Com a disponibilização da função de conta poupança (Apple Savings) neste mês, a Maçã deu mais um passo na evolução dos seus recursos financeiros. Esse crescimento vem assustando até mesmo grandes empresas do ramo, que veem o potencial que a gigante de Cupertino tem de “roubar” fatias desse setor com uma maior participação.
De acordo com uma reportagem do Financial Times, foi isso o que atraiu o Goldman Sachs — que viabiliza a poupança e o Apple Card — para a parceria com a Maçã. A empresa usou a possibilidade de acesso à sua ampla base de usuários e os baixos custos de distribuição para convencer o banco a desenvolver um produto diretamente para o consumidor, que é o Apple Card.
A relação entre as duas, porém, apresenta algumas divergências, as quais demonstram as diferenças de visões entre as empresas. Por exemplo, diante da intenção da Maçã em anunciar o Apple Card como “o cartão mais seguro já lançado”, o Goldman Sachs opôs-se à ideia, dizendo que usar a expressão “o mais” (“the most”) abre margem para processos.
De todo modo, o tamanho da Apple e seu grande número de informações sobre o comportamento dos usuários são fontes de apreensão por parte de concorrentes da área financeira. A receita da companhia apenas com serviços (US$55 bilhões) foi maior do que as receitas dos bancos JP Morgan Chase e Citi, em 2022.
Um executivo do JP Morgan, por exemplo, disse já considerar a Apple “um banco”, devido ao fato de a empresa lidar com transações financeiras, além de destacar o poder da companhia em matéria de dados sobre os clientes. Um analista, por sua vez, afirmou que ela será vista da mesma maneira que os bancos supracitados nos próximos cinco a dez anos.
Um recurso que tem grande potencial de mexer com o mercado de pagamentos é o Tap to Pay, que permite receber pagamentos pelo iPhone. No futuro, por exemplo, a Apple poderá criar mecanismos que possibilitem a realização de transações que usem seus sistemas de forma direta, sem a necessidade de intermediários. É possível imaginar como será destacado que esses recursos são mais avançados e atualizados que os dos bancos tradicionais.
A Maçã com certeza tem planos para o futuro nesse sentido, levando em conta as vagas abertas pela empresa na área de pagamentos, além de aquisições como a da Credit Kudos e a construção de uma infraestrutura financeira própria para gerenciar o Apple Pay Later. A ideia da empresa, ao que parece, é ganhar mais expertise no setor, aliando-a ao seu grande trunfo, que são os dados de comportamento dos usuários.
Esse movimento, porém, já está preocupando órgãos reguladores. Com o grande aumento no número de usuários do Apple Pay (de 10% dos donos de iPhones em 2016 para 75% em 2022), além dos outros recursos, instituições em países como o Reino Unido já estão conduzindo investigações de modo a identificar possíveis ações de concorrência desleal/monopólio.
Só nos resta aguardar para ver se um dia entraremos em uma agência receberemos o salário numa conta da Apple! 😅
via 9to5Mac