente integrado ao ecossistema da Apple, o dispositivo conta com a tecnologia AirPlay, a qual permite facilmente reproduzir conteúdos do iPhone, do Mac ou do iPad e controlar a execução pelo painel de reprodução destes aparelhos externos.
Com o lançamento da segunda geração do HomePod, neste ano, tanto ele quanto o HomePod mini também usam sensores de temperatura e umidade para criar automações a depender das condições de ambiente — o que possibilita ligar e desligar dispositivos automaticamente.
Os HomePods também podem ser conectados a outro hub inteligente da Apple, a Apple TV, o que os faz funcionar como um home theater cuja execução de conteúdos fica diretamente interligada.
Amazon Echo
Considerado um dispositivo pioneiro quando a finalidade é controlar dispositivos de casa inteligente — pelo menos o primeiro a ser amplamente comercializado com tal objetivo —, o Echo é também a linha mais antiga desta lista.
Lançado em 2015 como um único alto-falante, ele logo ganhou dispositivos “irmãos” para formar uma linha, a qual tem como membro mais famoso e popular o Echo Dot, (uma versão menor que o dispositivo original intermediário, que por sua vez é menor que o Echo Studio — alto-falante maior focado em áudio).
Ao contrário da Apple, no entanto, a Amazon conta também com um dispositivo que oferece uma interface de usuário, o Echo Show — o qual tem uma tela capaz de exibir não somente a hora, como também informações pesquisadas pela Alexa.
A maior diferença dos dispositivos Echo, no entanto, é a capacidade deles de executar as já mencionadas skills, que expandem e muito as possibilidades com o dispositivo.
Se seu objetivo é diversão, certamente os dispositivos Echo lhe atenderão melhor que as duas concorrentes, visto que as funções “extras” da Alexa são facilmente executadas no alto-falante e acabam, de certa forma, dando um ar mais “humanizado” ao produto.
Google Nest
Completando nossa lista, falemos da linha dos alto-falantes inteligentes do Google, a qual se integra ao ecossistema Google Home e é usada para controlar, por voz, os dispositivos conectados ao framework via Google Assistente.
Anteriormente chamada de Google Home, a linha foi lançada em novembro de 2016 e até hoje já foram lançados nada menos que sete modelos diferentes — alguns deles descontinuados, outros em plena disponibilidade e fabricação por parte da empresa.
Há o modelo Nest Audio (que foca em qualidade sonora) e também o Nest Mini, o qual desempenha o mesmo papel do Echo Dot e do HomePod mini para atender um público de entrada e se preocupa menos com amplitude sonora.
Assim como a Amazon, o Google também tem modelos focados em vídeo (os da linha Nest Hub), que são capazes de exibir imagens do Google Fotos, vídeos ou músicas pelo YouTube e — obviamente, controlar a casa conectada.
Integrados ao Google Assistente, esses aparelhos se ligam perfeitamente à conta e ao smartphone do usuário — o que, nesse ponto, os coloca mais em semelhança com a Apple, visto que a Amazon não conta com um smartphone como hardware principal.
TV
Todos os sistemas contam com opções para controle da casa inteligente a partir de TVs. Vamos conferir os principais?!
Apple TV
Novamente começando com a Maçã, a Apple TV é a única maneira oficial de controlar dispositivos inteligentes a partir de uma televisão no ecossistema da Maçã — isso se eliminarmos situações óbvias, como espelhamento de tela, etc.
Integrado ao HomeKit, a set-top box é uma espécie de extensão do iPhone, ficando atrelada a um cômodo em específico e, como já mencionado, podendo ser emparelhada a um HomePod e reproduzir o áudio por ele.
Conectado à TV por um cabo HDMI, o dispositivo amplia a quantidade de aplicativos presentes nativamente nos sistemas operacionais originais e inclui um controle remoto com a Siri como sua base de funcionamento.
É com ele, inclusive, que você pode pedir para a assistente virtual da empresa controlar seus dispositivos integrados ao HomeKit. Basta segurar o botão de microfone e a ação será realizada, com um popup a confirmando na tela.
Embora algumas TVs contem com suporte ao HomeKit, não se engane: ela tem compatibilidade apenas na direção oposta, de modo que a TV funciona como um dispositivo que pode ser controlado por outros aparelhos, e não o contrário.
Fire Stick e TVs com Alexa
A Amazon é mais “democrática” no que se refere às opções de controle de casa inteligente, já que ela conta tanto com um dispositivo semelhante à Apple TV quanto com uma integração com sistemas operacionais nativos.
Comecemos falando do Fire Stick, o qual — ao contrário da set-top box da Apple — é um stick (espécie de pendrive). Ele tem a mesma finalidade da Apple TV (servir como uma espécie de sistema operacional alternativo para TVs), mas também funciona como um controlador para casa inteligente.
Isso é possível graças à sua integração com a Alexa, a qual permite realizar comandos de voz via controle ou pela parte visual — isso desde que a Amazon adicionou um Smart Home Dashboard ao dispositivo.
Mas a Amazon vai além em sua presença no mercado de dispositivos inteligentes, visto que existem inúmeras televisões contam com a Alexa integrada — aquelas com o famoso selo “Alexa Built-In”.
Isso permite que o usuário possa controlar dispositivos integrados à sua conta com um simples comando de voz usando o botão da sua própria TV — eliminando a necessidade de comprar um dispositivo extra para isso.
TVs com Google Assistente
Embora o Google tenha um dispositivo de stream de vídeo, o Chromecast, ele não funciona de forma semelhante à Apple TV ou ao Fire Stick. Pelo menos no que se refere ao controle de casa inteligente, já que seu foco principal é o espelhamento de conteúdos de outros dispositivos e a adição de apps ao sistema da TV.
Caso você ache que encontrará um aplicativo Google Home nativamente nesses sistemas, também pode ir tirando o cavalinho da chuva. Ele pode até ser instalado, mas via APK — basicamente o mesmo dos aparelhos Android, o que torna a experiência de uso nada prática e agradável.
Porém, assim como a Amazon, o Google permite controlar dispositivos de casa inteligente por meio de TVs que contam com o Google Assistente integrado — especialmente as TVs com Android TV mais recentes, as quais contam em seus controles remotos com um botão dedicado ao assistente virtual da empresa.
Aplicativos móveis
Embora os dispositivos mais usados para controlar a casa inteligente sejam as caixas de som dos respectivos sistemas, o centro de tudo são os aplicativos — os quais incluem e configuram, inclusive, esses smart speakers.
Vamos conhecer um pouco mais sobre os apps dos três serviços?
Casa (Home)
Centro do HomeKit, o aplicativo Casa foi reformulado recentemente, mas sua essência é a mesma de antes. Ele serve basicamente como um software para adicionar, gerenciar e visualizar seus dispositivos inteligentes.
Para termos uma ideia da sua importância, é por ele que configuramos e emparelhamos o próprio HomePod. Na prática, isso significa que você não pode ter uma caixa de som inteligente da Apple sem contar com um dispositivo da empresa com o app instalado.
O aplicativo conta com uma interface bem organizada, a qual apresenta categorias como “Clima”, “Luzes” e “Segurança” na parte superior, bem como um espaço para visualizar até quatro câmeras de segurança em tempo real.
Há três abas principais no aplicativo, sendo que a mais importante é a guia “Casa”, que exibe os cômodos/acessórios favoritos e os atalhos para reproduzir em tempo real conteúdos executados na Apple TV ou no HomePod. Além dela, há também as guias “Automação” e “Descubra”.
Se, por um lado, existe o impedimento de donos de aparelhos Android e de PCs com Windows adentrarem no universo do HomeKit, por outro o app Casa acaba sendo bastante democrático no que se refere aos tipos de dispositivos que o suportam.
É possível usá-lo tanto em sistemas operacionais para móveis (como o iOS, o iPadOS e o watchOS), quanto no macOS — o que permite que você controle a casa sem trocar de aparelho caso esteja no computador e não tenha um HomePod.
Amazon Alexa
A primeira coisa que podemos falar sobre o app da Amazon é que ele é bem mais completo do que o Apple Casa — algo que poderíamos classificar como um “superapp”. Ele funciona como uma central para a smart home e também é a casa da Alexa como assistente virtual.
Isso tem um motivo: enquanto a Apple e o Google contam com alguns serviços fora do app e integrados aos seus ecossistemas, a Amazon não dispõe de um hardware proprietário e entende que manter mais de um app para o seu sistema de automação não seria nada prático.
O aplicativo conta com cinco abas principais, incluindo a “Tela inicial” (que mostra atalhos, resumos de atividades e dicas), a “Comunicação” (que permite ligar ou enviar mensagens para contatos Alexa ou para um dispositivo Echo) e a “Reproduzir” — essa última permite reproduzir músicas, livros e podcasts diretamente do app e controlar o que está sendo reproduzido no Echo ou no Fire Stick.
A mais importante delas é a aba “Dispositivos”, que permite adicionar, gerenciar ou excluir dispositivos através das skills que mencionamos acima. Por fim, há também uma aba chamada “Mais”, que conta com alguns atalhos e também com as configurações.
A Alexa, por sua vez, nada mais é que um botão que flutua em absolutamente todos os locais do app — inclusive nas configurações. Ao acioná-la, o usuário pode usar a voz ou passar comandos digitando no teclado.
Quando o assunto é disponibilidade, o Amazon Alexa para dispositivos móveis é compatível tanto com iOS quanto com Android. Nos desktops, ela conta com um aplicativo para Windows e pode vir até mesmo integrada logo de fábrica a alguns notebooks com o sistema da Microsoft.
É possível controlá-la também via navegador — uma opção para donos de Macs —, mas a Amazon já deixou claro que o aplicativo terá suas funcionalidades — que já são poucas — reduzidas gradualmente.
Google Home
Como o Google tem um sistema operacional bastante popular e se permite instalar seus aplicativos previamente, a empresa segue a mesma estratégia da Apple de manter dois aplicativos separados.
Dessa forma, o app não conta com o Google Assistente — o que pode dificultar a vida de quem é dono de iPhone, visto que há a necessidade de instalar dois aplicativos caso queira desfrutar de uma experiência completa de controle de casa inteligente (com interface e voz).
O Google Home é o lugar onde os usuários podem configurar dispositivos da linha Nest e Chromecasts, bem como os aparelhos da casa inteligente (como lâmpadas, luzes, câmeras, TVs e outros produtos compatíveis).
Assim como nos outros dois apps supracitados, o Google Home está dividido por abas. A guia “Casa” mostra os dispositivos inteligentes configurados, bem como uma série de ações rápidas para dar ao usuário um controle geral de toda a sua casa; já a guia “Feed” mostra lembretes e alertas sobre atividades importantes dos dispositivos.
Embora sejam apenas duas as abas, no Google Home elas concentram mais informações que as guias dos apps concorrentes — além de também existir o painel de configurações, o qual é disponibilizado quando o usuário toca na sua foto.
Falando em Google Assistente, ele parece um aplicativo tão usual quanto o Google Home — inclusive, com a possibilidade de adicionar algum dispositivo à casa inteligente diretamente por ele.
É um aplicativo que conta com toda uma interface gráfica — o que permite acessá-lo e “comandá-lo” a qualquer momento, mesmo sem usar a voz.
É uma abordagem bem diferente da que tem a Siri, a qual se comporta da mesma forma como se estivéssemos controlando-a de um HomePod, apenas por áudio — embora ela forneça muitas informações visuais de maneira “não solicitada” em seções como Sugestões da Siri.
Prós e contras
Feita a nossa análise, vamos recapitular um pouco quais são os pontos positivos e negativos de cada um dos três sistemas?
HomeKit
Com o HomeKit, você ganhará toda a integração que o sistema da Apple pode oferecer, a qual é cada vez maior à medida que você tem mais dispositivos da empresa — com a capacidade de controlar dispositivos inteligentes a partir de diferentes plataformas (TV, relógio inteligente e computador).
Por outro lado, todas essas vantagens estão estritamente limitadas a hardwares da própria Apple. Não é possível usar o sistema em smartphones com Android, computadores com Windows e nem mesmo com TVs que não estejam exibindo o tvOS.
O número inferior de dispositivos inteligentes compatíveis também é um problema — embora a expectativa é que deixe de ser futuramente com a iminente popularização de dispositivos com suporte ao padrão Matter.
O preço e a disponibilidade também jogam contra, visto que praticamente todos os produtos os quais citamos são consideravelmente mais caros que os produtos concorrentes — o que, de certa forma, os torna menos populares. Mas também é outra coisa que deverá melhorar com o Matter.
Alexa
Fora do ecossistema da Apple, considero — particularmente — a Alexa o mais completo entre os sistemas inteligentes de automação residencial. Isso graças à sua grande versatilidade e disponibilidade em diferentes sistemas operacionais e tipos de dispositivos.
É possível usar a Alexa tanto no iOS quanto no Android, e ela também está disponível em um grande número de dispositivos em relação ao Google Home — que não pode ser configurado em computadores, por exemplo.
Ao permitir o controle através de computadores com Windows, a Alexa acaba atendendo a uma parcela de usuários que combina o uso de um iPhone e um PC. Embora a Apple venha se voltando ao Windows nos últimos anos, controlar o seu sistema de automação residencial por um computador que não seja o da Maçã ainda não é possível. Por outro lado, o mesmo acontece caso você tenha um Mac e pretenda usar a Alexa (o que não é possível).
Dessa forma, o que pode ser uma vantagem para a Alexa quando um usuário só conta com um iPhone, acaba virando uma desvantagem quando ele está bastante inserido no ecossistema da Maçã. Caso tenha uma Apple TV, por exemplo, somente o HomeKit está acessível a ele, de modo que usar a Alexa na TV, apenas com um switch entre o sistema operacional da Apple e o software nativo da fabricante.
A menor precisão da Alexa em pesquisas e a sua falta de integração com algum grande sistema operacional também pode jogar contra, bem como seu jeito mais “cool” — que pode não agradar uma pequena parcela de usuários.
Google Home
Assim como a Apple, o Google tem como uma de suas grandes vantagens o fato de ser o responsável por um sistema operacional bastante popular — como é o caso do Android. Ao contrário da Apple, no entanto, a empresa não fica presa ao seu próprio ecossistema e conta também com seu assistente virtual no SO da maior concorrente.
Isso permite que o sistema seja utilizado tanto por donos de smartphones com Android quanto por donos de iPhones — os dois sistemas operacionais em um mundo cada vez mais aberto aos smartphones e que cada vez mais restringe computadores ao mercado profissional.
Mas ao mesmo tempo em que estar nos dois sistemas operacionais é uma vantagem, o Google vai por um caminho oposto radical quando falamos em outros dispositivos. Estar nos celulares é uma vantagem, mas o foco de uma central da casa geralmente são dispositivos fixos.
O Google conta praticamente apenas com os alto-falantes, visualizadores Google Nest e alguns modelos de TVs com o Google Assistente integrado. Nesse ponto, os dois outros sistemas são mais versáteis, já que contam não apenas com alto-falantes e dispositivos móveis, mas também com controle por sistemas de TVs.
E se a falta de um app para macOS foi apontada como uma deficiência para a Alexa, aqui ela é ainda maior, visto que o Google não é nada aberto ao lançamento de aplicativos para desktop. Geralmente os serviços da empresa podem ser acessados via web, mas com o Google Home nem isso é possível.
O outro grande ponto positivo para o Google Home e que não está tão diretamente ligado ao tema casa inteligente é o seu “poder de fogo” quando falamos em pesquisa, sendo ele amplamente reconhecido por suas respostas mais precisas que as dadas pelos concorrentes.
Conclusão
Não há dúvidas de que as assistentes pessoais e os sistemas de automação residencial já fazem mais do que parte do nosso dia a dia, de modo que é até mesmo impossível ignorá-los quando falamos em tecnologia.
Eles evoluíram bastante na última década e a tendência é que se tornem mais fáceis de usar, mais acessíveis e até mesmo mais interoperáveis em relação aos outros.
Embora somente a prática possa oferecer uma resposta adequada para o questionamento sobre em qual ecossistema investir, espero que as informações desta publicação tenham lhe ajudado na hora de tomar a sua decisão.
Certamente, você deverá ganhar e perder determinadas coisas ao optar por qualquer um deles e, como sempre, deverá priorizar e balancear as vantagens e desvantagens para entender o que é mais e menos importante para você.
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Notas de rodapé
- 1Application programming interfaces, ou interfaces de programação de aplicações.